Capítulo 13

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Ivan ou senhor I como achar melhor chamá-lo estava sentado no seu sofá que ficava em frente à uma pequena mesa de centro, na qual estavam uma garrafa recém aberta de uísque e um copo pela metade. Ivan folheava o arquivo das cobaias C que havia pego do esconderijo em seu escritório enquanto fumava um charuto. Era graças a aquilo que ele teve de largar as apostas de lado e sair correndo de volta para o escritório. No final das contas o escritório estava do mesmo jeito que ele havia deixado, mas quando sistema de segurança secretos, apresentam supostos defeitos, os quais não deveriam, era óbvio que não podiam ser simples coincidências. A pergunta que pairava em sua mente era : "Quem poderia ter feito isso ?"

Lógico que Ivan tinha Caroline como principal suspeita, ela a única com ousadia o suficiente para invadir e fuçar o seu escritório. "Maldita interrupção na operação" Ivan pensou, pois se não fosse aquilo Caroline seria a soldado perfeita, forte,inteligente, leal e principalmente : altamente manipulável, ela seria tão boa quanto o "Super Soldado" americano, na verdade, ela seria melhor, entretanto não era assim que a vida funcionava. Graças a interrupção nos experimentos feitos com ela, Caroline havia adquirido um lapso de memória de uma parte da operação, justamente o momento da interrupção e desde então não havia ninguém que pudesse fazer com que ela desistisse de achar seu passado.

Enquanto ela continuasse na direção errada, não havia problema em ela continuar procurando, como vinha sendo o caso há sete anos,todavia Caroline não era mais uma garota de 14 anos que podia ser facilmente enganada e manipulada. Ela era agora uma mulher e estava cada vez mais difícil de engana-la. Não só isso, também estava ficando difícil administrar toda a organização, não deixar que certos agentes se encontrem, fazer parecer com que cada sede deles ficassem parecidas com um quartel general e reunir todas as coisas que eram necessárias para a construção da arma satélite. Enquanto pensava nessas questões o olhar de Ivan fixou-se numa moldura que continha uma fotografia, a qual estava numa mobília da sala. A fotografia mostrava o avô de Ivan, o pai de Ivan e o próprio Ivan, com seus cinco anos de idade.

Ivan se levantou, pegou a moldura e encarou o rosto do avô enquanto pensava em voz alta :

- Ah , vô Wildfried ! O que o senhor faria no meu lugar ?

"Wildfried" era o sobrenome do avô de Ivan, mas ele sempre se referiu ao avô como "vô Wildfried". Ivan cresceu ouvindo histórias de como seu avô foi um homem incrível, corajoso, um homem que impunha respeito. Desde os cinco anos de idade que Ivan não via seu avô, na última vez que o vira, tiraram aquela foto. Demorou um tempo, mas Ivan descobriu que o "trabalho na América" era uma missão da organização secreta que o avô fazia parte e havia crescido na hierarquia. Faziam 57 anos que o avô havia falecido e ainda assim o "vô Wildfried" ainda deixara mistérios como : "Quem foi o seu assassino ?" Ivan até tentou procurar alguns anos antes, mas desistiu e focou no trabalho que tinha a sua frente. Seu avô tinha o objetivo de tornar a Alemanha a pátria grandiosa, a pátria suprema e etc. Ivan, entretanto, não compartilhava dessa vião nacionalista. Talvez fosse porque ele era russo ou simplesmente não ligava para coisas supérfluas como o patriotismo.

Ivan pensava além da visão patriota do avô. Ele pensava em, não em tornar uma nação grandiosa, mas sim ele próprio se tornar grandioso. "Ivan Romnoff Wildfried, o homem que mudou a história do mundo por possuir a mais destrutiva arma já feita" esse era o pensamento de Ivan, ter seu nome imortalizado na história, escrito em ruas da Rússia e se tornar alguém cuja imagem vai inspirar gerações inteiras. Mas é claro que para isso, ele teria que terminar o projeto e graças às intromissões do tal "agente mascarado" que Caroline tanto dizia a ele, isso estava demorando mais do que o esperado. No meio de todo esse devaneio, Ivan não percebeu que havia passado a noite toda em claro. Somente quando os primeiros raios de sol entraram pelas frestas da janela que ele percebeu quando tempo havia ficado imerso em seus pensamentos, seu charuto já havia terminado e estava até frio. Desse modo, Ivan se levantou, guardou o arquivo, guardou a garrafa de uísque, terminou o conteúdo que ainda no copo e por fim saiu para mais um dia de trabalho.

Chegando no "QG", Ivan foi direito para o seu escritório. Ele havia sido o primeiro a chegar. Lógico que Caroline já estava lá dentro quando ele entrou, ela vivia alí. Ele logo pediu para que ela comparecesse em seu escritório e a agente não tardou em atender o pedido. Ivan percebia que Caroline estava meio distante, menos presa à realidade da vida de agente. Ela não demonstrava sinais disso, mas ele e ela trabalham juntos a muito mais tempo do que Caroline se lembra, então Ivan sabia ler a agente como um livro, por enquanto, já que antes ele sabia determinar as causas de qualquer comportamento dela que lhe parecessem estranhas.

- Sente-se - ele começou

- Algum problema ? - ela respondeu friamente

- Quero conversar com você - ele respondeu e Caroline sentou na poltrona

- Soube que passou na ala médica ontem, o que houve ? - Ivan perguntou

- Um confronto com o agente mascarado, nada demais. Na verdade o ferimento já havia sido completamente curado quando cheguei, só fui checar mesmo. A propósito, o agente mascarado é conhecido como "agente X" - Caroline disse

- Excelente, vou pedir a Cid que invada a maior quantidade de sistemas possíveis para sabermos mais sobre ele - Ivan disse verdadeiramente contente - Como o agente te achou ?

- Não sei, posso afirmar que não fui seguida, eu perceberia. Só notei a presença dele quando ele ficou me observando escondido. O que me leva a crer que ele já estava no cemitério quando eu cheguei - Caroline disse

- Interessante, mas não foi por isso que eu te pedi para vir aqui - Ivan disse e esperou pela pergunta

- Então foi pelo que ? - Caroline perguntou

- Acho que esses encontros com esse tal de agente X estão tirando o seu foco. Quero que tire alguns dias folga, relembre nossos valores, nosso objetivo aqui e volte pronta para a próxima missão. Fique no hotel de sua escolha, mas não quero ver você aqui. - Ivan disse

- Acha que eu não estou dando conta do recado ? - Caroline disse e cravou os seus belos e incomuns olhos em Ivan, quase dava para sentir a raiva dentro deles

Ivan não estava mentindo, não totalmente. Ele realmente estava preocupado com o rendimento de Caroline nas missões desde que aquele tal de agente X havia aparecido, mas a ordem específica e direta para ela se manter longe do "QG" era apenas para testar suas suspeitas. Ivan iria ativar as câmeras escondidas presentes em toda a instalação, se alguém ou Caroline tentasse invadir o lugar, aquelas câmeras iria gravar tudo. A conversa entre Caroline e Ivan não continuou por muito mais tempo, a agente saiu do escritório visivelmente chateada.

A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora