Compulsion

CHAPTER THIRTY-SIX

— E onde você entraria em tudo isso, pai. - falei a última palavra com escárnio. Mikael me olhou de cima, estava sob meus joelhos.

— Não posso estar simplesmente fazendo um favor para uma velha amiga. - ele tinha um sorriso de lado, sem graça.

— Desculpe, mas não acredito nisso. Argh! - senti um choque de dor, essa era a minha resposta. Claramente ele tinha algum interesse nisso, mas ele o mantinha obscuro para mim.

— Vamos descer! - Éster anunciou enquanto exibia a chave que Hayley havia roubado.

O mausoléu não era com os que tinha visto na Europa, seu estilo era mais tribal, lembrando uma pirâmide inca em menores proporções. Antes de “descer”, como Éster havia dito, tínhamos que subir, apenas alguns degraus antes da entrada. Passamos por um grande portal e entramos numa sala ampla, no piso de pedra havia apenas um grande símbolo de uma mulher que segurava uma pirâmide entre as mãos.

— Lig! - Éster gritou, e o local se iluminou. Não com tochas flamejantes, mas como se houvesse raios solares entrando pelas aberturas. Ela andou até o centro e inseriu a chave no centro da pirâmide. Ester se afastou uns cinco passos, enquanto observávamos seus passos, levantou os braços e falou audivelmente. — Oop!

O piso tremeu sob nossos pés e tudo se abriu. O piso desceu em etapas, se transformando numa grande escada que levava a algum andar inferior. Hayley estava em silêncio, com olhos vidrados. Era um espetáculo hollywoodiano, dificilmente de acreditar até para meus olhos imortais. O tipo de poder que Mikael almejava, será que…

— Não posso. - Hayley soprou. Sua voz era baixa, mas todos tinham boa audição.

— O que disse? - Ester virou lentamente.

— Não posso, os corpos... - Ela havia identificado os demais ataúdes. — estão aí há anos.

— Não precisa levantar todos, apenas um. - havia uma raiva controlada em sua voz.

— Provavelmente a mais antiga. Olha! Eu apenas ressuscitei algumas mulheres que mal haviam saído da adolescência, e em todas elas eu nem tinha consciência do meu corpo. Era você. Como então? - ela suplicou.

— Não foram apenas algumas meninas… - ela deixou no ar, sugerindo mais.

— Seu corpo deve estar podre. Ser apenas pó. - Freya, não, Ester atingiu o rosto de Hayley com a mão direita, deixando-o vermelho instantaneamente.

Reagi no mesmo momento, tentando alcançá-la, mas uma corrente invisível me parou. Mikael. Lhe encarei fuzilante, mas seu semblante sequer mudou.

— Os antigos tinham sua ciência minha cara, o corpo foi mumificado, não irá fugir de sua sina. - ela falou ao encarar Hayley possuída de raiva. — Isto, é este semblante que quero ver. A dor lhe traz força não é?

“A dor lhe traz força não é?”, as palavras ecoavam em minha cabeça enquanto descia os degraus. Ela tentou colocar um dos licantropos para me trazer nos braços, mas recusei, informando que o faria com meus próprios pés. Eu não tinha alternativa a não ser cooperar. Derick estava se tornando fraco em contato com a prata, a beira do desmaio.
Logo estávamos num salão ainda maior que o primeiro, este decorado com máscaras e totens. Havia diversos tipos de sepulturas em volta, de épocas diferentes. As outras “Ester”, supus. Uma estranha luz vinha da parte superior, iluminando o aposento. Mikael permanecia estranhamente passivo. Eu concordava com Elijah, ele deveria querer ganhar algo com isto.

Ester foi até o ataúde mais velho e o mais glamuroso. Ele foi decorado com flores e folhas esculpidas sob a figura de uma mulher. Ela teve receio de abrir, podia ler isto em suas cores, como seria se encarar após longos anos? Ela era o Dorian Grey de Oscar Wilde. Mas Ester não tinha medo de seus pecados e abriu. O corpo estava embrulhado com faixas amareladas e quando ela retirou as mortalhas, revelou uma mulher de tez negra, lábios grossos e semblante firme. Não poderia apenas ser a mumificação, havia mágica, ela estava perfeita! Ela tocou o corpo levemente, estava emocionada.

— Faça! - virou-se para mim, repentinamente série.

— O que? Agora? - respondi em pânico.

— Não! Amanhã? Claro que é hoje! - então virou-se para Mikael. — Traga os animais.

“Os animais”, como ela chamava, eram licantropos recém criados, provavelmente com este propósito. Não havia tantos quanto se esperaria, pois tínhamos abatido parte deles. Eles obedeciam Mikael como cães ao dono, era um adestrador com habilidade.
Todos ficaram em círculo, a minha volta, de Ester e do ataúde. Fechei meu olhos, primeiro para me acalmar e depois tentando me concentrar. Me lembrei de Kiryna e sua misteriosa magia sacrificial e tentei emanar o mesmo poder. Agora eu tinha uma percepção maior sobre meu poder e pude sentir todas as vidas ao meu redor vindo até mim, ela veio em cores, um verdadeiro arco-íris e me senti poderosa. Eu tinha o poder de vida e morte sobre aquelas pessoas e foi quando tudo desmoronou. Eu poderia apenas matá-los?

— Eu lhe disse que ela poderia ser um problema. - Mikael interveio. Ele estava furioso, mesmo que aparentasse calma. Não era um homem que tolerasse algo fora dos planos.

— Ela está exitando.

— O que houve? - Ester questionou.

— Não é energia o bastante. O corpo é muito velho.

— Talvez apenas precise de um incentivo. - Ela sorriu. — Talvez um belo vampiro ou prefere um lobisomem. - ela lambeu a face de Derick, que mal conseguia se afastar. — Talvez seja o sacrifício que lhe falte.

— NÃO! - gritei.

— PREFERE SACRIFICAR OS DOIS? - Ester vociferou mais alto.

— Não. - disse em voz baixa.

— Então escolha! - replicou firmemente.

Como eu poderia? Meu amante de uma noite, ou aquele que tinha compartilhado meu coração? Com Derick me senti livre. Com Elijah nunca senti fome. Falando assim a escolha era fácil. Olhei para ambos, lembrando. Comecei a chorar, pois eu sabia como aquilo deveria terminar. Desculpe Kiryna , eu não consegui cumprir o que tinha me pedido.

— Elijah. - eu disse, chocando a todos. — Ele é mais velho. - tentei me justificar, mas poderia ser justificado?