a cabana

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Não era uma cabana muito grande, apenas uma simples construção de madeira escondida entre arvores altas. Uma casinha visivelmente envelhecida pelo tempo.

Levantei-me do chão e caminhei até lá.

As arvores a protegiam do sol e seus troncos cresciam rente a parede. Três degraus levavam até uma porta de madeira entreaberta, havia duas janelas de vidro sujo de poeira, uma de cada lado da porta.

Entrei com cuidado ouvindo o assoalho de madeira acinzentada ranger a cada paço. A tinta marrom estava desbotada por fora, mas por dentro, apesar de suja, ainda estava em bom estado.

O espaço ali era pequeno.
Uma cômoda velha e faltando duas das cinco gavetas, de madeira amarela.

Uma cama de madeira grossa e avermelhada, empoeirada. O colchão fino e visivelmente desconfortável estava coberto por lençóis listrados que um dia foi branco e azul, mas que agora tinha uma tonalidade creme.
Algumas caixas amontoadas ao pé da cômoda.
O teto tinha fissuras pequenas que permitia a entrada de finos feixes de luz, que podia ser visto sobre a poeira que infestava o ar.

Era tudo muito rustico, mas estranhamente organizado.
Comecei a vasculhar as caixas a procura de algo que eu pudesse usar contra Odete, aquela devia ser uma cabana de algum caçador, eu encontraria algo, certo?

Em segundos todo o conteúdo das quatro caixas estava espalhado pelo chão. Havia de tudo um pouco, cordas, roupas velhas, velas, algumas facas enferrujadas, panelas, talheres, pratos, linha de pesca, copos...
Depois das caixas fui para a cômoda e ali não encontrei nada muito diferente, uma gaveta vazia, outra com roupas sujas e roídas, uma com alguns livros mofados. Abri um largo sorriso ao ver debaixo das roupas de tecido frágil um facão de caça.

Então era tudo o que eu tinha. Três facas, sendo uma de serra pequena, uma de cortar carne e uma militar pequenininha de cabo preto; um facão pesado; cordas; e vidro.

Eu não sabia ao certo como usar tudo aquilo ao meu favor, uma vez que não eram os mais letais objetos que eu queria, mas eu precisava fazer algo com tudo aquilo.

Decidi parar de fugir. Aquela cabana seria o meu campo de batalha. Se eu continuasse eu morreria de fome e sede, ou de cansaço. Logo eu não teria mais forças para correr e ser encontrado seria inevitável.

Era inevitável.
Eu precisava lutar agora.
Eu devia bolar um plano.

Pensa.
Pensa.
Pensa.

O que meus heróis dos filmes fariam? Bem, filmes não são as melhores referencias, mas era tudo o que eu tinha naquele momento.

Eis o plano.

Usar tudo o que fosse necessário.
Derrubar um de cada vez.
Eles me alcançariam em umas quatro horas a julgar a velocidade que andavam quando comecei a correr, a noite me ajudaria a me esconder.
Odete deveria ser a primeira, por causa do seu dom e por que era ela quem dava as ordens. Sem ela eles ficariam inúteis, ao menos era o que eu pensava.

Eu estava confiante? Não.
Iria funcionar? Não.
Eu conseguiria me salvar? Dependia apenas de mim.

Coloquei sobre a mesa todos os objetos que podiam ser usados como arma, mas senti o meu corpo pedir por um tempo. Eu estava exausto.
Analisei aquela cama velha.

O que eu tinha a perder afinal?


O Túmulo de Jeremy Rily (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora