Caroline estava no extremo norte da Rússia, fazia quinze graus negativos. A agente estava com roupas apropriadas para o clima, mas ela ainda sentia frio. Caminhou mais um pouco até achar a entrada do local que procurava. A porta era pesada e feita de metal. Ela empurrou, entrou e fechou novamente a porta.
— Ok Cid, eu achei e já estou dentro - ela disse
— Beleza, pela planta desse lugar, deve ter uma chave de um gerador a sua esquerda - o hacker respondeu
— Estou vendo - ela respondeu enquanto acionava o mecanismo
Assim que o fez, as lâmpadas foram ligando uma a uma iluminando um corredor que tinha tinha uma porta em seu final. Caroline percorreu o corredor, em suas laterais haviam entradas de escritório, as quais ela verificou armários, gavetas, estantes, mas estava tudo vazio.
— Não há nada aqui Cid - ela disse
— Bem, olhando pela planta do local, só há um caminho - Cid respondeu
— É eu sei, estou olhando para ele - Caroline dizia enquanto abria a porta no fim do corredor
Ela ligou a chave que havia perto da porta e um caminho de escadas foi iluminado, bem como uma área mais abaixo. Enquanto descia as escadas, Caroline notou que havia um símbolo que se repetia no caminho.
— Cid, tem um símbolo aqui de uma caveira com tentáculos. Significa o que?
— É o símbolo de uma organização de origem nazista, Hidra, pelo que eu estou vendo aqui - Cid respondeu
— Como a criatura da mitologia? - ela perguntou
— Sim … - houve o barulho de estática - você… aí? …
— Cid ? Não consigo te ouvir, Cid ? - Caroline dizia, mas o comunicador estava só com o som da estática.
Ela o tirou e guardou no bolso. “parece que sou só eu agora” ela pensava enquanto chegava no fim da escadaria. Ela foi andando e viu que nos lados haviam pequeno quartos. Todos bagunçados, alguns sujos com o que parecia ser sangue já coagulado. Enquanto ela passava olhando pelas janelas dos pequenos quartos, tinha lapsos de memórias. Nos quartos haviam crianças, algumas presas à cama, outras batendo no vidro e o arranhando, outras com a aparência doentia e ainda outra cujo nariz escorria sangue. Após aquelas terríveis memórias ela sentiu uma dor de cabeça forte, tanto que precisou se apoiar em uma parede. “Calma, calma, você consegue” ela disse e suspirou. Ela seguiu adiante e viu que havia três caminhos para seguir, um para a esquerda, outro para a direita e um na frente. Ela escolha o da direita e foi, abriu a porta e se viu em uma espécie de “camarote” cuja vista era de uma sala de treinamento, havia um círculo no centro e mais afastados, uma espécie de circuito de treino. Subitamente ela teve outro lapso de memória, aquele mostrava uma garota lutando contra um soldado que tinha um braço de metal. Na verdade a garota estava apanhando feio para o soldado.
A dor de cabeça voltou novamente quando o lapso de memória acabou. Caroline mais uma vez teve de se apoiar numa parede. Ela respirou fundo e resolveu descer e ir até o círculo, chegando lá teve outro lapso de memória. Agora o soldado estava bem na frente dela e a atacava, enquanto sua mente mostrava aquilo, o corpo de Caroline automaticamente bloqueava o suposto golpe e ela continuou a simular a luta. Sua mente ia revelando mais e mais da luta enquanto seu corpo agia de acordo, bloqueando, esquivando e atacando. Houve um momento em quê ela desferiu uma rasteira e enquanto o soldado caia ela o chutou no peito fazendo ele sair do círculo. Após aquilo ela lembrou de ter ouvido palmas e o lapso findou. Quando estava de volta a si, Caroline percebeu o que tinha acontecido, também percebeu que ainda estava em posição de combate e a desfez. Ela sentou no chão,sua cabeça doía, sua respiração estava pesada, mas ela ainda conseguia raciocinar.
— Eu estive aqui, treinei aqui - ela pensou em voz alta
Caroline levantou e decidiu ver o que havia atrás das outras portas. Vinda da porta da direita, virou a direita novamente e entrou, aquela porta era pesada, também de metal, mas era menos pesada que a porta de entrada. Entrando por ela, Caroline viu: uma mesa de cirurgia com uma lâmpada que era direcionada para que a luz ficasse de modo a cegar o paciente, haviam mesinhas de metal nos lados da mesa de cirurgia. Não é preciso dizer qual lapso de memória aquele cenário desencadeou. Passado isso, ela parou para refletir, ainda havia lacunas a ser preenchidas, mas ela já podia começar a tentar a juntar as peças que tinha.
— Ok, eu fui trazida aqui, antes da minha primeira missão, ao que tudo indica. Aqui era algum tipo de laboratório secreto, eles faziam testes e experimentos em crianças e depois os treinavam. Pela preocupação com o treinamento, as experiências deviam ser para melhoramento físico. O soldado, ele era um experimento também, mas ele era diferente. Foram feitas experiências em mim, eu venci o soldado, o que significa que a experiência em mim foi um sucesso. Talvez aquela primeira área lá atrás ficassem as experiências mal sucedidas… - Caroline pensava
Aquilo já era alguma coisa, mas ainda assim respondia todas as suas perguntas e ainda trazidas novas como: "Quem me trouxe aqui?", “Quem fez isso comigo?”, “Por que eu não me lembro de nada disso?”. Enquanto pensava Caroline foi para a ultima porta que faltava, entrando lá, só havia uma cadeira e um painel à frente desta. Caroline reconheceu a sala como sendo uma sala para terapia de choque, pois haviam fivelas nos braços e pernas da cadeira, além de haver um capacete com com placas metálica dentro e dele saía um fio que ia até o painel. Aquilo talvez fosse a resposta para o porquê de Caroline não se lembrar de nada. Naquela sala eles haviam apagado sua memória por meio de "terapia" de choque. Caroline olhou o painel e viu que nele havia um botão para liberar a descarga elétrica e um outro comando para aumentar e diminuir a tensão. A tensão mínima era de 127V, seja lá o que haviam injetado nela, havia salvado sua vida, pois descargas como aquela eram mortais. Caroline não pôde continuar investigando, pois ouviu passos se aproximando e pelo seu ritmo eram de um grupo de soldados russos. Quando ela acionou a energia do local, isso muito provavelmente alertou algum órgão do governo e este mandou um grupo de reconhecimento. Esses grupos tinham no máximo quatro soldados.
Caroline pegou sua arma e saiu de onde estava. Assim que chegou onde ficavam os pequenos quartos das experiências mal sucedidas, ela avistou dois soldados, antes que eles tivessem reação, ela abateu os dois com um tiro na cabeça de cada um, ela avançou pelo até as escadas, mais um soldado apareceu e ela o abateu, fez assim também com o último. Saindo do local, ela colocou o comunicador e chamou:
— Cid? Está aí?
— Oi, aí está você, eu per… - ele dizia mas ela o interrompeu
— Preciso que você ache mais bases como aquela - Caroline dizia enquanto entrava no carro onde os soldados vieram - esse laboratório aqui está comprometido
— É o que ? Laboratório? - Cid dizia confuso
— Depois eu explico, você rastreou o sinal que eu pedi? - ela perguntou enquanto dirigia para longe dali
— Sim, achei dois sinais, eles estão no Peru. Um deles está piscando num padrão que significa S.O.S - Cid disse - aliás, você ainda não me disse o que é que isso tem haver com a sua busca pelo seu passado.
Caroline ignorou o que Cid havia dito após ouvir a palavra “S.O.S”. “Por que Erick estaria no Peru? Já havia sido mandado em missão? É o rastreador dele que está emitindo o sinal de socorro? Acho que vou ter que descobrir pessoalmente” Caroline pensava enquanto mudava a direção que seguia para ir até o aeroporto mais próximo. Como se essas questões não bastassem, tudo o que Caroline viu naquela base abandonada mexeu com ela, porém ela não ia ceder aquilo, ela tinha de descobrir se Erick estava em perigo
— Você tá me ouvindo? - Cid dizia um pouco chateado
— Não, o que foi? - ela respondeu
— Perguntei para onde você está indo - Cid disse
— Peru - ela respondeu - quando eu voltar, prometo lhe explicar tudo direitinho
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A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro Dois
RomanceEu queria esquecer meu passado, ela, achar o seu. Será que temos chance de construir um futuro juntos ? Só lendo para descobrir ...