prólogo

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Para alguns a morte é o fim, para outros não.

Quando o seu coração parar de pulsar e o sangue deixar de correr em suas veias, você estará morto.

Quando o cérebro não funcionar mais e o seu corpo vegetar, você estará morto.

Quando os seus pulmões deixarem de sugar o oxigênio e você sufocar, você estará morto.

No fim, você sempre morre.

Sem saída.

Sem escapatória.

O mundo gira a favor de sua morte. Você esta vivo pra morrer. Todos nós estamos.
Existe algo mais, além disso?

A chuva não dava trégua, eu acelerava o carro o máximo que podia. Calebe estava em perigo e somente eu poderia fazer alguma coisa.

A cortina de agua que caia do céu não me permitia ver muita coisa a minha frente. Mas eu precisava ser rápido. Eu não deixaria Calebe morrer, já havia perdido Ed, não perderia o outro.

Fora do veiculo as arvores pareciam querer voar, o vendo chicoteava violentamente fazendo-as quase se partirem. O asfalto escorregadio. O carro baixo e leve. Eu...

Atormentado.

Ainda não tinha superado a morte de Ed. Era culpa minha. Eu não deveria ter o deixado ir, mas eu deixei e agora ele estava morto. Eles iriam pagar pelo que fizeram. Eu queria vê-los mortos.

A justiça tinha de ser feita e eu a faria a próprio punho.
Odel já estava morta. Faltavam Otto, Catarina e Odete, mas isso deveria ficar para depois, agora o que me importava era Calebe.

Três dias haviam se passado desde que saímos da Fazenda de Catarina, achávamos estar seguros, mas não estávamos. Catarina tinha um plano B.

Para tudo há outra forma.
Para Jeremy havia outra chance.
Alguém surgiu de repente no meio da estrada. Eu não esperava.
O susto foi tão grande que acabei girando o volante mais do que devia. Perdi o controle. Os pneus derraparam.
O carro capotou uma, duas, três vezes até para a beira da estrada sobre o capim.

Meu corpo doía. Havia sangue em meus braços e rosto sabe lá onde mais. Minha cabeça parecia querer explodir de tanta dor.

Olhei para o estranho, que me olhava de volta com um sorriso cínico nos lábios. Ele se desmaterializou devagar, expondo todo seu  autocontrole. Ele podia controlar isso agora. Lentamente seu corpo se tornou fumaça e diferente de antes que sumia ao vento, desta vez veio em minha direção lentamente. Tentáculos escuros saíram daquela coisa quando ela parou bem próximo. Eu estava pendurado de cabeça para baixo preso ao cinto de segurança.

Um raio cortou o céu seguido por uma trovoada barulhenta.
Senti aquele tentáculo escuro e esfumaçado tocando a minha pele. Pareciam dedos. Dedos gélidos tocando levemente o meu rosto.

-- Você será meu, Jimi. – Aquela voz conhecida saiu de dentro do circulo enegrecido que flutuava a centímetros do chão. – Não lute contra isso.

Então ele se foi.
Simplesmente desapareceu, como se nunca tivesse estado ali.
Senti meu coração apertar.
Jeremy estava de volta.
Agora mais forte.
Mas eu vi o fogo. Ele estava morto. Não tinha como sobreviver. Ele estava morto.

Alguns fins são apenas o começo.
Tudo aconteceria de novo? Não! Ele foi vencido antes, eu podia detê-lo outra vez.


O Túmulo de Jeremy Rily (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora