Luiza!
Embarquei na mesma noite depois do enterro de Clara.
Fui com o coração dilacerado, mais precisava seguir em frente.
Carlos sempre foi para mim, o amor da minha vida.
Mas vi que não era recíproco esse sentimento, eu sempre o amei, mais do que ele me amou.
Ele sempre ia e voltava, e eu sempre estava no mesmo lugar, esperando por ele, mas só eu esperava.
Eu parti com meu coração dilacerado, mas era preciso.
Ele fez isso comigo, fez isso com a gente.
Assim como na musica que está tocando no rádio do avião.
E ouvindo essa música triste e tão real para mim, parti para um país distante, espero que essa dor logo passe, e que eu possa voltar a sorrir logo.
Chegamos na Nigéria, país que iamos dar assistência médica, e fomos recebidos pelo chefe dos médicos.
Eu já o tinha visto, mais não tinha trabalhado com ele é não sabia como ia ser os dias aqui.
Vim eu e mais três médicos, um de cada país.
Nós tínhamos uma brasileira, um Cubano, um Espanhol e um argentino.
Se apresentamos a ele e fomos direcionados ao nossos aposentos.
Aposentos, isso era modo de falar,nós ficávamos em acampamentos.
Mais vamos seguir tentando dar um pouco de dignidade a esse povo.
Depois de toda adaptação ao lugar começamos a fazer os exames, tratar os doentes.
Faz um mês que estou aqui, não sei se o tempo mais faz dias que ando passando mal.
Não sei o que é, mais preciso conversar com um amigo para saber o que tem ocorrido comigo.
Talvez seja o stress, o cansaço.
Não sei só sei que preciso ir ao médico.Eu não tive mais notícia do Carlos, no começo achei que a dor não ia passar, eu achei que a saudades dele ia me sufocar.
Mais com o tempo você percebe que não morre.
Minha ferida vai sarar, e eu continuarei a viver.
Eu hoje entendo que eu amei ele, e que ele não soube valorizar isso.
Que para ele foi apenas uma aventura, e que eu fui mais fundo nessa relação e acabei me machucando.
Entrei sem pensar nas consequências, me deixei levar pelos sentimentos e pela intensidade dos momentos que vivemos juntos.
Até hoje se eu fechar os meus olhos, lembro de todos os detalhes.
Nossas intimidades, as trocas de carinhos, as nossas cumplicidades, as conversas.
Outro dia me peguei lembrando, o dia que eu fiz ele na hora do sexo falar artigos penais, foi muito bom ouvir ele com tesão dizendo os códigos penais. Rsrsrs.
Eu ri sozinha ao me lembrar, da gente transando eu de quatro e Carlos enquanto me possuia, ia dizendo leis no meu ouvido.
Mais isso hoje é passado.
Amanhã vou procurar Leonardo.
Ele é um médico ginecologista e pode me ajudar.
A noite chega e com ela meu cansaço.
O dia amanheceu nublado, mais apesar disso o dia estava quente.
Meu corpo parecia que ia entrar em combustão de tanto calor que sentia.
Minha pressão estava alterada, acordei enjoada.
Levantei me arrumei e fui procurar Leonardo.
-Bom dia doutor, tudo bem?
- Bom dia doutora Luiza, tudo bem com a senhora?
-A Leo to passando mal, faz quase um mês.
-Quais são seus sintomas, vamos fazer uns exames para ver, você é sempre saudável.
-Ando sentindo muito calor, minha pressão anda alta e tenho acordada enjoada.
-Vamos coletar seu sangue e fazermos uns exames, senta aqui.
Leonardo me indicou a cadeira perto da maca e eu fui até lá.
Sentei e logo ele veio coletar o sangue.
Sentia um enjoo e um calor imenso.
Ele chamou a enfermeira, ela levou o meu sangue a um laboratório nosso móvel que possuímos no acampamento.
Ficamos ali conversando, eu gostava da suas conversas, ele me ofereceu café, mais é recusei pois se eu bebesse com certeza iria vomitar.
Demorou umas duas horas, e a mesma enfermeira trouxe os exames.
Leonardo abriu e ficou ali sentado lendo e me deixando nervosa.
- O que foi Leo ? O que deu nesses exames?
-Luiza, seus exames preliminares não deu nada, exceto um que pedi por desencargo de consciência.
-Qual foi Leo, fala logo ?
-O de gravidez, pedi por desencargo mesmo de consciência, mais o resultado foi positivo, você está grávida.
Depois que ele me disse Isso, tudo foi automático.
Ele falando que tinha dado positivo, sim eu estava esperando um filho do Homem que foi incapaz de me falar pessoalmente que não me queria.
Eu estava grávida de alguém que nunca quis ser pai, e pior além de criar esse filho só, ainda me lembraria todos os dias dele.
Sai do acampamento do leonardo, sem rumo , não conseguia respirar e nem raciocinar direito.
Ao longe podia se ouvir ele falar, mais eu nesse momento precisava ficar só.
Caminhei até umas pedras que tinha perto do acampamento, sentei em uma e chorei.
Grávida, como fui imatura e irresponsável, como não me atentei que transar sem camisinha eu corria o risco de engravidar.
E isso ocorreu, mas eu fico pensando se invés de uma criança, fosse uma doença.
Meu Deus brinquei com a morte.
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O Promotor
Non-FictionCarlos é um homem cheio de traumas e medos. Será que um amor poderá o salvar?! Terceiro livro da Série Fragmentado!