Capítulo 35

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Mais uma manhã surgia na cidade italiana onde Caroline estava, a sua missão havia sido bem sucedida e para variar, ela ainda tinha tido tempo de se divertir um pouco com Erick. Ele estava muito bonito naquele conjunto cinza, era uma cor que realmente o vestia bem. Agora Caroline estava arrumando suas malas, se preparando para deixar o apartamento do seu parceiro, o qual havia sido morto por Erick, mas ela não se importava muito com isso. O único parceiro com quem ela gostava de trabalhar era Cid, mas aquela missão exigia que ela formasse uma parceira, então ela fez. Agora seu parceiro estava morto e ela estava decidindo se levaria a chave da casa dele consigo ou não. Decidiu levar, quem sabe ela e Erick não quisessem voltar para cá, seria bom ela ter um teto para abrigá-los.

Assim que aprontou tudo, Caroline decidiu que só voltaria pela noite e durante o dia resolveu sair para tentar conhecer o pouco a cidade onde estava. Claro que sempre onde ia pessoas comentavam sobre o “ataque” que havia acontecido ontem. Ela já tinha escutado umas cinco versões diferentes, mas todas tinham duas coisas em comum: a presença de dois sujeitos mascarados e o fato deles terem fugido. Carolina sabia se tratar de Erick e Victor e estava feliz por eles terem conseguido sair do leilão. Eram dez da manhã quando ela resolveu parar num café para tomar algo. Caroline mal havia pego o cardápio quando um garçom veio trazendo uma xícara de chocolate quente.

— Com licença, eu ainda não fiz meu pedido - ela disse ao garçom em sua língua

— Foi uma cortesia daquele senhor alí - o funcionário respondeu apontando para um canto

Caroline olhou na direção apontada pelo homem e viu ninguém menos que Erick. Ele estava com uma camisa de manga curta azul, uma bermuda preta e sorria discretamente para ela. Caroline pegou a xícara de chocolate quente e foi para a mesa em que Erick estava, tomou seu lugar e os dois começaram a conversar.

— Que bom que saiu do leilão ileso - ela começou e tomou um gole da xícara

— É, não foi tão fácil assim, mas eu consegui - ele respondeu, era visível a felicidade dele em vê-la

— Há quanto tempo está me seguindo? - ela perguntou

— Não estou, te encontrar aqui foi uma feliz coincidência - ele respondeu e completou - acho que a vida está tentando nos dizer algo

Ela riu e respondeu:

— Quem sabe, não é? A vida tem um jeito engraçado de mandar mensagens

Dessa vez Erick riu. Tanto ele como ela ansiavam cada vez mais poder desfrutar completamente da companhia um do outro, o tempo que passaram em Saint Petter Bay era um vislumbre do que eles poderiam ter. Uma vida comum, cozinhar e almoçar juntos, sair e se divertir, tudo isso e ainda poderem se entregar completamente um ao outro. Esse tipo de coisa não era possível com o estilo de vida que levavam e a cada momento como aquele, momentos de descontração, eles sentiam que a vida de agente estava saturando, chegando ao limite. Entretanto, nenhum deles estava disposto a abandonar suas cruzadas, ainda não. Eles continuavam conversando.

— Como você está quanto a questão das bases secretas? - Erick perguntou carinhosamente

— Estou bem, obrigada - ela respondeu achando bonito a preocupação dele - eu encontrei outra base

— E aí?  - ele perguntou curioso

Caroline sentiu um arrepio percorrer sua medula, Erick percebeu isso e carinhosamente segurou a sua mão, ele olhou nos olhos dela, aqueles olhos verdes cor de radiação. Erick se sentia extremamente mal e angustiado com a tristeza de Caroline. O episódio em que ela desatou em lágrimas lhe mostrou isso, tendo em vista esse acontecimento e a reação de Caroline antes de responder a pergunta dele, Erick disse:

— Você não precisa fazer isso, por favor

— Obrigada. A única coisa relevante é que eu achei um arquivo de uma das cobaias e ele estava em inglês, isso me fez perceber que os arquivos que estão com o meu chefe também - ela dizia - algo tão óbvio e eu deixei passar, mas pelo menos já é alguma coisa

— O que nos leva a acreditar que o real QG fica em algum país que fale inglês. Isso já elimina muitos lugares, mas ainda assim tem muitos países para procurar - Erick raciocinava

— Chega de falar disso, o que acha de um passeio? - Caroline disse retomando a alegria e devolvendo-a a Erick também

— Por mim tudo bem - ele respondeu e os dois saíram do café, pagaram a conta antes, óbvio

Eles caminharam de mãos dadas pelas ruas da cidade, sentindo o vento no rosto. Eles param numa praça e sentaram num banco. Erick perguntou:

— Quer vez uma coisa interessante?

— Sim - ela respondeu curiosa

Então Erick se levantou, foi até um artista que se apresentava na rua com seu violão e pegou o instrumento emprestado. Então ele veio tocando a introdução de uma música de sua autoria, mas desconhecida para Caroline. Ele começou a cantrar:

— Fica mais um pouquinho, sabe que eu amo tua presença. Prometo não faltar carinho, então por favor repensa

O músico seguia batendo palmas no ritmo e o som começou a atrair os transeuntes. Erick continuava:

— Prometo que será interessante, novo e diferente. Serei seu confidente cada instante que estiver carente.

Enquanto cantava, Erick sorria para Caroline e lhe piscava o olho, fazendo com que ela ficasse sem graça um pouco e também porque algumas pessoas  incentivam que ela fosse até ele. Erick seguia tocando e cantando:

—  Sei que não será só alegria em todos os momentos, mas eu aceitaria conversar sobre sentimentos.

Algumas pessoas começaram a atuar como back vocal e devido a pressão das pessoas Caroline se levantou e foi até ele. Ela se movia no ritmo em que ele tocava, ainda em sua performance Erick continuava:

—  Te quero a toda hora, meu pensamento é só você. Te pergunto agora: e aí pode ser?

Erick finalizou a música alternando as batidas no violão, mas mantendo o acorde. Ele foi aplaudido e alguém jogou uma rosa, a qual ele pegou, se ajoelhou e ofereceu a Caroline, fazendo a moça ficar vermelha e recebendo mais aplausos, acompanhado de assobios e palmas. Erick devolveu o violão do músico que agradeceu. Quando a aglomeração cessou, Caroline disse:

— Você é maluco, como que você me faz uma dessa - ela dizia isso rindo

— O que? Não gostou? - Erick respondia também aos risos

— Foi lindo e eu nunca tinha ouvido essa - ela respondeu

— É nova, compus para você - ele disse parando e abraçando Caroline

— É muito bonita - ela disse se aproximando dos lábios dele

— Eu te amo - ele disse a beijando em seguida

— Eu também te amo - ela disse no meio do beijo

Aquela havia sido a primeira vez que eles realmente disseram aquelas palavras. Sempre havia ficado subentendido, nas entrelinhas. Após terminarem de se beijar, ainda abraçados e de frente um para o outro, Erick disse:

— Não podemos simplesmente fugir, não é?

— Não, mas eu também queria - ela respondeu - eu também tenho medo de algo dar errado, mas não podemos fugir dos nossos problemas

— Eu já perdi gente importante para mim, não posso te perder. Seu chefe é neto do cara que matou aqueles com quem me importava. Eu tenho medo de que um dia você vá para uma missão e  não volte para mim - Erick dizia e Caroline podia sentir o coração dele acelerado

— Você não vai me perder. Nunca, entendeu ? - ela disse carinhosamente olhando nos olhos dele. Os olhos que apesar de comuns a fascinavam

— Entendi - Erick respondeu

Após esse momento singelo, os dois continuaram a caminhar, conversando ,dizendo coisas engraçadas um para o outro e essas coisas de casal apaixonado. Por fim, chegou o momento em que eles tiveram de se despedir e voltar para a sua realidade.

A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora