Capítulo 7

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A agente C4R0L1N3 estava voltando para a base num avião da segunda guerra mundial. Ela repassava mentalmente sua última conversa com o agente mascarado. O que raios ele queria dizer quando falou que para ele a missão havia sido cumprida ? Ela não sabia, mas aquilo era o de menos, o agente mascarado havia revelado a possível existência de um traidor entre os dela.

Se realmente houvesse um traidor na organização, ela iria descobrir não importava como, mas isso seria algo para depois, agora ela tinha que pensar em como iria passar o relatório da missão ao senhor I ,pelo menos a missão dela não tinha sido totalmente um fracasso, o engenheiro pervertido tinha deixado um papel cheio de números dentro da roupa dela quando ele a estava agarrando e pela rápida olhada que ela deu no papel, parecia que os números eram coordenadas. Só restava saber para onde e era essa a perspectiva que ela ira apresentar ao seu chefe.

A primeira coisa que ela queria fazer antes de ir falar com seu chefe era tomar um banho, um banho descente já que naquela maldita prisão o pouco de água que conseguiu com o velho mafioso que a ajudou era insuficiente para um banho digno. Assim que ela chegou no QG rapidamente pegou roupas novas no seu armário e foi ao banheiro tomar o merecido banho e quando saiu, devidamente vestida, foi ao encontro do seu chefe que estava em sua sala. Ele estava falando ao telefone e se surpreendeu em vê-la, desligou o telefone e disse :

— Que bom rever você. Relatório da missão

— O engenheiro escapou por causa do mesmo agente mascarado da outra vez, entretanto ele me entregou um papel com o que acredito ser coordenadas - ela respondeu firme

— Hum, vamos ver aonde essas coordenadas vão nos levar, por ora, está dispensada - ele respondeu e ela saiu da sala

Agora ela podia se dedicar a pensar quem poderia ser o traidor. Pelo que ela se lembrava o senhor I creditou a Cid a informação sobre a existência do engenheiro, Cid podia ser sonso, mas a agente C4R0L1N3 não conseguia enxergá-lo como um agente duplo, entretanto se tinha uma coisa que ela havia aprendido durante suas missões é que nada é impossível, por isso ela foi falar com Cid que estava na sala de computação. Ele estava sentado numa cadeira olhando para um monitor, havia uma jarra e um copo de água ao seu lado. Quando ouviu os passos, ele se virou e vendo que se tratava dela disse :

— Olá, não sabia que tinha voltado - Cid disse sorrindo ao ver a agente C4R0L1N3

A agente C4R0L1N3 sacou sua pistola, a encostou na testa do hacker e posicionou o dedo no gatilho, se apertasse mais um pouco haveria Cid espalhado por toda a sala. Ele estava assustado, mas com a arma apontada direto para sua testa, evitava movimentos bruscos

— Você foi descoberto, traidor. Um dos seus lhe entregou - a agente começou dizendo

— Que história é essa ? De onde você tirou isso ? - ele dizia

— O agente mascarado da outra missão, ele garantiu que havia um traidor e que não era do lado dele - ela mentiu para ver se ele iria acabar cedendo

— E você vai mesmo acreditar nele assim ? Sem mais nem menos ? - Cid questionou

—  Ele tem argumentos que comprovam suas opiniões. Nós entramos no mesmo dia na prisão, eu não vi nenhum outro interno entrando na prisão após a minha chegada o que quer dizer que nós entramos relativamente juntos lá. Para isso ter acontecido, teríamos que ter sido presos na mesma noite e você era o único entre nós aqui que sabia da existência do engenheiro. Não é um pouco curioso ? - a agente C4R0L1N3 disse e pressionou mais a pistola na testa de Cid.

— Isso é ridículo ! - ele retrucou

— É o suficiente para o senhor I mandar matar você - ela respondeu

— Você não faria  - ele disse

— Quer apostar ? - ela replicou

O hacker estava em pânico e fez o que tinha sido treinado para fazer numa situação dessas. Um dos seus dentes era apenas uma cápsula que escondia uma outra cápsula menor que continha cianeto. Cid não pensou duas vezes, quebrou o dente falso e mordeu a cápsula de cianeto liberando o veneno. A agente C4R0L1N3 vendo aquilo, foi rapidamente em direção a um kit de primeiros socorros na esperança de haver algo alí. Dentro da pequena maleta havia justamente o que ela precisava: carvão em pó ativado (sabe-se lá porquê). Ela diluiu pouco mais de 100 gramas no copo de água, colocou na boca de Cid e o fez beber a solução. Após isso ela o colocou numa posição segura, de modo que não sufocasse caso vomitasse. Ela deu um soco no maxilar de Cid e levou o hacker até a ala médica onde ele foi devidamente atendido.

O soco era apenas um álibi para quando o exame revelasse a intoxicação por cianeto. Ela diria que ele tentou alguma gracinha com ela e acabou levando um soco que ocasionou toda a confusão. Mais tarde naquele dia, ela entrou no quarto onde Cid estava, trancou a porta e foi falar com ele

— Então você é um agente duplo, quem diria? - ela começou

— O que vai fazer? Me entregar? - ele perguntou sem olhar para ela

— Não. Você, agora, vai ter que fazer alguns serviços para mim - ela disse

— Que tipo de serviços? - ele perguntou virando-se na direção dela

— Hackear alguns computadores, invadir alguns sistemas, nada que você não já esteja acostumado - ela falou

— E qual seria o primeiro serviço? - ele perguntou

— Você vai me me ajudar a descobrir mais sobre o meu passado. Eu quero acessar o meu arquivo, por algum motivo ele está bloqueado - ela disse

— Eu sei, já tentei acessá-lo também. Olha, eu tenho acesso irrestrito a todas as informações dessa agência, exceto às que estão no computador do senhor I, além disso ele é o único que pode bloquear o meu acesso a alguma coisa. O seu arquivo está bloqueado pra mim também, isso significa que por algum motivo, o senhor I não quer ninguém revirando seu passado - Cid explicou

— Entendo, então seu primeiro serviço vai ser hackear o computador dele, eu preciso saber o que ele está escondendo de mim - ela disse e ia saindo

— Só isso? - Cid questionou

— Eu também quero saber mais sobre o agente mascarado. Quem ele é, de onde veio, onde treinou, onde mora, tudo - ela respondeu

— Sinto muito, mas não posso ajudar com isso - Cid disse, limpando os óculos

— Por que ? - A agente C4R0L1N3 disse virando-se para encará-lo

— Porque simplesmente não há nenhum registro dele. Nada, simplesmente nada e como ele se veste de maneira a esconder qualquer informação sobre a sua aparência, não há como procurar nada sobre ele. O máximo que posso fazer é falar o que sei, os rumores sobre ele - Cid disse

— Desembucha - ela ordenou

— Pelo que dizem ele chegou do nada há seis anos atrás querendo fazer parte da nossa organização, venceu todos os candidatos nas provas, seus resultados foram perfeitos, mas só aceitaria o trabalho se pudesse manter sua identidade um segredo para todos, como ele mostrou ser o melhor de todos ali, lhe foi concedido esse benefício. Também dizem que ele é extremamente frio e um pouco agressivo, há três meses atrás ele mandou três agentes para o hospital - Cid disse

— Os agentes foram hostis com ele ? - ela perguntou

— Não, era um treinamento ou pelo menos era para ser. Isso é tudo que eu e toda a agência sabemos dele, na verdade, tem só mais uma coisa : ele mal dorme, fica quase 24 horas no QG e mesmo assim não apresenta sinais de fadiga - Cid disse

— Certo, obrigada - ela respondeu e saiu

A conversa com Cid tinha trazido mais perguntas do que ela imaginava. “O que o senhor I sabe sobre mim? Por que ele está interessado em manter meu passado enterrado? O ele tem haver com isso?". As informações que Cid passou sobre o agente mascarado também não eram acrescentavam nada. Pelo tempo que passaram na prisão ela percebeu que ele não dormia, pela luta na praia percebeu, confirmou na verdade, o quão bem treinando ele era. Ele usava vários estilos de luta, ela só tinha reconhecido quatro estilos diferentes nos golpes dele, mas tudo isso associado com a última conversa que eles tiveram e o fato dele ter simplesmente procurado por aquele tipo de vida, a vida de agente, só faziam com que ela se perguntasse mais frequentemente: “Quem é ele ?”

A Mulher - As Crônicas do Sexto Equinox- Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora