Ivan estava olhando os relatórios das missões de Caroline. Seu desempenho nas missões havia melhorado novamente, voltando ao topo. Isso o fez reconsiderar a possibilidade de apagar as memórias dela e fazê-la voltar ao que era quando tinha seus 14 anos. Por outro lado, havia coisas que o faziam manter essa opção entre uma das possíveis. Caroline estava querendo e insistindo bastante em ter seu próprio apartamento, isso porque após ele descobrir sobre suas compras nos Estados Unidos, Ivan bloqueou a conta bancária dela. Essa medida a deixou furiosa, tanto que após a quinta vez que ela pediu que ele liberasse a sua conta bancária, ela simplesmente entrou em seu escritório chutando a porta, coisa que o fez se levantar, irritado e gritar com ela.
Ivan mal havia gritado quando Caroline se aproximou rapidamente, puxou uma pistola e pressionou contra o pescoço de Ivan. Ela disse:
— Eu não estou de brincadeira
Ivan rapidamente pensou em usar o plano de contingência para situações como aquela, mas tão rápido quanto a ideia veio, foi embora. Ivan, entretanto, preferiu usar uma medida de segurança, mas teria que criar a oportunidade para isso. Ele pigarreou e disse:
— Você sempre viveu aqui e nunca reclamou, agora está com essa história. Por que?
— Porque desde que me lembro, eu tenho cumprido minhas missões, todas elas, recebo meu pagamento por isso e com ele eu faço o que eu quiser e eu quero ter meu espaço - ela mentiu, na verdade não mentira, mas não quer dizer que aquilo era toda a verdade
— Você foi para a América sem minha permissão, gastou dinheiro com roupas, as quais eu nunca vi e agora quer um apartamento? Conte uma história melhor - Ivan respondeu
— Não tem história melhor - ela retrucou apertando mais a boca da arma no pescoço dele
— Agente C4, você é um recurso valioso, uma ferramenta única. Por que eu deveria te deixar por aí sem supervisão? - Ivan dizia
Caroline destravou a arma e pressionou o gatilho, mais um pouco e a arma iria disparar. Percebendo isso, Ivan viu que aquela era a melhor oportunidade que teria de utilizar a medida de segurança. Ele disse:
— Você não vai fazer isso, vai minha cara?
Aquelas duas últimas palavras ativavam uma região no cérebro de Caroline que suprimia sua vontade. Seja qual fosse a pergunta, ela iria negar e nos próximos minutos estaria mais suscetível à sugestões. Assim que ouviu as palavra-chaves, Caroline piscou três vezes e respondeu:
— Não senhor
— Então seria melhor guardar isso - Ivan disse olhando para a arma
Caroline fez como sugerido e Ivan continou a falar:
— Bom, você tem razão quanto ao que disse sobre as missões e seu salário. Posso reconsiderar minha posição, desde que haja câmeras nele
— Negativo - Caroline disse negando com a cabeça - nada de câmeras, escuras ou qualquer outro sistema de vigilância. Quero um local para chamar se meu
“A vontade dela está mais forte, acho que isso é o melhor que consiguirei” Ivan pensou e disse:
— Tudo bem, considere o apartamento como uma forma de agradecimento à todos os anos que você dedicou para essa agencia. Só espero ser convidado para a festa de inauguração do seu lar
Caroline deu um pequeno sorriso e saiu da sala. Após isso Ivan começou a ponderar sobre os recentes acontecimentos. Devido a sua experiência com mulheres e seu tempo trabalhando com Caroline, Ivan sabia que só existiam três razões para a atitude que a agente havia tido e todas elas estavam ligadas ao coração da agente. A primeira razão era o ódio. Carolina podia estar cheia de ódio no coração e queria o apartamento para conduzir uma caçada secreta afim de matar determinada pessoa. Essa não era uma hipótese tão distante da realidade, ela era levemente agressiva, como o relatório de sua missão na prisão revela. Naquela missão ela quase matou o engenheiro francês, sendo impedida pêlo agente X o que ocasionou a fuga do alvo, além disso os incidentes com Cid também provam isso. A segunda razão era que o coração de Caroline podia estar completamente vazio, suas ações foram inteiramente racionais. Ela queria o apartamento e após sucessivas falhas, percebeu que uma abordagem mais incisiva teria grandes chances de trazer os resultados esperados. Toda a carreira de Caroline provava que ela podia agir de maneira altamente racional e calculista no intuito de atingir seus objetivos.
A terceira e última opção era que o coração de Caroline estaria cheio de amor. Isto significa que o apartamento seria para encontros românticos, os quais iam de encontro com o propósito para o qual ela foi criada. Ivan não tinha ideia se Caroline podia de fato amar alguém, pois ele somente conhecia a "agente C4R0L1N3", ele não sabia nada sobre a mulher, a pessoa “Caroline”, associado a isso não havia nenhuma prova que apoiasse essa hipótese, mas a falta de provas é por si só uma prova. As pessoas mostram quem são ou como são o tempo todo, seja por suas conversas, suas ações ou sua linguagem corporal. Se você não sabe algo de uma pessoa, especialmente se você tem convivência com ela, muito provavelmente a pessoa não quer mostrar esse algo. Com base nisso Ivan reconsiderava a possibilidade de apagar a mente de Caroline. Todavia, ele tinha coisas mais importantes para se preocupar, algum tempo atrás uma das base secretas existentes, para ser mais preciso, a que transformou Caroline na agente que ela era havia sido descoberta e invadida. A equipe governamental mandada para verificar foi morta, as balas batem com a que Caroline trouxe após um confronto com o agente X no qual ela disse que ele atirou em sua panturrilha. “Como esse desgraçado chegou tão perto?” Ivan se perguntava. Achar a base não é algo que se faz por acaso, o agente X teria que estar investigando há algum tempo e ele iria precisar de informações sobre as bases, informações que só poderiam ser conseguidas por alguém de dentro.
Ivan tinha duas suspeitas sobre quem seria esse traidor. Caroline e Cid, não é necessário dizer o porquê dele suspeitar da melhor agente que tinha. Cid, era a pessoa que mais tinha acesso às informações da agência, abaixo apenas do próprio Ivan, além disso ele também era um hacker profissional e estava ajudando Caroline a achar seu passado. Ivan suspeitava que na verdade, Cid enganava a agente e passava as verdadeiras informações para o agente X. Se isso fosse verdade, o hacker também poderia ter entregue informações sobre a arma satélite, o passaporte de Ivan para a história. Ivan, entretanto, teria que ter cuidado, pois se quem quer que fosse o traidor, Cid ou Caroline, este não podia sonhar estar sendo procurado, pois isso traria consequências nada bonitas. Ivan teria que esperar, esperar por uma oportunidade de ouro.
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A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro Dois
RomanceEu queria esquecer meu passado, ela, achar o seu. Será que temos chance de construir um futuro juntos ? Só lendo para descobrir ...