Capítulo 8

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Após a fuga da prisão, da luta na praia contra a agente misteriosa e de voar por algumas horas até chegar nos Estados Unidos, eu fui para um dos meus esconderijos, tomei um banho e troquei de roupas, voltando ao meu estilo tradicional: calças sarja militares, botas militares de couro, camisa manga longa preta, meu sobretudo e a máscara. Eu tinha três máscaras iguais, então troquei por uma mais limpa, em seguida reportei os resultados da missão ao major Bones, questionei sobre minhas suspeitas de um agente duplo e ele me respondeu que de fato havia um agente duplo, mas ele trabalhava para nós. Eu tive que contar o que havia dito para a agente misteriosa e só não fui despedido porque trouxe o papel dado pelo engenheiro, nesse papel haviam coordenadas que passaram a ser o destino de minhas próximas missões.

Durante o ano que se seguiu , minhas missões foram definidas pelas coordenadas presentes no papel e sempre envolviam se infiltrar em alguma instalação e roubar alguma informação. Eu consegui algumas, a agente misteriosa conseguiu outras, estávamos sempre nos enfrentando. Houve uma missão em que eu tinha que proteger determinado político, um senador que iria fazer um discurso de paz, e ela tinha de executá-lo, a missão foi em Paris e felizmente foi um sucesso para mim. Nós mantínhamos um placar com relação ao sucesso nas missões e até então estávamos empatados. Eu realmente estava curioso sobre ela, em toda minha vida, só havia uma pessoa que tinha conseguido um empate comigo: meu irmão, o qual faziam alguns anos que eu não o via.

Também naquele ano, o agente duplo apareceu no QG, um jovem agente, baixo, magro, usava óculos e cabelo liso. Eu me desculpei pelo transtorno havia causado a ele, mas o jovem agente, que se chamava Cid, apenas riu e disse que tudo bem, ele tinha dado um jeito. Eu logo descobri que Cid trabalhava diretamente com a agente misteriosa e lhe perguntei sobre ela, todavia ele disse que os arquivos e registros dela estavam bloqueados, nem mesmo ele tinha acesso e também riu um pouco logo quando eu terminei de fazer a pergunta sobre a agente, quando eu questionei qual era a graça ele simplesmente disse que não era nada de mais, havia lembrado de alguma piada. Ele era realmente jovem, ingênuo, achava que eu não iria perceber que ele estava mentindo, logo eu que já interroguei tanta gente nessa minha vida, mas eu o deixei pensar que havia me enganado.

Durante as missões naquele ano, 1971, eu tinha avançado um pouco na pesquisa sobre a água da Fonte da Juventude, decompondo a fórmula química da água da fonte e comparando com outras amostras de outros rios do Peru, percebi algumas diferenças entre as fórmulas químicas da água da fonte e dos outros rios. Além do típico H2O e outras substâncias também presentes nas amostras da água de rio, a água da Fonte da Juventude tinha alguns componentes químicos completamente desconhecidos, talvez eu realmente precisasse falar com Victor, ele poderia me ajudar, mas teria que ser em outro momento, pois hoje eu estava novamente indo receber mais uma missão. Entrei na sala de missões e o major Bones estava me esperando, quando entrei na sala e me acomodei, ele falou :

— Bom dia agente X, preparado para sua próxima missão ?

— Se eu dissesse que não, mudaria alguma coisa ? - questionei

— Sim, eu ficaria surpreso - o major Bones respondeu e riu um pouco

— Muito engraçado - respondi de maneira fria

— Que bom que achou - major Bones disse de maneira sarcástica - Falando sério agora, sua próxima missão consiste em invadir uma instalação de segurança na Noruega e roubar a informação lá guardada. Cid alertou para a possibilidade daquele engenheiro estar lá, caso ele esteja tente trazê-lo ,mas essa não é a prioridade da missão.

— Entendido, quando devo partir ? - disse

— Daqui a cinco horas, nesse tempo sugiro que se prepare - o major Bones disse e saiu da sala

Se eu realmente encontrasse o francês naquela missão, iria pôr uma bala no crânio dele. Eu havia tirado aquele miserável daquela maldita prisão e ele me agradece me fazendo rodar o mundo impedindo a agente misteriosa de conseguir informações para a construção de algum tipo de arma, provavelmente. Eu saí da sala de missões e fui verificar meu equipamento, conferir se todas as minhas armas estavam carregadas ,tanto as pistolas quanto as armas do sobretudo, também verifiquei se o mecanismos de ataque do sobretudo estavam funcionando. Eu só iria viajar daqui a cinco horas, era tempo suficiente para fazer uma pequena viagem, visitar uma velha amiga.

Saí do QG, no meio do caminho para o meu esconderijo, tirei a máscara e segui uma pequena viragem para onde minha velha amiga estava: um cemitério. Era uma pena que um outro amigo meu não estava enterrado ali também, iria visitá-lo depois. Cheguei no túmulo dela, havia comprado flores no caminho e as deixei ali em frente ao seu túmulo. Na lápide tinha as seguintes inscrições : Grande repórter, amada filha, irmã, amiga e tia, sentiremos sua falta, além das informações comuns como nome, ano de nascimento e ano de morte. Eles haviam esquecido de colocar na lápide : incrivelmente teimosa, língua afiada e extremamente corajosa, mas estavam certos, eu sentia a falta dela.

— Desculpe não ter vindo aqui antes, vida corrida sabe ? Mas não esqueci de você ou dele. Na verdade, acho que nunca vou esquecer de vocês, mesmo fazendo 57 anos, eu lembro de tudo, cada detalhe, essas lembranças me perseguem até em sonho. Sei que isso não muda nada,mas: me desculpe, eu falhei com você.

— Falando com alguém em especial ? - uma voz feminina perguntou

Era uma voz levemente familiar, jovem, mas eu não estava afim de ficar analisando nada. O fato de ter mais alguém ali me acordou para a realidade e eu queria ir embora, entretanto eu tive a educação de responder:

—  Uma velha amiga, e você ?

— Com minha mãe, pelo menos eu espero que seja - a voz respondeu - bem, já vou indo quem sabe não nos vemos por aí - ela disse e eu ouvi seus passos se afastando

— É ,quem sabe - respondi para o nada e saí

A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora