Dor e ódio, essas eram as únicas coisas que Caroline sentia durante aqueles dias. Ela havia acordado acorrentada a uma parede e havia sido eletrocutada como parte de uma “terapia” para apagar suas memórias. Caroline, entretanto, tinha uma determinação de ferro. Ivan ia visitá-la para tentar quebrar a mente de Caroline, fazê-la ceder.
— Qual o seu nome? - ele perguntava
— Caroline - ela dizia com ódio
— Errado - Ivan respondia e uma nova descarga elétrica percorria o corpo de Caroline - você não tem nome. Sua identificação é C4R0L1N3
— Eu sou Caroline. Nada vai mudar isso - ela respondeu ainda com mais ódio
— Errado - Ivan replicou, apertou um botão e mais uma vez Caroline foi eletrocutada - A quem você serve?
— A ninguém, eu sou livre para escolher - ela retrucou
— Errado, você pertence a mim. Você é uma ferramenta para *minha* vontade! - Ivan disse enquanto apertava um botão e fazia Caroline ser eletrocutada mais uma vez
— Mentira, eu pertenço a mim - ela replicou
Ivan riu, saiu e voltou com alguns relatórios de missões anteriores da agente. Ele os jogou numa mesa que havia ali dentro da cela onde Caroline era torturada. Ele disse:
— Está vendo isso? São missões que você realizou para mim. Olhe as datas
Caroline obedeceu, as missões eram de um ano antes dos registros de sua primeira missão. Todas aquelas as missões foram missões de eliminação. Acidentes forjados, incêndios duvidosos, latrocínios e outras coisas mais. Caroline não lembrava de nada daquilo, ela leu rapidamente os relatórios e não se envergava nas palavras que ela mesma havia escrito na época.
— Você é um monstro - ela disse
— Eu? - Ivan disse e gargalhou - não fui eu quem determinou os métodos para que as missões fossem cumpridas. Eu posso ser muitas coisas, mas não um monstro, você é
Após dizer essas palavras Ivan saiu e deixou Caroline sozinha. Aquilo era mais uma tática para fazer a agente ceder e tornar a reprogramação mais fácil, entretanto, Ivan estava dizendo a verdade quando falou que o jeito como os alvos deviam ser eliminados ficou a critério de Caroline. A cela de Caroline não permitia que ela distinguisse se era dia ou noite. Ela não sabia que já havia anoitecido quando Ivan a deixou só. Aquela sessão de tratamento de choque havia sido cansativa, mas o sono era algo que era negado a Caroline, caso dela adormecesse seria acordado tendo sua cabeça mergulhada num barril com água. Infelizmente aquilo já havia acontecido uma vez e agora ela lutava contra o cansaço.
Enquanto isso, Erick ainda estava no bote no meio do oceano, o qual ele descobriu ser o Oceano Índico. Ele havia chegado a essa conclusão usando as estelas para se orientar, assim como os antigos navegantes. Erick decidiu remar na direção que a fumaça preta do avião indicava o local de sua queda. Ele encontrou alguns destroços do avião, os quais ele conseguiu juntar com a corda do mecanismos de disparo do sobretudo e improvisar uma âncora para que o barco não ficasse a deriva. Erick também usou essa corda para improvisar uma linha de pesca e usando uma pequena parte dos suprimentos que tinha consigo ele fez uma isca. Ele não ia pescar naquela hora, em vez disso olhou para o céu estrelado, fazia anos desde que vira tantas estrelas assim. Aquele céu noturno o fez recordar as noites na ilha onde ele nasceu e viveu. Poucas horas antes do sol nascer Erick decidiu tentar a sorte na pescaria e jogou a linha. Durante a espera, ele decidiu pensar em quais recursos ele tinha a sua disposição e como faria para encontrar Caroline uma vez em terra firme.
“Eu tenho três pistolas,uma escopeta de curto alcance e uma faca que eu esqueci que eu tinha deixado comigo. Duas pistolas estão completamente carregadas e a escopeta também. Uma opção é tentar usar essas armas para fazer barulho, tentar chamar a atenção de barcos próximos. Não, essa não é uma boa ideia, não tenho certeza se alguém sequer ouviria os disparos, estaria gastando munição. Eu vou pensar em algo mais tarde, agora, como farei para achar Caroline? Ela ainda está com a minha pistola, seja lá onde ela está, muito provavelmente levou a arma consigo. Se eu estiver em terra firme, posso tentar rastrear” Erick pensava e nesse tempo, alguma coisa se prendeu no anzol. Ele rapidamente puxou e viu que era um peixe até que de bom tamanho. “acho que vou ter que aprender a gostar de sushi” ele pensou enquanto pegava a faca para preparar o peixe.
Após esse episódios levou dois dias para Ivan descobrir o que havia acontecido com o avião. Apesar de irritado, ele preferiu usar isso para atormentar Caroline. Ele foi até a cela onde ela estava, a agente estava um pouco pálida, resultado de passar alguns dias sem comer e tendo o mímico acesso a água. Ivan entrou na cela e disse:
— O agente X está morto
Caroline voltou sua atenção para ele, foi impossível esconder o espanto e a tristeza em seu olhar, mas ela rapidamente virou seu rosto e disse de maneira ríspida:
— Mentiroso
Ivan já suspeitava que Caroline estivesse envolvida romanticamente com alguém e pela reação da agente às suas palavras, Ivan agora tinha não só a certeza disso como também descobriu quem era essa pessoa. Ele disse:
— Eu acabei de receber a informação de que o avião que o estava transportando caiu em algum lugar do oceano.
— Mentira! - ela retrucou e Ivan apertou o botão novamente, eletrocutando Caroline
— Abaixe seu tom de voz. Seu namoradinho não vai te salvar - ele disse
— Tem razão - ela replicou enquanto arfava - ele não vai me salvar, eu vou sair daqui e vou te matar com minhas próprias mãos
Ivan apertou o botão mais uma vez, manteve o botão pressionado por alguns segundos que pareciam intermináveis para Caroline.
— Vai mesmo fazer isso minha cara? - Ivan retrucou
— Vou, seu cabeça de bagre desgraçado! - ela disse cheia de ódio
Ivan não gostou nem um pouco daquilo. Primeiro, porque mostrava que o processo de reprogramação estava falhando e Caroline estava começando a se tornar mais forte mentalmente. Segundo, porque ele realmente se irritou com a conduta dela e por isso ele apertou e pressionou o botão por dois longos minutos. Quando parou era possível ver um pouco de fumaça saindo de Caroline, mas ela ainda teve forças para dizer:
— Eu vou te matar por isso, por Cid e pelo meu passado. Antes de te matar eu vou fazer você me dizer tudo o que eu quero
— Só por isso eu vou fazer Cid sofrer mais antes de matá-lo, por sua culpa ele vai ser espancado até que eu dizer chega - Ivan replicou e saiu da cela
Caroline estava sentindo dor, mas as experiências feitas com ela, misturadas com a água da fonte da juventude que Erick havia aplicado de maneira intravenosa nela fez que em pouco tempo as dores diminuíssem. Caroline pensou nas palavras de Ivan quanto a Cid. Ela não podia deixá-lo morrer, não ia, mas precisava planejar em como iria sair dalí. Inevitavelmente seus pensamentos foram até Erick, ela estava preocupada se realmente podia acreditar nas palavras de Ivan, ela se recusava a acreditar, mas a parte racional do seu cérebro fazia as conexões procurando validar as coisas ditas por Ivan.
Enquanto Caroline pensava em Erick, ele também pensava nela. Ele continuava a avançar na direção do avião na esperança de que houvesse algum barco verificando a situação. Nem Erick, nem Caroline iriam desistir, aquela não era um opção
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A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro Dois
RomanceEu queria esquecer meu passado, ela, achar o seu. Será que temos chance de construir um futuro juntos ? Só lendo para descobrir ...