bom humor

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Voltamos a estrada, Calebe insistiu para que eu tomasse um medicamento que ele comprou em uma farmácia qualquer e eu acabei dormindo por um bom tempo. Acordei na tarde do dia seguinte e notei que estávamos parados. Kim e Calebe não estavam no carro o que me fez pular do banco imaginando ter acontecido algo ruim com os dois.

Observei o exterior do carro. O veiculo foi estacionado trinta metros da estrada próximo a uma ponte de concreto gigantesca, as arvores se erguiam imponentes em ambas as margens da rodovia. Um rio de aguas escuras e muito grande passava por baixo da ponte e um pouco distante de onde eu estava dois homens sentados sobre a areia próximos a agua. Respirei aliviado por perceber que estavam bem.

Sai do carro e senti o sol sobre a pele, e o vento úmido me abraçar com leveza, e o barulho da agua escorregando por sobre as pedras formando pequenas ondas que iam e vinham incessantemente. Na estrada carros e caminhões passavam o tempo todo, deveria ser algum feriado a julgar pela quantidade de carros de passeios que iam e vinham. Eu já estava fora do mundo a tanto tempo que nem sabia mais o que acontecia fora daquela loucura que estava sendo a minha vida.

Espreguicei-me e andei na direção dos dois que assim que notaram minha aproximação viraram-se para mim. Calebe abriu um enorme sorriso como de costume, com os olhos apertados por causa da luz do sol que lhe iluminava o rosto.  Kim, também sorriu, mas de forma comportada menos exagerado que o outro.

-- Por quanto tempo eu estive apagado? – Perguntei assim que cheguei.

-- Umas dez horas eu acho. – Kim falou.

Calebe estava sem camisa e com os cabelos encharcados, deveria ter acabado de sair da agua, Kim com uma regata branca, mas se encontrava seco.

-- Por que paramos? – Perguntei para qualquer um dos dois.

-- Calebe insistiu para eu parar, depois que viu a agua. – Ele riu. – Esse garoto parece um peixe.

Eu ri achando graça da piada, que no fundo não teve graça, mas acho que depois de tanta seriedade da parte dele, fazer comedia não era assim tão fácil.

-- Eu poderia ficar aqui para sempre. – Calebe falou. – Me lembra da fazenda sabe... Por mais que os Rily fossem verdadeiros monstros, foi lá que eu cresci. Era o meu lar.

Sentei-me ao lado dele.

-- Eu sinto muito. – Falei me sentindo culpado pela sua quase morte. – Se eu não tivesse...

-- Cala a boca Jimi. – Ele repreendeu me olhando serio, mas com o tom da voz normal. – Não é culpa sua. Eles levaram você até lá, eles tentaram me matar e foram eles quem matou a sua família e a minha. Se a fazenda pegou fogo foi consequência do que eles fizeram. E além do mais eu estaria preso para sempre lá se você não tivesse aparecido.

Ele voltou a olhar a agua.

Talvez tivesse razão, eu não tinha motivos para me sentir culpado, afinal eles realmente manipularam toda a situação. Os Rily eram os culpados.

-- Kim? – O chamei e ele rapidamente olhou para mim. – Quem você deixou para trás?

Ele meneou negativamente a cabeça.

-- Ninguém.

-- Como assim ninguém? – Perguntei incrédulo. – Você tem família, certo?

-- Não. – Ele falou normalmente, aparentando não se sentir incomodado ao falar do assunto. – Eu cresci em um orfanato e depois que entrei para a policia não tive tempo de constituir família. O meu único amigo era o Theodor e nem éramos assim tão próximos...

-- Com essa cara de gente chata. – Calebe interrompeu. – Fica meio difícil de ser próximo mesmo. – Falou entre risada.

Calebe tinha um senso de humor um tanto imaturo ainda.

-- Ele é sempre assim? – Kim me perguntou irônico.

-- Nem sei te responder. – Falei rindo. – O conheço a menos de duas semanas.

Kim meneou a cabeça negativamente ainda rindo.

-- Me arrependo do momento em que decidi entrar no seu caso.

-- Teria nos poupado muita dor de cabeça se tivesse ficado na sua. – Calebe respondeu.

-- Me arrependo do momento em que decidi ir para aquela fazenda maldita. – Falei.

-- Eu sou o único, que iria me ferrar de qualquer forma, aqui. – Calebe brincou novamente.

-- Por que diz isso? – Kim o olhou curioso.

-- Se Jimi não tivesse aparecido na fazenda você estaria cuidando dos seus casos, ele estaria na casa dele e eu estaria lá, confinado aquela família do inferno.

-- Catarina tem alguma forma de nos encontrar? – Perguntei para Calebe que fechou o sorriso rapidamente.

-- Sim, ela tem. Existem alguns feitiços que servem para rastrear. Como conjuradora ela pode fazer muitas coisas.

-- essa é a melhor noticia que eu poderia ter recebido agora. – Ironizei.

-- Calma. – Ele falou. – O nosso maior problema agente já deu um jeito. – Falou se referindo a Otto.

-- O seu tio perdeu a cabeça. – Kim o acompanhou na piada e nós três começamos a gargalhar.

O Túmulo de Jeremy Rily (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora