Houve uma grande festa no palácio com nossa chegada, havia ficado combinado que Ryan moraria conosco e no futuro seria meu guarda particular. Não sei o que era na época, mas sabia que era bom ter Ryan comigo.
Haviam duas babás para mim, elas gostavam de brincar comigo e por onde eu ia sempre estavam comigo. Meu quarto acho que era do tamanho de uma casa inteira e não sei dizer as vezes que me perdi nos corredores enormes.
Nas festas minha babá Josy deixava eu provar o glacê do bolo, escondida de todos. Ryan dividia o tempo dele em estudar e brincar comigo. Fizemos amigos, filhos de empregados que moravam no castelo.
Sentia falta do Raio de Luz, mas sabia que não poderia voltar tão cedo e então me dediquei a ser tudo que deixasse minha mãe feliz em ser minha mãe. Já havia desistido de encontrar minha felicidade, me contentava com tudo que tinha e fingia ser feliz para eu mesma pensar que era, mas na verdade existia algo faltando em mim, algo que me fizesse querer viver e ser realmente uma pessoa feliz.
Quando eu estava com dez anos minha mãe estava grávida e precisou ir para a casa de campo descansar um pouco, eu e Ryan fomos com ela. Lá eu me apaixonei pelo lugar e passei a desejar morar ali, nunca havia visto um lugar tão lindo e tão calmo, entrar naquela casa me transmitia uma paz que não encontrei em lugar algum, nem mesmo no palácio. Tinha muitos cavalos que ficam soltos dentro de um cercado e nós tínhamos lugar para correr e brincar.
Nesse período que estávamos na casa grande, era como a gente chamava a casa que morávamos. Eu às vezes tinha autorização para ficar com roupas mais leves e amava esses dias. Minha mãe deu à luz meu irmãozinho Davi, eu estava cada dia mais apaixonada por ele e só quando eu o vi foi que lembrei da história de eu ser bastarda que havia ouvido naquela noite.
- Ryan? - chamei ele enquanto ele treinava lutar com espadas e eu ficava assistindo.
- Oi Naty. - ele disse sem parar.
- Eu sou bastarda e Davi é príncipe de verdade não é?
Ele parou, passou as mãos pelos cabelos e se aproximou de mim.
- Naty, você é e sempre foi uma princesa. Ninguém vai lhe desprezar por não ter saído da barriga não.
- É que você não sabe que tem gente que nem me aceita nos bailes, nem na escola real e nem poderei me casar.
- Como assim casar? - ele se engasgou.
- Na noite antes de irmos para o palácio, eu ouvi uma conversa na sala dizendo umas coisas sobre mim.
- Naty, não se preocupe com isso, se não pode casar com um príncipe, se casará com um duque ou coisa assim. - ele disse.
- Não me preocupo em casar, só acho injusto eu não ser reconhecida como sendo filha deles, eu me sinto filha e não sou.
- Não culpe seus pais por isso. Eles lhe amam. Aliás, eles nos amam.
- Eu sei. Mas tenho essa tristeza dentro de mim. Já ouvi comentários entre os criados, eles dizem que não passo de uma pobre vestida com roupa de rica.
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Encontrando o amor de Deus
SpiritüelLivro 5 Uma menina órfã que é adotada pela família real e descobre que ser da realeza nem sempre tudo é flores, decide se afastar do castelo para viver na fazenda onde sua tia morou e essa viagem faz com que ela encontre o verdadeiro amor.