#27

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Natasha narrando:

Enganada.

Feita de trouxa.

Magoada.

Triste.

Raiva.

Deprimida.

Irritada.

Tudo isso era o que eu sentia naquele momento. Ariel desde que saímos do escritório do meu pai não tentou mais contato, tanto visual ou de fala. Ariel está no canto do carro de cabeça baixa.

Mesmo eu estando com vários xingamentos em minha cabeça, a única coisa que meu foco ficava era em como Ariel tinha um perfume maravilhoso, como ele fica lindo sério e pensativo, como a mania dele de estralar os dedos e morder a própria bochecha quando fica nervoso.

Reparo em cada detalhe dele.

E isso me irrita ainda mais, como posso achar ele tão lindo, deixá-lo num pedestal sendo que ele fez o que fez.

Enganar-me daquela forma foi como ser esfaqueada pelas costas pela pessoa que você confiava de olhos vendados.

- Não vai se pronunciar?- Tomo coragem para questiona-lo.- Simplesmente vai ficar aí quieto e com cara de cão que se perdeu na mudança? - Tento arrancar alguma coisa dele, e nada, Ariel não mexeu nem se quer um músculo. Olho-o horrorizada e descrente.

Desisti de ouvir sua voz. Viro meu rosto para o lado da janela. Não queria mais olhar para ele.

- O que você quer que eu diga?

- Qualquer coisa. Uma explicação. - Falo dando de ombros sem olhar para ele ainda. Não queria que ele visse as lágrimas escorrendo em meus olhos.

- O que você quer que eu diga?!

- EU QUERO QUE VOCÊ DIGA QUE EU ENTENDI ERRADO ! - Gritei olhando para ele de uma vez por todas. As lágrimas não escorriam somente em meus olhos, mas também nos olhos de Ariel. - Quero acreditar que você nunca me enganaria, que você não seja um maldito segurança contratado do meu pai, que você se aproximou de mim não por um maldito trabalho mas sim pelo o que eu sou...

Ariel não soltava o olhar firme em mim.

- Sinto muito Natasha, mas eu não posso falar o que você tanto quer ouvir, não posso por que eu estaria mentindo, e eu gosto de mais de você para mentir para ti de novo. - Falou com a voz grogue devido o choro.

- Gostar de mim de mais para mentir? Devia ter pensado nisso antes, não acha grande Ariel?!- Falei, naquela altura a mágoa já controlava a minha mente.

- Você quer a verdade?

- Não sei se quero mais.

- Bem então eu vou dizer.- Ariel se endireitou e olhou firme.- Meu nome é Ariel Torres, moro com o meu tio.Meus pais estão mortos, morram durante um assalto à mão armada. Sou filho único, tenho apenas meu tio. Meu tio trabalha para o seu pai, que me contratou para ficar de olho em você, para te proteger se arrumar qualquer confusão, mas eu vacilei muito a partir do momento que em envolvi com você, quando eu realmente comecei a gostar de você.- Ariel falou e eu só conseguia chorar e chorar.

Minha voz fica presa no nó que se formou em minha garganta. Minha garganta ardia, meu nariz já escorria e eu já estava cansada de chorar.

- Essa é a verdade. Eu, Ariel Torres, estou apaixonado por você, Natasha Sartori Albuquerque. - Ariel falou com a voz grogue logo em seguida limpou as lágrimas dos olhos.

Olhei para ele ainda chorando.

Quando percebeu que eu não falaria mais nada, Ariel se endireitou no banco e ficou olhando para a paisagem. Eu não sabia o que falar, o que acreditar.

Sigo o exemplo de Ariel e fiquei em meu canto. Quieta. Pensativa. Chorosa.

Ficamos cada um em seu canto durante o caminho inteiro da mansão para a escola. Ao chegar lá, fomos direto para o quarto, cada um na sua cama. Nossos amigos tentaram falar com a gente, porém eu apenas segui reto, com meus olhos e nariz vermelhos segui direto para o meu quarto.

Afundei-me em minha cama e ali fiquei.

Ariel quando entrou no quarto, foi direto para o banheiro, escutei o barulho de água caindo, alguns minutos depois além da conta estranho. O vapor já invadia o quarto, levantei-me limpando os meus olhos com as costas da mão.

- Ariel?!- Tentei chamá-lo, mas nenhuma resposta. Franzo o cenho. Levanto-me e caminho até o chuveiro. - Ariel para de graça. - Fico de cara com a porta, bato na mesma e nenhuma resposta, travo a mandíbula. - Ariel eu vou entrar. - informo na esperança de que eu consiga ao menos uma resposta, porém nada.

Suspiro.

No três eu entro.

Um...

Dois...

Três!

Entro e a primeira coisa que eu vejo é... vapor. Abano próximo do meu rosto e deixo a porta aberta. Quando olho para o boxe é quando encontro Ariel desmaiado e largado no chão.

- Ariel! - Grito e vou até ele, desligo o chuveiro. Agacho-me chacoalho pelos ombros, ponho uma mão na lateral de seu rosto.- Ariel, acorda, abre os olhos, fala comigo, por favor.- Chamo-o desesperada, e como das outras vezes não recebo resposta. - SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA.

Uma garota tanto quanto que patricinha - L05Onde histórias criam vida. Descubra agora