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Ariel narrando:

Que garota... chata, idiota, burra...

Não tenho nem paciência para xingar ela.

Qual o problema dessa garota? Sempre soube que a família dela tinha um gênio do cão, mas pelo o que mostram dela na TV e nas redes sociais, pensei que era uma minadinha.

Juro que quando gritei com ela, pensei que iria se encolher. Mas não. Ela se levantou, levantou a cabeça e me pôs no meu lugar. E eu gostei disso.

Ela tem atitude.

Bem, sobre o beijo... foi muito bom, não sei direito como posso o descrever, mas foi... único. Já fiquei com quase todas as meninas desse colégio, e nenhuma delas me beijou como Natasha me beijou.

Ponho uma roupa, e saio do quarto com a chave do quarto e com a chave do meu carro, andando pelos corredores, pisando duro, deixando bem claro que não estou afim de papo.

[...]

Acelerando o carro cada vez mais, mais e mais.... isso me acalma. A velocidade me trás tranquilidade. Aperto o volante.

Meu celular toca, atendo deixando no viva-voz.

Ligação on:

Ariel: o que você quer?

Fábio: "o que você quer?" Aonde você está garoto?

Ariel: da um tempo...

Fábio: da um tempo o cacete! Você vai voltar pra a aquela escola agora mesmo, você sabe exatamente o que tem que fazer!

Ariel: já estou voltando..._ aperto ainda mais o volante do carro e dou meia volta, aproveitando que a estrada está vazia.

Fábio: Ariel...

Ariel: eu já estou voltando! Não é isso o que você quer?

Fábio: olha como você fala comigo, garoto!_ travo o maxilar, e desligo o celular.

Chamada off:

Não tenho paciência para aguentar os papos do Fábio. Eu só queria acalmar os nervos, mais nem isso eu posso, tenho que ficar na medida da cola daquela patricinha!

Porra, Natasha!

Ariel: cacete de garota!_ bato no volante irritado, dirigindo até o maldito colégio, estaciono numa vaga que tem o número do meu quarto. Já havia anoitecido.

Passei muito tempo na estrada.

Caminhando pelos corredores com presa e tentando não fazer barulho, se a escola ligasse para o Fábio dizendo que eu estava fora do meu quarto, depois do horário... ia ser só mais um motivo para que ele me trata-se como um muleke que não sabe nada da vida. E isso me irrita, me irrita demais.

Entro no meu quarto tentando não fazer barulho, percebo que Natasha está dormindo já, tão serena... não sorrio.

Retiro a minha jaqueta de couro preta, meus sapatos e minha roupa em geral, deixando apenas a minha cueca. Olho para a minha cama, hesitando, suspiro, e vou por uma bermuda.

O quarto se iluminava pela luz da lua.

Natasha: aonde você estava?_ me viro para olhá-la, a mesma estava sentada sobre a cama e com a luz do abajur acesa.

Ariel: não queria te acordar, volta a dormir!_ digo grosso, pondo a minha bermuda. Sinto seus olhos sobre meu corpo.

Natasha: você sabe que já passou do horário, estava já ficando preocupada..._ fala essa ultima parte mais baixo. Suspiro, e vou até a minha cama e me sento.

Ariel: sossega. Eu sei me cuidar, não sou uma criança Natasha._ falo me virando, ficando de costas para ela, não quero ter que encara-la. Pelo menos não agora. Não quando eu estou com raiva, raiva de ela ser a razão por eu estar sendo obrigado a ficar aqui.

Natasha: o que foi que eu te fiz para você me odiar tanto?_ pergunta com um leve tom de mágoa em sua voz.

Suspiro.

"Aí é que está princesinha, você não me fez nada... mas já o seu pai..."

Ariel: volta a dormir tá legal? Eu já estou aqui. Não precisa ficar de fogo agora._ falo rude me deitando na minha cama, de costas para ela, pois sei que se eu a olhasse agora, perderia o meu foco.

Natasha: eu não te fiz nada Ariel, não tenho o que pedir perdão. Mas se isso for te sentir melhor, me desculpe Ariel._ fala. Ouço a sua cama de mexer. Suponho que ela se deitou.

[...]

Estou horas olhando para o teto branco. Não consigo nem ao menos piscar os olhos. As palavras de Natasha me fizeram perder o sono.

Ouso alguns pingos de chuva caindo do lado de fora da escola, porém não me importo. Não consigo dormir, toda vez que fecho os olhos a única coisa que vem em minha mente é o maldito beijo de Natasha.

A garota conseguiu mesmo fazer o meu cérebro derreter.

Ah, se Fábio me visse agora...

Fábio é o meu tio. Meus pais morreram quando eu era um pequeno niño, e minha guarda foi parar nas mãos do meu tio. Meu tio é ex militar, e agora vive como chefe de segurança dos Albuquerques, e como ele não pode ficar no pé da princesinha, ele me pediu para ficar de olho nela.

Tenho quase certeza de que foi ele quem mexeu os pauzinhos para que eu e ela ficássemos no mesmo quarto.

Natasha: Ariel...?_ me chama ao meio da escuridão, quando dou por mim, a chuva que antes era fraca, agora caia violentamente do lado de fora._ Ariel? Você está acordado?

Ligo a luz do meu celular e olho para ela.

Ariel: o que foi agora?_ pergunto até que com uma voz suave.

Natasha: posso dormir com você?

Ariel: medo da chuva?_ olho-a perguntando.

Natasha: um galho tá batendo na janela... e..._ não a deixo terminar por que eu a puxo a trazendo para a minha cama. Natasha se assusta, mas aceita. Mantenho uma certa distância entre nós dois, pois com certeza que o pai dela não vai gostar nada de vê-la agarradinha comigo._ Obrigada...

Ariel: dorme._ mando, e ela fecha os olhos, deixo o meu celular na comoda e me viro de costas para ela.

E por mais incrível que possa parecer, o sono vem. No momento em que eu estou entre dormindo e acordado, sinto Natasha me abraçar por trás, e sussurrar um "Boa noite", não digo nada e nem faço, apenas deixo o sono me levar.

Uma garota tanto quanto que patricinha - L05Onde histórias criam vida. Descubra agora