Encontrando o amor de Deus

Capítulo 8

Após eu ser a mais nova senhorita Nataly Thompson Maia não parou de acontecer mudanças, eu tinha que estudar muitas horas no dia, aula de etiqueta, piano, inglês, espanhol e até italiano. Tudo era a mesma frase:

- Agora você é da realeza e terá que agir assim.

Já estava ficando chato ouvir isso. Ninguém deixava eu me sujar na lama, nem ajudar dona Florzinha na cozinha pois eu era da realeza. Júlia havia me dito que era diferente ser da realeza mas eu pensei que fosse um diferente bom e não chato.

Mamãe e papai ainda estavam na lua de mel e não voltaram mas me mandavam cartas dizendo que não via a hora de retornar para me ver. Se eles soubessem como eu estava sofrendo com tudo que tive que aprender e mudar não tinham viajado.

Aprendi que as pessoas vivem de acordo com seus estilos de vida, então eu fui abandonada, moradora de rua, pobre e agora sou da realeza.

Um dia no café da manhã eu fui reclamar com Thiago pois estava fazendo meleca na mesa e ele ficou bravo comigo disse que eu era metida por ser adotada por uma rainha.

- Liga não Naty, é só inveja. Todos nós queríamos estar no seu lugar. - disse Ryan quando ele saiu.

- Sabe Ryan, não é bom estar no meu lugar. - fui realista.

- Como não? Você não sabe o que diz menina, Deus lhe presenteou com tudo de bom na terra.

- Pois estou pagando o preço dos presentes Dele para mim, estudar, aula de etiqueta, piano, ballet e idioma. Esqueci algo meu amigo? Sim, mas não fui eu. Eles que esqueceram que eu preciso brincar.

- Naty, falando assim você se torna murmuradora, não faça isso, sabes que é até aprender tudo que precisa e depois passará. É só uma fase.

- Eu não queria parecer mal agradecida.

- Eu sei, você só está assustada.

- E com saudades da Clarissa. Ela ainda vai demorar a voltar?

- Não sei. Só sei que eu sou o único que não fui adotado e estou bem com isso. - ele disse.

Ryan e eu decidimos fugir de tudo e ir tirar um momento de lazer para nós, então fomos para a colina deslizar na grama. Ficamos muito sujos e quando o pastor ia passando de cavalo ficou louco em ver nossas roupas.

Fomos para a casa com ele e tivemos que ouvir um belo sermão, outro de dona Florzinha e outro de minha tutora Denise.

A noite, Ruan foi me deixar na cama como fazia sempre e foi para o quarto dele não antes de dizer a mim:

- Lembra que eu disse que a gente seria irmão para sempre?

- Lembro.

- Pois bem, vou falar com Philipe para eu trabalhar no castelo onde você for morar, assim ficaremos um cuidando do outro.

- Não invente de casar com ninguém e me deixar ?.

Ele riu e saiu dali me deixando abraçada ao travesseiro da mamãe.

O chato de mudar de estilo de vida era ter que uma pessoa lhe dar banho esfregando bem pois precisa parecer limpinha sempre. Ter muitas roupas não era meu forte, eu amava minhas roupas velhas e vez por outra vestia, era só o tempo de Denise me ver e ralhar comigo.

- Princesa, nós vamos fazer um baile aqui só para vocês mesmo, pois aí você sente como é estar numa festa sendo da realeza.

- Bom, pelo menos uma notícia boa nesse tempo. - eu disse me animando.

- Isso mesmo todas as crianças terão aulas de dança.

- Quando será que começam as aulas? - perguntei.

- Amanhã poderemos começar, combine com todas as crianças e poderemos fazer depois do almoço.

Ela faz uma vênia para mim e sai. Outra coisa que não gosto muito é o povo se abaixar para me reverenciar. Começo a achar que não nasci para ser nobre.

Após as aulas do mundo todo para mim naquele dia, pude finalmente ter momentos de folga e comecei andar pelo jardim. Eu amava colher flores montando um buquê e brincar de casamento, eu lembrava do casamento que havia ido de Clarissa e depois o de tia Sabrina. Não achava ruim ter sido adotada por eles. O que me incomodava era não morar com eles e ter todo mundo pegando no meu pé o tempo todo me dizendo como devo fazer e como não devo. Às vezes me achava mal agradecida, mas parando para pensar eu não era não. Eu só queria ter uma vida normal, um pai e uma mãe que estivesse perto de mim e poder brincar.