- Para onde vamos?
- Não sei dizer ainda. Mas Josefina disse que não podem nos ver, caso isso aconteça teremos que ir trabalhar nos campos como escravos. - Jady diz cabisbaixa, olhando para as crianças que agora dependiam dela para sobreviver.
- Não é nossa culpa Jady. - Pedro diz olhando para ela com tristeza. - Você não precisa cuidar de todos sozinha, vamos ajudar. - Ele fala a fazendo sorrir, ela sabia que era verdade, que sempre se ajudaram e agora não seria diferente.
Saíram pelos fundos, seguindo o caminho do bosque, os maiores pegando na mão dos menores. Na cabeça deles mil coisas se passando, o desespero dos maiores por não serem vistos pela guarda real que havia fechado o orfanato para dar espaço a uma nova estrada que viria. Uma das crianças, só pensava que a história que havia ouvido falar sobre o filho de Deus era tudo mentira, que ele não ajudava as pessoas como Josefina havia falado.
Caminharam até a cidade mais próxima, sempre tomando cuidado para que ninguém os visse. Jady colocou a esperança que em uma cidade maior seria fácil se esconderem e de arranjar emprego, até porque ninguém dizia que ela tinha a idade que tinha, sempre lhe davam mais anos do que realmente tinha. Ryan se apegou muito a Nataly a mais nova, eles haviam se revezado em os maiores cuidar dos menores e a menor de todas caiu na sorte estar aos cuidados do jovem rapaz de nove anos.
Nataly fora deixada no orfanato durante a madrugada, uma das crianças ouviu um choro e quando olharam ela, estava ali, coberta por uma manta e chorando tão alto que acordaria a vizinhança toda. Ela cresceu sendo chamada de Nataly pelas outras crianças e nunca ninguém veio visitar ou deixar algum documento que a identificasse. Passou a ser a preferida de todos com seu jeito meigo e olhos tristes. Na verdade a criança não se sentia afortunada por ser a queridinha não, ela vivia se perguntando onde estavam seus pais, porque ninguém a queria e acima de tudo o motivo dela não ter um vestido como as outras crianças. Tendo em vista ser a menor, as únicas roupas que lhe serviam eram as que ficavam pequenas no Filipe que foi adotado antes do orfanato fechar.
Jady, com apenas doze anos na época, acabou virando mãe, se preocupava com os menores como se fosse mesmo. Durante o dia ficavam perambulando pelas ruas tentando conseguir comida ou roupas para se aquecer nas noites frias, qualquer coisa que servisse para viver. Jady havia conseguido trabalho na cozinha de uma lanchonete e juntava restos de comidas em um saco para os outros, quando achava que o movimento estava fraco, guardava seu almoço para os menores.
Já bem acostumados e sabendo se virar na cidade nova que eles não sabiam o nome, os meninos maiores ajudavam a cortar grama nas casas para ganhar um trocado ou algo para comer. Certa vez, enquanto Ryan trabalhava recolhendo umas folhas no quintal de um dos moradores, Nataly se perdeu dos outros, havia saído correndo atrás de uma borboleta e quando viram ela, já não estava perto deles. Ryan ficou louco de preocupação na hora, pois era de sua responsabilidade cuidar da menor e para piorar começou cair uma chuva grossa e eles não sabiam onde ela estava. Após muito procurar Ryan a viu perto de um parque, a pegou pelo braço e levou para debaixo de uma ponte, onde ficariam protegidos da chuva e só enfrentariam o frio.
- Um dia Nataly, nós vamos ter muita comida, e um lugar para viver, só vamos para a chuva para brincar, vou ver você com roupas de menina e um lindo laço no cabelo. - dizia tentando passar ânimo para a menina triste ao seu lado.
- Só comida e um lençol estava bom Ryan. - disse olhando para ele com olhos tristes.
- Assim que a chuva passar vamos a procura de Jady na lanchonete, quem sabe ela guardou o almoço dela hoje para dividir conosco? - disse tentando passar esperança.
- Acha mesmo que nossa vida vai mudar? Que vamos ter uma casa para morar?
- Sim Naty, vai sim eu acredito que Deus vai nos ajudar.
- Quem é esse Deus que você tanto fala e nunca o vejo?
- Deus é o dono de tudo que existe, ele manda e desmanda. Um dia ele vai nos dar um lar.
- Porque ele demora tanto para dar um lar?
- Ele não demora Naty, só que é tudo como Ele quer.
- Não entendo porque ele não quer que agente saia da chuva e tenha uma coberta quentinha. - ela comenta partindo meu coração.
- Eu não saberia te explicar isso, acho que tem dado muito ouvido a Jady e suas lamentações, eu acredito que um dia eu verei dias melhores. - diz.
Quando a chuva passou, foram para a lanchonete esperar Jady sair com a comida, a barriga de ambos já roncava. Ao chegar lá encontram a jovem sentada na calçada com uma sacola ao seu lado e ao se aproximar dela eles ficaram sabendo que havia sido demitida, a desculpa do dono foi que ela havia recebido gorjeta de uma senhora. Com certeza ela foi humilhada e isso deixou os dois amigos tristes. Era como se tudo que acontecesse servisse para mostrar que Deus não os ama e que eles não merecem nada de bom. Na cabeça da mais velha a preocupação de como iriam sobreviver agora. Ryan olhava para as duas e se sentia impotente por ser pequeno e a menor olhava para todos com olhar de dor.
- Vamos sobreviver. - Jady diz sorrindo amarelo.
- Vamos sim. - Ryan confirma e a pequena faz uma careta.
- Temos que avisar os outros. - até parecia que ela era a única que havia pensado nos outros, mas na verdade os dois maiores estavam com receio de trazer notícias tão tristes para eles. O emprego pagava pouco, mas eles estavam com esperança de melhorar de vida.
Olá meus amores!
Estou reescrevendo meus livros e este estou colocando como sendo narrado por Ryan um dos órfãos que fora criado junto com Nataly e que cuidou dela como sendo um irmão mais velho.
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Encontrando o amor de Deus
SpiritualLivro 5 Uma menina órfã que é adotada pela família real e descobre que ser da realeza nem sempre tudo é flores, decide se afastar do castelo para viver na fazenda onde sua tia morou e essa viagem faz com que ela encontre o verdadeiro amor.