armas, brigas e frio

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Corri na direção de Calebe. Ele segurava o ombro e gemia de dor.
Meu corpo ainda doía por causa do impacto da agua.

-- Calebe?

Ele apertava os olhos evitando a chuva que caia normalmente. Jeremy não estava mais ali.

-- Esta tudo bem?

-- O que você acha? – Falou se contorcendo no chão.

-- Venha. -- O puxei para levantar ignorando uma trovoada violenta.
Calebe se apoiou em mim e sem muita dificuldade saiu do chão.

-- Foi você que atirou em mim? – Ele perguntou em voz alta tentando vencer o barulho da chuva.

-- Não.

Minha atenção se voltou para os dois policiais mais afrente. O menor tentava se levantar com dificuldade e o maior estava de pé com a arma apontada para nós.

-- Droga! – Sussurrei.

-- Não se movam! – Ele gritou.
Ele estava ofegante e com o olhar confuso.

-- Espere! – Gritei parando de andar. – Não atire.

-- Que merda foi isso que aconteceu aqui? – Ele gritou furioso.

-- Eu... – Tossi, acabei me engasgando com a agua que escorria pelo meu rosto. – Posso explicar.

Ele deu alguns passos afrente e se aproximou sem baixar a arma.

-- Quem são vocês e como esse aí... – Fez sinal com a cabeça para Calebe. – Fez aquilo com a agua?

-- Nós temos que sair dessa chuva. – Insisti.

-- Começa a falar garoto. – O menor chegou gritando.

-- Nos deixe em paz. – Disse Calebe.

O menor tremia tanto que eu estava com medo de ele disparar a arma sem querer, eu não sei se era medo ou frio. O maior mantenha-se rígido e ríspido.

O maior pegou suas algemas e entregou para o menor fazendo sinal para que este viesse nos prender. O menor guardou a arma ao pegar as algemas e veio em nossa direção sem falar nada.

-- Vocês estão cometendo um grande erro. – Falei.

Calebe tirou o braço dos meus ombros onde estava se apoiando e pôs as duas mãos para frente para que o pequeno o algemasse.

Ele se entregaria tão fácil assim?

O maior acompanhava a movimentação cautelosamente, atento a tudo. O menor chegou perto de Calebe quando preparou-se para por as algemas, foi surpreendido por um golpe forte no estomago.
Calebe foi rápido demais, cheguei até a duvidar que ele estava ferido. Antes que o menor caísse no chão ele tirou de suas mãos as algemas e jogou-a contra o rosto do maior, antes que este tivesse a chance de atirar. O policial tentou proteger o rosto com os braços e foi surpreendido por Calebe que jogou todo o peso do corpo contra ele.
O menor se levantou rapidamente e tentou tirar a arma do coldre. Aproveitei a situação e pulei em sua direção.

Calebe e o policial maior rolavam no chão. A arma já não estava mais na mão  do grandão que agora tentava se livrar das investidas de Calebe.
Eu tentava golpear o pequeno que estava mais ágil agora do que em nosso ultimo encontro. Ele sabia alguns golpes e tentava usar contra mim, mas eu tentava esquivar da melhor forma possível.

Calebe e o grandão agora estavam de pé, um tentando derrubar o outro. A camisa de Calebe rasgada e o grandão tinha sangue saindo do nariz. O meu amigo estava com dificuldades naquela luta por causa do ombro ferido, e gemia diversas vezes em que era golpeado pelo adversário.

O menor investiu sobre mim e eu segurei o seu soco. Tentei devolver o mesmo golpe, mas antes que eu piscasse eu estava no chão. Me senti um grande idiota. Eu já havia derrubado aquele tampinha antes, como poderia perder a briga desta vez?

Me levantei rapidamente e ele já estava com a arma na mão segurando –a desajeitadamente me dando tempo para ataca-lo. Segurei sua mão direita, aquela que ele segurava a pistola, e empurrei com força até que ambos caíssemos sobre o gramado inundado. A arma caiu alguns metros de nos e eu aproveitei a oportunidade e pulei em direção ao objeto homicida.

Segurei aquele objeto metálico com força, sentindo os braços falharem.

-- Parem! – Gritei apontando para o menor que estava no chão.

Todos ficaram imóveis, inclusive Calebe, que me olhava com admiração.

-- Cuidado com isso garoto. – Falou o policial maior.

-- Entrem todos para dentro agora! – Falei irritado. Eu só queria sair daquela maldita chuva, era pedir muito?

O menor se levantou me olhando com ódio, olhar que o maior conseguiu reproduzir muito bem. Calebe o empurrou na direção da varanda e ouviu um “não me toca” como resposta.

Peguei as algemas antes de entrar.

-- Para o sofá. – Fale gritando.

Meu corpo tremia de frio e com eles não era diferente. Calebe ainda segurava o ombro que pingava sangue sobre o carpete marrom da sala de estar.

Entreguei as algemas para Calebe. Ele os fez sentar no sofá e algemou os dois com os braços para trás.

-- Quem são vocês? – Perguntou o maior.

Subitamente Calebe desferiu um soco no rosto dele, forte o suficiente para fazê-lo cair sobre o sofá e gemer.

-- Isso foi pelo tiro. – Falou sentindo o punho doer pela força que fez.

O repreendi com os olhos e ele deu de ombros.

-- Vocês não vão se safar dessa! – O pequeno falou com sua voz extremamente irritante e aguda.

-- Cala essa boca projeto de gente. – Calebe disse bravo.

O menor o olhou com indignação nos olhos.

-- Olha só... – Comecei. – nós não queremos machucar vocês, mas vocês precisam nos ouvir. Eu sei que estão atrás de mim, mas não sou quem estão procurando...

-- Se não é culpado por que fugiu? – Perguntou o maior se ajeitando no sofá.

Seria difícil explicar tudo aquilo para eles, mas eu sabia que não dava simplesmente para usar a minha influencia com eles, uma por eu não saber como fazer para usar este poder, que simplesmente surgia sem que eu pudesse controlar, e outra por que eles viram o que aconteceu segundos atrás. Se os Rily ainda seguiam o pacto de Pacto de Thaigos, que não permitia que se revelassem para os humanos, sabe lá o que fariam com aqueles dois para manter o segredo dos bruxos.

Eu precisava convencê-los do que eu iria dizer. Eu precisava da ajuda deles e eles precisavam da minha.



O Túmulo de Jeremy Rily (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora