#28

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- De tanto ficar pensando vai acabar soltando faíscas senhorita. - Retiro minha de um ponto qualquer do quarto para o enfermeiro Alex, que estava trocando o soro de Ariel.

Sorrio de canto para ele.

- Não consigo parar de pensar em como fui tola em não perceber os sinais. - Digo me culpando.

- Que sinais? - Perguntou olhando para mim. - Pelo o que eu me lembro quando a senhorita chegou aqui, falou para o médico que ele se alimenta bem, é uma pessoa ativa e que não sabia dizer se ele já teve algum problema de saúde antes.

Dou um leve sorriso para Alex, sei que ele só está tentando me acalmar, porém eu não só iria acalmar-me quando eu ver com meus próprios olhos que Ariel está bem.

- Não ouse se culpar, senhorita Albuquerque.

- Me chame de Natasha, esse é meu nome.

- Um nome bonito desse tem que ser dito mesmo, Natasha. - e pela primeira vez eu abro um sorriso, mesmo pequeno, verdadeiro.

- Obrigada...

- Não precisa me agradecer, estou indo, tenho que chegar meus outros pacientes, se precisar de algo me chame ou chame o médico. - Falou e eu apenas assenti com a cabeça.

Olhei para Ariel que estava inconsciente na cama. Sua pele estava pálida, sua mão estava gelada, não parecia o mesmo Ariel que eu tanto tive expectativa. Pego a sua mão e a levo até meus lábios, deixando um beijo demorado e carinhoso ali.

- Você é um idiota. - Falei fazendo carinho em seu braço. - Acorda por favor. Você está me deixando agoniada, preocupada, ansiosa... e com medo. - Disse tudo.

Suspiro.

- Quero tanto que você acorde logo, assim pelo menos você vai poder brigar comigo por ser tão atrapalhada é patricinha. - Uma lágrima cai. - Eu sei que você vai acordar, porém eu não aguento mais esperar. Não aguento mais te ver aí deitado, com essa expressão séria. - Mais uma lágrima cai. - Eu prometo para você, eu não estou mais brava, nem magoada em relação a você ser contratado do meu pai, eu sei que teve momentos que você foi você mesmo. Pelo menos tento acreditar nisso... Ariel, volta para mim logo. Por favor. - E mais uma lágrima cai. - Eu amo você. Eu amo muito você. - Falei já em meio às lágrimas e um turbilhão de sentimentos e pensamentos maçantes.

Apoiei a minha testa nas costas de sua mão, e ali fiquei chorando.

Só conseguia pensar em como seria a minha vida sem ele. E isso era agonizante. Me matava por dentro.

O seu perfume estava preso em minha mente, junto às memórias que eu acreditava, eu precisava acreditar, que eram verdadeiras e não só parte do serviço de ser meu segurança. Apesar de tudo, eu queria Ariel do meu lado, eu queria conhecê-lo como ele é realmente, preciso de me apaixonar por ele de novo. Na verdade eu não preciso, porque ele é o grande amor da minha vida, mesmo tendo a possibilidade de eu não ser a da dele.

Sinto um ofego em meus cabelos, sei que era coisa da minha cabeça.

- Eu te amo tanto Ariel...- Falei ainda na mesma posição. Eu não conseguia sair dela. Eu não queria soltar a sua mão de forma alguma. - Acorda meu amor. Acorda...- Implorei aos meios de lágrimas.

Sinto novamente o ofego. Desta vez mais forte.

Tomo coragem e levanto o meu rosto temendo que seja apenas uma peça da minha mente, meus olhos ainda estavam fechados fortemente.

- Que não seja uma peça da minha cabeça... que não seja...- Não consigo nem terminar quando sinto o seu toque em meu rosto. Ali eu congelo, não consigo pronunciar nada, é muito menos abrir meus olhos. Logo sinto o toque de seus lábios nos meus, envolvendo-me em um beijo leve e sereno, porém carregado de sentimentos profundos e verdadeiros, pelo menos por mim.

Não consigo nem se quer aprofundar o beijo quando seus lábios logo se afastam dos meus. Abro os meus olhos com rapidez, a ansiedade de poder olhar Ariel era agonizante. E quando o fiz... meus pulmões pareciam não conter ar.

Ele estava ali.

Me olhando.

- Tá olhando o que, patricinha? - Perguntou com um lindo sorriso em seus lábios.

Aquela frase.

A mesma frase que Ariel disse para mim.

Solto o ar que nem eu mesmo estava sabendo que tinha prendido, não me contenho, nem ao menos dava. Pulo em cima dele, ignorando qualquer possibilidade de alguém entrar no quarto, ou até mesmo de eu machucar Ariel. Agarro-o pelo pescoço e o beijo.

Um beijo nada delicado, mas cheio de saudade e de palavras não ditas, pelo menos da parte dele.

- Eu espero que seja verdade tudo o que você disse para mim. - Falou ele assim que separamos o beijo.

- Seu canalha! Você já estava acordado?!- Dei um belo de um tapa em seu peito.

- Eu estava tentando me controlar para não voar no pescoço daquele enfermeiro assanhado! Onde já se viu ficar dando elogios a namorada do paciente que estava inconsciente?!- Namorada?

- Namorada?- Repeti a palavra que ele usou.

Ariel me olhou.

- Bem, não ocorreu nenhum pedido, porém você disse que me ama. - Falou pegando a minha mão e a beijando.- E...

- E...?- o encorajei a terminar a frase.

- E, digamos que o sentimento seja recíproco. - Falou meio acanhado, mas logo passou quando o roubei um, dois, três beijos.

- Fala vai.- Pedi, Ariel revirou seus lindos olhos e chegou bem pertinho do meu ouvido, e falou bem baixinho:

- Eu te amo Natasha Sartori Albuquerque Torres.

- Torres?

- Olha, o pedido de namoro eu faço, mas o de casamento é contigo, minha patricinha.- Falou me dando carinho.

- Hum... gostei da ideia. Mas antes do pedido de casamento vem o de namoro, né?

Ariel deu uma leve risada acenando com a cabeça.

- Natasha, minha patricinha, você me ama, eu te amo, e aí? Vai me enrolar ou vai aceitar ser minha namorada?- Falou sendo nada romântico.

Revirei os olhos, mas logo falei:

- Sim, meu amor. - Falei e o puxei para um beijo.

Uma garota tanto quanto que patricinha - L05Onde histórias criam vida. Descubra agora