Caroline havia chegado no QG. A viagem foi um pouco longa, mas ela conseguiu descansar no avião. Assim que entrou logo procurou por Cid e o encontrou na sala de computação. O outro agente se virou quando ouviu o barulho da porta. Não tinha mudado nada, só aparentava estar um pouco mais cansado, mas isso foi substituído pela surpresa ao vê-la
— Oi - ele disse ainda espantado
— Oi - ela respondeu - você parece cansado
— Sim, o senhor I tem descontado a frustração por perder uma agente no resto do pessoal - Cid respondeu coçando os olhos por debaixo dos olhos
— Ele seguiu o procedimento padrão, certo ? - ela perguntou enquanto se aproximava
— Sim - Cid respondeu
— E como foi o discurso do meu funeral ? - ela perguntou
— Foi legal - ele dizia
— Você chorou ? - ela perguntou sorrindo
— Sabia que você não estava morta - ele respondeu com um sorriso também
— Que bom - ela respondeu - descobriu algo sobre as coisas que eu te pedi antes de sumir ?
— Você deveria ir logo falar com o senhor I, gostaria de poder ir para casa e ter mais do que apenas cinco horas de sono - ele disse
— Eu vou, mas o que descobriu ? - ela disse
— Indícios de que o verdadeiro quartel general talvez nem seja nesse país. Além de ter talvez ter achado um lugar onde eram feitas experiências secretas e … - Cid dizia, mas foi interrompido
— Experiências secretas ? - Caroline disse
— Sim, eu tive algumas missões de campo e tive que viajar para alguns lugares, vasculhando os sistemas a procura de pistas sobre o real quartel general, achei registros da segunda guerra que mostravam a localização de alguns laboratórios, alguns deles continuaram ativos bem depois disso - o hacker explicou
— Ótimo, quando eu voltar do escritório do senhor I, vou querer essas informações além de te passar algumas novas tarefas - Caroline disse e ia saindo
— Ei, o que aconteceu com você ? - Cid perguntou
— Por que a pergunta ? - Caroline retrucou
— Você parece mais feliz - ele respondeu
— Impressão sua - Caroline disse
— Não mesmo e se eu percebi isso, o senhor I também vai perceber - o hacker disse e voltou a se concertar no computador
— Obrigada, vou mudar isso - ela disse e saiu da sala
No caminho para o escritório de Ivan, Caroline ia inspirando e expirando afim de controlar suas emoções e não as deixar perceptíveis ao seu chefe. Ela também ia repassando novamente a história que contaria. Caroline parou em frente a porta do escritório, havia uma pequena placa pendurada ao lado da porta, dizia “escritório do senhor I”. Ela respirou fundo e bateu na porta.
— Entre - o senhor I disse
Ela entrou, seu chefe estava olhando alguns papeis, quando a viu não pode esconder o espanto que tomou conta do seu rosto
— Estou de volta - ela disse com o mesmo tom de voz que usava antes de conhecer Erick, mas agora ela sentia dificuldade em mantê-lo
— C4… sente-se - Ivan disse ainda perplexo - Vamos lá, o que aconteceu?
Caroline se acomodou numa das poltronas da sala. Ela olhava fixamente para Ivan, esperou um pouco e então disse:
— Nossas suspeitas estavam certas. O prédio era um esconderijo de informações. Enquanto estava lá, encontrei o agente X, nós lutamos, mas como aquilo não era o foco da minha missão eu tentei escapar usando o helicóptero. Estava quase subindo nele quando o maldito o derrubou, eu lembro de ter ouvido sons de tiros, daí o helicóptero rodopiou e me jogou em um dos andares.
— Parece que você não tem muita sorte com helicópteros - o senhor disse sorrindo levemente - prossiga
— O prédio começou a desabar, mas eu consegui escapar. Todavia, estava ferida e não consegui ir muito longe, invadi um apartamento que pensei estar abandonado, mas logo descobri que não estava. O dono do lugar era um velho chamado Marvin Petterson, ele deixou que eu ficasse em sua casa até me recuperar, o velho cuidou de alguns ferimentos meus. Assim que estava recuperada, voltei - Caroline finalizou
— Nenhum outro motivo para sua demora? - o senhor I indagou
Nesse momento ela percorreu sua memória, se lembrou do que Erick teria de dizer ao seu chefe e então disse:
— Suspeitava que o agente X estava à minha procura, resolvi esperar um pouco antes de voltar -ela disse por fim
Ivan escutou atentamente cada palavra que Caroline havia dito e também havia prestado atenção na linguagem corporal da agente para ver se aquilo iria dizer mais do que as palavras dela. Como isso não aconteceu, ele disse:
— Eu vou dar início ao seu processo de reativação, por enquanto está dispensada
Ela saiu da sala. Ivan iria chegar pessoalmente se realmente havia alguém chamado “Marvin Petterson” na tal cidade de Saint Peter Bay e iria ver se ele realmente tinha algum apartamento em seu nome. Ele não iria pedir a Cid porque após o episódio da intoxicação por cianeto, ele suspeitava que o hacker podia ter desenvolvido uma lealdade para com Caroline e não queria que ela por algum acaso soubesse que ele estava investigando a veracidade das informações dela. Ainda assim, era bom para Ivan ter ela de volta, ela era uma agente única, não podia ser perdida por aí.
Caroline voltou e encontrou Cid se preparando para ir embora. Ela disse que eles precisavam conversar e se ofereceu para acompanhá-lo até a sua casa. Estava nevando lá fora, ela havia pego um casaco no seu armário e no caminho ela começou a dizer:
— Me conte o que descobriu sobre os laboratórios secretos
— Todos eles são da segunda guerra, dos nazistas. Sabe-se lá como, os nazistas conseguiram construir laboratórios aqui na Rússia, algum tempo depois da segunda guerra o governo descobriu esses laboratórios e os utilizou durante certo tempo. Pelos registros que encontrei o último laboratório foi desativado alguns meses antes sua primeira missão - Cid dizia
— Eu preciso ir até lá - Caroline dizia
— E eu preciso dormir - Cid dizia
— Estou falando sério - Caroline repreendeu - também preciso que você rastreie sinais parecidos com os presentes nessa pistola - ela entregou a pistola que Erick havia deixado com ela
— Por que? - o hacker perguntou
— Sem perguntas por enquanto, só faça isso - ela disse - eu contarei aos poucos
- Tá certo - ele respondeu - é aqui, obrigado
— Não precisa agradecer, boa noite - ela disse
— Boa noite - Cid respondeu enquanto Caroline se afastava - Você realmente está diferente! - ele gritou mas não sabia se ela tinha escutado.
Ela escutou e sorriu ao ouvir. “Erick, isso é culpa sua” ela pensava enquanto voltava para o QG. Tá aí uma coisa que ela sentiria falta, dormir no quarto de Erick, também sentiria falta de acordar com ele já acordado na sala, ela sentiria falta de muita coisa, mas agora não era hora para aquilo.
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A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro Dois
RomanceEu queria esquecer meu passado, ela, achar o seu. Será que temos chance de construir um futuro juntos ? Só lendo para descobrir ...