A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro Dois

Capítulo 25

Caroline não conseguia dormir, simplesmente não conseguia. Isso era compreensível tendo em vista todas as emoções daquela noite, na verdade devido a todas as emoções de todo o tempo que estava alí, mas com certeza os eventos daquela noite a marcaram. Ela nunca havia cantado, todavia, há algumas horas atrás ela subiu num palco e cantou, juntamente com Erick, ele também havia cantado e tocado guitarra. A música saiu perfeita na voz dos dois, mas o momento que Caroline mais relembrava foi o momento do beijo deles, o primeiro beijo, deles como casal e dela mesmo. Antes daquilo, ela teve missões em que teve de seduzir seus alvos, mas assim que conseguia uma oportunidade de ficarem a sós, ela os eliminava, as coisas nunca passaram daquilo: primeiro contato, isolação, eliminação.

Mas com Erick tudo havia sido diferente, primeiro porque ele nunca foi um alvo, segundo porque com ele as coisas foram além do primeiro contato e com certeza não haveria isolação ou eliminação. Caroline não só ocupava a mente dela com aqueles pensamentos românticos. Todas noites que ela esteve no apartamento de Erick, quando ia dormir, ela revivia seu lapso de memória, aquilo parecia ser um constante lembrete de quê ela não podia ficar só alí tendo momentos de diversão e alguns levemente românticos com Erick. Ela tinha que voltar para a realidade, a sua realidade. Tinha de descobrir mais sobre os experimentos que foram feitos nela, o que eles haviam feito com ela para que não se lembrasse e tinha de descobrir onde era o real QG de sua organização. Entretanto, ela não queria ir, não queria deixar Erick. Ela sentia tanta coisa, um turbilhão de pensamentos, dúvidas,sentimentos os quais nunca experimentou, tanta coisa que o silêncio do quarto parecia que iria lhe deixar louca. Caroline se levantou da cama e decidiu ir até a sala, ver Erick, talvez até lhe confidenciar tudo o que pensava, sentia e duvidava.

Ela saiu do quarto, sem fazer nenhum ruído, passou pelo corredor do banheiro e chegou até a sala silenciosamente. Para a sua surpresa, Erick estava acordado, olhando a janela, de costas para ela.

— Está indo embora ? - ele perguntou, sua voz tinha algo de diferente, meio triste

— Não, não é isso - Caroline respondeu - eu queria te ver

— Vem cá - ele disse e se virou para ela

Caroline foi até ele, ela o abraçou e aí percebeu que ele estava sem camisa.

— Você não estava conseguindo dormir, não é ? - ele perguntou

— Exatamente, tanta coisa na minha cabeça. Tantas dúvidas… - Caroline dizia

— Eu te entendo. Me diga o que te aflige - ele disse  olhando em seus olhos verdes

— Eu quero continuar aqui, mas eu também não posso… - Caroline dizia, mas sua voz falhou

— Esquecer de todo o resto - ele completou

—Sim. Eu sei que você tem problemas com o seu passado, mas eu preciso achar o meu, não é mais uma questão de achar a minha família. Minha amnésia, meu lapso de memória, meu trabalho como agente, está tudo ligado, eu só preciso descobrir como - ela disse

— Eu entendo, eu por outro lado tenho que impedir a construção da arma satélite e acabar com esse jogo de comadre entre União Soviética e Estados Unidos, fora isso ainda tenho terminar a pesquisa científica que estou fazendo. Talvez ela possa salvar vidas - Erick disse

Caroline se afastou um pouco,mas sem sair do abraço dele e disse:

— E o que faremos…

— Sobre nós ? - ele completou a pergunta e ela assentiu - Eu não planejo desistir de nós

— Nem eu, mas e se eles descobrirem ?

— Então nossa missão é fazer com que eles não descubram - ele disse sorrindo com o canto direto da boca e fazendo aquela expressão facial levemente convencida. Ela gostava daquilo