Capítulo 17

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Eu entrei no meu antigo apartamento localizado em Saint Petter Bay. Aquela não era a primeira vez que voltava lá, depois da primeira guerra mundial, eu voltei para tentar retomar minha vida, mas a culpa pela mortes dos meus amigos e de terceiros me fez abandonar o local. Só fui voltar àquele apartamento alguns anos antes da segunda guerra mundial e depois do início daquele conflito eu nunca mais tinha voltado lá. Apesar de empoeirado, o apartamento estava organizado, arrumado, eu segui em direção à cozinha. Anos antes, quando estava tentando retomar minha vida além de comprar alguns produtos novos, comprei também o apartamento ao lado do meu e o integrei ao meu, mas aquele segundo imóvel eu modifiquei para ser um tipo de sala secreta. A entrada era pela cozinha, perto da geladeira, mas era necessário acionar um mecanismo de pressão, bastavam apertar um azulejo que ficava num pequeno espaço entre a parede e o fundo da geladeira. Eu fiquei em frente a parede,decidindo se iria apertar o azulejo, mas ,como naquele compartimento haviam “troféus” que pertenciam ao meu passado ,resolvi não entrar na sala secreta e em vez disso decidi pegar materiais para limpar todo o apartamento.

Quando terminei de fazer a limpeza, a tarde estava caindo, pelo relógio de parede faltavam cinco minutos para às seis. Eu estava sujo e suado após a faxina, então resolvi tomar um banho e apesar de não morar mais alí, ainda mantinha o pagamento das contas em dia, era assim com todos os meus esconderijos. Eu já estava completamente vestido com meu traje padrão para missões, só faltava colocar a máscara e colocar minhas pistolas nos coldres, esses três itens estavam na mesa de centro em frente ao sofá que por sua vez, ficava em frente ao hack da televisão, enquanto eu mesmo estava sentado no sofá ponderando sobre minha missão.
“matar Caroline, essa é a missão, mas será que consigo ? O que eu estou pensando ? Claro que consigo, ela é só…” não pude terminar o pensamento, pois simplesmente não sabia o que Caroline significava para mim, pois eu tinha visto a Caroline agente e a Caroline “comum” e francamente, as duas se complementavam me causando… alguma coisa, algum sentimento que ainda não sabia definir qual era. Parei com os devaneios quando vi que eram 18:10, coloquei minha máscara, guardei as pistolas e saí a caminho do edifício Sunshine.

Assim como o major Bones disse, não havia segurança sendo assim muito fácil entrar no prédio, contrastando com a última vez que tive que invadir aquele lugar. O térreo do prédio era uma recepção, no centro dela (que era também o centro exato do andar e consequentemente do prédio) havia um monumento de tamanho médio feito de ferro: uma espada fincada no chão com uma mascara amassada na parte esquerda do rosto pendurada no cabo. Na base do monumento estava inscrito:“Em memória do nosso herói” haviam dois erros naquele monumento, primeiro, eu tinha certeza de que o lugar onde eu originalmente deixei a espada fincada e a mascara pendurada, não correspondia ao centro do edifício e segundo, eu não era um herói, nunca fui, não vinha descendo do céu com uma capa vermelha e um símbolo de esperança no peito, eu era apenas um jovem tolo que achava ser capaz de trazer paz ao mundo, agora eu era apenas velho tolo, pois ainda levava comigo essa fagulha de esperança: trazer paz para esse mundo cheio de problemas.

Parei de olhar o monumento e fui para o elevador que havia na recepção. Como eu já esperava o elevador só ia até o 12° andar, entretanto apertei o botão mesmo assim, as portas fecharam e o elevador subiu. Enquanto o elevador subia, eu decidir ir até o topo pelo vão do elevador, supondo que houvesse e por sorte ou por erro de planejamento, havia. Saí do elevador pela pequena janela que ficava no teto, olhando para cima vi que havia alguns lugares que poderia usar um arpéu que havia trazido, assim eu cheguei ao 16° e último andar do edifício Sunshine, forcei a abertura das portas para elevador e entrei no andar. Além da janela panorâmica no final do andar, haviam vários compartimentos com dados sobre diversos assuntos, alguns chamavam a atenção como “Expedições: El dorado; Shambala”, “Assassinatos secretos”, “S.H.I.E.L.D” e outros, passei direto por esses compartimentos e fui para um que estava nomeado “arma satélite”, aquele era o local onde eu deveria deixar as informações que tinha. Subitamente as luzes se apagaram e sabia o que aquilo queria dizer, lembrava da primeira vez que havíamos nos encontrado, começou com aquilo.

Me virei rapidamente já com a pistola em mãos e apontada para Caroline e nos instante seguinte as luzes ascenderam, ela estava com o mesmo traje que usava quando nos vimos pela primeira vez, assim como eu.

— Olha só, um Déjà Vu  - ela disse sorrindo

— Bem parecido com a primeira vez que nos vimos - eu disse

—  Pois é, mas agora sou eu quem está atrás das informações, passe agora - ela disse, séria dessa vez

Eu teria que matá-la, então entregar ou não as informações era irrelevante naquele momento, por isso eu entreguei.

— Muito obrigada, você é cavalheiro agente X - ela disse e atirou

Eu percebi que ela iria fazer isso e desviei do disparo, mas Caroline começou a correr, coisa que também fiz e eu já podia ouvir o som do helicóptero se aproximando. Caroline estava na frente e pulou, quebrando o vidro, em direção a uma corda vinda do helicóptero. Nesse momento eu já estava com a segunda pistola na mão e mirava nela. Era tão fácil, tão rápido, só apertar o gatilho, então por que eu não conseguia ? Flashbacks da noite de descontração na Noruega passaram pela minha mente, logo seguidos de lembranças de nossa cooperação mútua para sair da prisão, nossa luta mais recente no cemitério. Eu estava hesitando, não queria atirar nela, mas missão era missão.

O helicóptero não estava de frente para mim, mas sim de lado. A cabine do piloto e a cauda estavam em extremidades opostas e Caroline subindo pela corda no meio. Eu poderia atirar com um pistola no piloto e com a outra no rotor da cauda, o que derrubaria o helicóptero e mataria Caroline,mas tinha que agir logo, pois a aeronave se afastava e Caroline tinha terminando de escalar a corda, estava pendurada na borda do helicóptero, pronta para subir. Era agora ou nunca, atirei na cabeça do piloto e no rotor da cauda, o helicóptero rodopiou enquanto caía em direção ao edifício e isso lançou Caroline com força direto para o 9° andar, quebrando a janela com as costa enquando o helicóptero caiu e bateu no 12° andar.  Eu não esperava por aquilo, calculei mal a distância, achei que o helicóptero cairia no chão, talvez ainda tivesse chance de Caroline estar viva. Me apressei em ir ao vão do elevador e pulei nele caindo em cima do próprio, não o usaria para chegar ao nono andar pois ele era muito lento, quando chegasse poderia ser tarde demais. Atirei nos cabos que seguravam o elevador e nós caímos, cheguei ao 9°andar em três segundos, enquanto caia eu rapidamente abri as porta para o elevador do nono andar e entrei nele deixando o elevador cair sozinho, o estrondo que fez quando chegou no térreo foi bem alto, eu rapidamente fui até Caroline, ela havia sido jogada para aquele andar pela janela e havia batido  nos compartimentos que acabaram caindo em cima dela, eu logos os tirei e pude vê-la, tinha pequenos cortes em várias partes dos seus braços, alguns cortes tinham ainda estilhaços de vidro, na parte direita da testa havia um ferimento que sangrava.

Chequei o pulso cardíaco,estava fraco,não muito, mas naquela situação podia indicar algo mais grave, entretanto o que importava é que ela estava viva. Nunca me senti tão aliviado, mas precisava sair dalí rápido. O major Bones disse que até o 12° andar do prédio, a estrutura era frágil e eu havia derrubado um helicóptero naquele andar e o elevador chegou ao térreo com uma força de impacto absurda. Mal havia concluído o pensamento de quê precisava sair do edifício e escutei o som de uma explosão acima de mim, era o helicóptero. Como se não bastasse, estava ouvindo o som dos outros andares rachando e sentia o chão balançar levemente abaixo de mim. O impacto e as vibrações geradas pela queda do elevador devem ter sido suficientes para que a estrutura do térreo rachasse e estivesse balançando, prestes a cair, associado a isso teve a explosão do helicóptero no 12° andar que enfraqueceu as estruturas acima de mim, o prédio estava desabando. “Inacreditável uma coisa dessa” foi o que eu pensei enquanto corria com Caroline desacordada nas minhas costas para a janela e ouvia os outros andares acima de mim desabando e sentia o prédio todo indo para frente me jogando para a abertura da janela quebrada.

Fui jogado para fora, Caroline saiu das minhas costas enquando eu estava no ar, entretanto consegui pegar seu braço direito com minha mão esquerda e com a outra usei o arpéu para irmos até um prédio próximo. Fiquei pendurado daquele jeito alguns segundos até conseguir com uma única mão subir pela corda do arpéu até o topo do prédio onde estávamos e deitei Caroline ali. O ferimento na testa ainda sangrava e o pulso não havia normalizado, não havia um hospital perto, mas na mala que eu trouxe quando voltei para cá havia algumas doses da água da Fonte da Juventude, aquilo poderia funcionar, tinha que funcionar.

A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora