"Caroline" esse era o nome dela, realmente um nome bonito, porém ela disse aquele nome como se não tivesse certeza disso, o que me fazia duvidar da veracidade da informação. Enfim, haviam algumas semanas que não nos encontrávamos, quer nas missões, quer nas ruas. Admito que não seria ruim encontrar Caroline novamente, mas enquanto isso não acontecia, ocupava minha atenção com outras coisas, por exemplo, quando retornei da missão na Noruega, relatei ao major Bones o que Victor teorizava e como eu já esperava, ele estava certo. Cid enviou uma lista das informações que Caroline havia conseguiu e então comparamos com as informações que eu tinha. De fato, as informações eram complementares e listavam materiais necessários para a construção de um satélite que iria concentrar a luz solar como uma espécie de raio laser, só que em larga escala e imenso poder destrutivo. Tentei convencer Cid a apagar as informações que Caroline havia roubado, mas ele disse que era muito arriscado, ele já estava “andando na corda bamba” como ele mesmo disse. Não quis o porquê da situação dele.
Além disso ainda havia a questão das propriedades revitalizadoras da Fonte da Juventude. Victor estava fazendo os mesmos testes e pesquisas que eu já havia feito. Segundo ele, eu poderia ter deixado algo escapar. Apesar de discordar, deixei que ele refizesse meus passos, quem sabe não achasse mesmo algo que eu não tivesse visto antes. Eu também continuava pesquisando, durante alguns experimentos percebi uma peculiaridade : as cobaias que recebiam certa dosagem de água da Fonte da Juventude tinham suas características físicas renovadas e melhoradas, mas não importava a dosagem, elas sempre voltavam ao estado original, sempre, sem nenhuma exceção ou quase, pois já faziam 57 anos que eu havia bebido e me banhado nas águas da Fonte da Juventude e não haviam sinais de desgaste, eu precisava saber o porquê. Já havia testado com os mais variados tipos de cobaias : ratos, papagaios, peixes e até macacos, mas sempre com os mesmos resultados.
Deixando isso de lado, eu havia tirado aquele dia para visitar um velho amigo, numa velha cidade. Me aproximei do seu túmulo e comecei a falar :
— Olá, velhote. Já faz um tempo, não é ? Foi como eu disse a Silverstoon “vida corrida”, eu ainda continou na mesma, sabe ? Ainda não passei sua mensagem para … Trevor - suspirei - na verdade, eu nunca mais o vi, não sei se o verei de novo…
Nesse momento eu ouvi outra voz perto de onde eu estava e a voz era familiar, por isso resolvi seguí-la, depois de alguns passos eu tomei cobertura atrás de uma lápide e observei pelo canto. Havia uma mulher em frente ao túmulo. Ouvindo melhor sua voz, percebi que se tratava de Caroline, ela dizia :
— Eu não aguento mais essa picuinha de ficar indo atrás do meu passado e quando estou prestes a achar algum traço seu, isso é, supondo que você realmente seja minha mãe, ele ser simplesmente tirado de mim - ela suspirou - mudando um pouco de assunto, eu conheci um cara legal algumas semanas atrás, ele é alto, moreno, bonito e estranhamente familiar, seria interessante encontrá-lo de novo.
Era bom saber que havia causado uma boa primeira impressão como Erick, mas ela ainda era uma inimiga e sem saber estava contribuindo para a aproximação de uma nova guerra. Tinha de detê-la, por isso, vesti a minha máscara que estava guardada no bolso do meu sobretudo, saquei uma de minhas pistolas, saí de onde estava já com a arma apontada para a direção de Caroline, mas ela não estava lá. Olhei ao redor, ela tinha sumido, mas não guardei a pistola, tinha certeza de que ela ainda estava alí. Percebi uma presença atrás de mim, virei já com a arma apontada para o rosto da pessoa. Não era ninguém menos que Caroline, ela também estava com uma pistola apontada para mim. Seu rosto belo tinha uma expressão séria e rancorosa, seus olhos verdes, cor de radiação mostravam a raiva dela e sua linguagem corporal dizia que estava pronta para um combate.
— Acha mesmo que eu não perceberia que estava sendo observada ? - ela lançou a pegunta
— Se eu quisesse te matar, não teria escutado sua pequena confissão. - respondi
— Como me encontrou ? Cid lhe deu minha localização ? - ela perguntou
— Não lhe interessa. Você está me causando problemas, renda-se e acabamos com isso numa boa - eu disse
Ela riu, uma risada desdenhosa, mas que ainda assim conseguia ser agradável de se ouvir e então respondeu :
— Não vai ser tão fácil assim
— Nunca gostei de coisas fáceis - respondi e atirei
Disparei três tiros, um em direção ao coração e outros dois na direção dos ombros. Caroline rapidamente atirou nas balas afim de se proteger e eu aproveitei essa distração para tentar acerta uma voadora nela, mas ela se jogou e rolou para a esquerda, desviando do meu ataque. Eu logo avancei e tentei lhe aceitar mais dois chutes, todavia ela foi rápida o suficiente para desviar de um e bloquear o outro, segurando meu pé em seguida
— Parece que alguém aqui tem excelentes reflexos - eu provoquei
Ela me empurrou e tentou uma sequência de ataques misturando socos e chutes, eu desviei de dois dos três socos e bloqueei o resto dos ataques.
— Parece que eu não sou a única com bons reflexos - ela respondeu
Caroline se afastou dando duas cambalhotas para trás, subiu numa lápide, pulou de maneira que ficou às minhas costas, apidamente virei tentando acertar um gancho nela, mas ela se abaixou, desferiu quatro socos no meu abdômen, se afastou e me acertou um chute frontal no tórax me fazendo cambalear em direção a uma lápide atrás de mim.
— Ou talvez eu seja - ela disse
A lápide na qual eu estava apoiado tinha uma estátua de um anjo feita de concreto em cima, a escultura era um pouco mais alta que eu. Então dei uma cotovelada nós pés do anjo, quebrando-os, enquanto a estátua caía eu a arremessei com força na direção de Caroline que surpreendentemente quebrou a estátua ao meio com um soco. “ela é forte, muito forte. Além de mim, só há uma outra pessoa com tanta força” eu pensava enquanto quebrava com um soco uma das metades da estátua que Caroline jogou em mim. Continuamos trocando tiros, golpes e algumas palavras por mais algum tempo, entretanto parecia que nenhum de nós iria vencer aquela disputa e novamente, até então, só havia uma pessoa que conseguía se equiparar a mim num combate.
Em determinado momento da nossa luta, Caroline tentou me acertar um chute no rosto, mas eu recuei fazendo com que ela errasse o golpe, eu tentei acertar um soco nela, mas ela pulou por cima de mim e começou a correr para longe. Imediatamente me virei, já com minha pistola em mão e atirei em sua panturrilha esquerda, fazendo ela cair. Estava me aproximando quando ela virou e arremessou uma faca na direção, facilmente desviei da trajetória da lâmina, apontei a arma para a cabeça de Caroline e disse :
— Não achou que isso realmente fosse me acertar, não é ?
— Eu não estava mirando diretamente em você - ela respondeu sorrindo traiçoeiramente
Então eu ouvi o som da faca ricocheteando em algum lugar, quando virei meu rosto na direção do som a lâmina passou fazendo um belo e levemente profundo corte na minha bochecha esquerda e indo parar perto de Caroline. O ferimento leve até sangrou um pouco. Fazia muito tempo que algo ou alguém havia conseguido me ferir a ponto de sagrar. Eu virei lentamente meu rosto na direção de Caroline com mão esquerda escondendo o local do corte, já podia sentir o ferimento se curando, mas não queria que ela soubesse dessa capacidade adquirida após o contato com a água da Fonte da Juventude.
— Quem é você ? - ela perguntou
— Normalmente eu apenas diria o meu bordão e atiraria na sua cabeça, mas você é diferente. É uma das únicas pessoas que conseguem se equiparar a mim num combate. Você realmente fez por merecer sua vida - eu respondi guardando minha pistola e saindo
— Ainda não respondeu minha pergunta - ela disse, nesse momento eu estava poucos passos atrás dela
— Pode me chamar de “agente X” - eu respondi
— Caroline - ela disse
— É um belo nome - respondi saindo do cemitério
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A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro Dois
RomanceEu queria esquecer meu passado, ela, achar o seu. Será que temos chance de construir um futuro juntos ? Só lendo para descobrir ...