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"Everyday, day."

Era onze da manhã e eu já queria estar morto. Os estudantes de artes cênicas estavam vagabundando pelo campus, dançando e cantando, sem se importar com o mico que pagavam. Era a terceira vez seguida que eles ouviam aquela música.

Relaxei a cabeça no tronco da árvore em que eu estava encostado, apenas observando aqueles jovens irritantes.

— O que você tá fazendo aí? — Minhyuk indagou, brotando direto do inferno, segurando um objeto estranho.

— Matando aula — respondi como se fosse algo normal. Mas era mesmo. — E você? Por que tá aqui fora?

— Trouxe o Hyunbinho para passear. É um robozinho feito com materiais recicláveis — franzi o cenho. Minhyuk balançou o treco no ar. — Ei, por que você tá matando aula? Sua mãe nunca te disse que isso é feio?

— Minha turma está estudando fotografia da área pericial agora, e você sabe que eu não tenho cu pra ficar vendo foto de cadáver — fechei meus olhos. — Prefiro repetir nessa matéria do que ficar tendo pesadelos à noite.

— Do que adianta fazer isso, seu bobão? Mais cedo ou mais tarde, você terá de aprender essa matéria pra pegar o diploma.

— Tá, tá. Anotado — chacoalhei a mão esquerda no ar. — Mas e esse seu robozinho aí, pra que serve?

— Ah, é para a nota — Minhyuk disse animado, e pelo jeito que sua voz saiu, pude ter certeza de que estava sorrindo. — Estou muito orgulhoso de ter terminado ele. Deu um trabalho da porra construi-lo.

Abri os olhos e o encarei.

— Você construiu um robô mais perfeito que um humano, Minhyuk. Se você acha que deu trabalho construir o, como é o nome? Hyunbinho? — pensei por um instante. — Enfim, se construir ele foi difícil, quero nem imaginar como foi com o Changkyun.

Minhyuk me olhou com a cara fechada, ajeitando o pequeno robô que estava em seu braço.

— Pra começo de conversa, eu já te disse que construí o Changkyun com a ajuda de uns amigos. Convenhamos, Jooheon, eu só fiz a estrutura do corpo dele, quem elaborou a inteligência dele foi o meu amigo que estuda ciências da computação, o interior do Chang foi feito por um cientista e um biólogo...

— Ai, chega! — pressionei um lado da minha testa. — Eu sou de humanas, esse seu assunto me dá dor de cabeça — Minhyuk riu e se apoiou na perna direita.

— Como estão indo as coisas com o Chang?

— Estão indo, oras — desmanchou a expressão feliz e me lançou um olhar de "é sério isso, cara?". Suspirei. — Pra falar a verdade, Changkyun está muito abusado ultimamente.

— Abusado como? — me interrompeu, com expectativa nos olhos.

— Ele tá levando a sério esse negócio de me conquistar. Até beijo ele já roubou de mim.

Minhyuk deu um gritinho histérico e se sentou na minha frente, com um sorriso enorme no rosto.

— E você, o que acha disso? — perguntou e eu o respondi com uma cara de tédio. — Ah, tá. Eu sei que você gosta, Lee Jooheon. Essa carinha de santo do pau oco não engana ninguém.

— Quê?

— Não vejo a hora da relação de vocês passar para algo a mais — balançou Hyunbinho de um lado para o outro. A animação dele me assusta às vezes. — Vocês já tiveram um contato mais íntimo?

— O quê? Claro que não! — falei rapidamente. — A única coisa que aconteceu entre a gente foi um selinho.

— Vocês são muito lerdos, eca — fez um bico e sossegou os braços, mas logo abriu um sorriso malicioso. — Você deveria avançar mais, Honey, sei que não vai se arrepender de fazer isso — olhou para as suas unhas, despreocupado. — Uma coisa posso te garantir: não é só a voz do Changkyun que é grossa.

E R R O R | JookyunOnde histórias criam vida. Descubra agora