Allysson Brooke não acreditara no que ouvira naquela ligação
Normani, levando as gêmeas pro shopping? Em plena quinta-feira? Sem nenhuma babá? Sem a presença de Ally?
Ohhh tinha algo muito errado ali, a loira sabia. Foi pensando assim, que deixou os contratos que tinha que renovar em nome de sua patroa, e saiu em direção ao shopping que sua esposa tinha dito estar indo. Era certo que tinha muito o que fazer, e sem Lauren por perto, lidar com empresas e seus respectivos donos, como Forrest, Schreave e até mesmo os diplomáticos York, se tornava insuportável e de dificuldade máster, mas também não podia deixar Normani tocar o terror juntamente das filhas. Porque se deixasse, elas colocavam a casa das quatro abaixo.
E Normani já dera provas suficientes de que deixa-la por muito tempo, a sós com as filhas, era estrago na certa, tal como quando permitiu e ajudou as gêmeas na brilhante ideia de enterrar a cama elástica no gramado do jardim. Isso rendeu a Holly um braço esquerdo fraturado e engessado por algum pulo que resultou com ela no chão de grama, chorando por Ally. Ou da vez que Mani também ajudou as gêmeas a encher toda a varanda de água e sabão para escorregarem, resultando numa Ayla sem um dente após bater com força em um dos pilares e berrando novamente por Ally.
A loira sabia que deixar a esposa sozinha com as gêmeas, sem a supervisão de nenhum adulto pensante e resistente aos biquinhos fofos que as loirinhas faziam, era certeza de confusão e dor de cabeça pra mãe que acalentava e mandava ao mesmo tempo
Por isso, dirigiu o mais rápido até o local e pegou o exato momento em que a esposa estacionava o carro
- Mommy! - ouviu o grito em conjunto ao mesmo tempo que dois furacões loiros atacaram sua cintura com os bracinhos curtos, lhe apertando enquanto gargalhavam felizes
- Allycat? - ouviu a voz da mulher, confusa e espantada
- O que está aprontando, Normani? - perguntou séria, pegando Ayla no colo, que não podia vê-la sem ficar extremamente manhosa enquanto Holly, tocava o terror no estacionamento, correndo por entre os carros parados
- Digamos que não sou eu, amorzinho... - a negra murmurou, dando de ombros - E que por não ser coisa minha, não posso dizer...
Ally estreitou os olhos para a esposa, sabia que tinha algo errado ai
- Dinda DJ tem filhinha mommy - Ayla falou, mexendo no pingente de sua mãe, cuja duas meninas estavam gravadas, sinalizando ela e sua irmã mais velha
Allysson olhou da filha para a esposa
- Vamos Mani, me explique - quase ordenou
Normani revirou os olhos, pelo visto, a filha era uma fofoqueira quando se travava da mommy dela
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Dinah desceu do carro sem vontade alguma, ajudando Camila a descer, que automaticamente, para surpresa da loira, se agarrou com força a seu braço direito, como se quisesse se esconder
- Ei Mila - Dinah chamou, se abaixando na altura da menininha - Tudo bem, tá tudo bem, tô aqui com você - a garantiu o óbvio, encarando seus olhinhos assustados e levemente lacrimejados
A garotinha tocou o nariz, confirmando que havia entendido, mas para completa surpresa de Dinah, assim que a mais velha ergue-se, bracinhos ergueram-se na sua direção
Ela a olhou sem entender, enquanto Camila fazia um biquinho fofo e abria e fechava as mãozinhas pequenas
Ela queria... Colo?
O colo de Dinah?!
- Você quer colo, é isso? Quer vir pro braço? - perguntou confusa e viu Camila tocar no narizinho várias vezes seguidas
Com calma, pegou o pequeno corpo contra o seu e sentiu ela se aninhar a si, entrelaçando as pernas na cintura de Dinah assim como os bracinhos finos rodeando seu pescoço com delicadeza. A pequena cabeça descansou no vão se seu pescoço e como se fosse tão natural quanto a luz do dia, ambas suspiraram.
Por um breve segundo, cujo tempo pareceu incontável para Dinah, ela não conseguiu respirar. Apoderada por um sentimento forte, quente e ao mesmo tempo, doce.
Quando se virou em direção a melhor amiga de sua esposa, encontrou um sorriso gentil na face também gentil e linda de Ally
Era uma mãe, olhando para outra
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- Acha que fiz errado? - Dinah perguntou enquanto empurrava o carrinho por mais uma seção lotada
Allysson simplesmente parou e a encarou, ainda segurando outro pacote de fraldas descartáveis
- Sim e não, DJ - falou com calma - Não porque você fez o bem que ninguém faz, e sim porque fez isso pelas costas de Lauren, e ela é sua esposa, responsável legal por Camila também - Ally continuou seu discurso, como a perfeita advogada que era
- Ela vai ficar furiosa... - Dinah sussurrou, voltando os olhos para a garotinha que brincava alheia dentro do carrinho abarrotado de coisas
Como era de se esperar, Camila ficou assustada todo o caminho até chegarem a MacroBaby, apertando Dinah com força e dando leves choramingadas no colo da mais velha, que tentava a todo custo acalma-la e lhe passar segurança. Mas para a gratidão de Dinah, a loja estava parcialmente vazia, e isso, fez uma Camila enfim calma, confiar nela o suficiente para ficar sentadinha, no carrinho, brincando em silêncio com as coisas diversas que Ally colocava no carrinho, sempre a dando um sorriso singelo e reconfortante que fazia a garotinha ter certeza de que a baixinha não era má.
Enquanto a menina brincava alheia a tudo, Dinah pensava seriamente no que havia feito e se isso realmente daria certo
Ally já a havia despejado uma série infindável de recomendações necessárias para lidar com uma bebê, que era o que Camila era. Além de tudo que a loira mais baixa tagarelava, ainda colocava uma pequena fortuna dentro do carrinho, dizendo ela que tudo aquilo ali dentro era necessário e quase "vital" para Dinah saber conviver com a menina bebê ali
Quando por fim as compras ali acabaram, e ambas se encontravam empurrando dois carrinhos abarrotados de sacolas em direção ao carro de Dinah, a Sra. Jauregui já não conseguia lembrar de absolutamente nada que a amiga dissera sobre como fazer mamadeiras ou medir uma temperatura. Agora, mais do que todas as horas do dia, questionava-se o que se passava em sua cabeça para aceitar cuidar de uma criança
Afinal, ela havia feito isso no impulso, movida a sentimentalismo, dando o nome da esposa sem o conhecimento da mesma. Ademais, não sabia cuidar e nem tivera convívio com nenhuma criança ao longo de sua vida. Seus pais, Milika e Gordon, passaram longos anos como pais de uma única menina, Dinah, e só então, depois que a moça de 19 anos se aventurara a sair de casa e tentar uma vida melhor do que a que eles mantinham com esforço nos subúrbios pobres de Sant Ane, haviam tido mais filhos, primeiro viera Funaki, com seus atuais 6 anos de muitas travessuras, logo em seguida, Regina, no auge dos 5, sendo uma adorável garotinha e por fim, o pequeno e terrível Seth, que segundos seus pais, poderia facilmente virar a casa ao avesso mesmo tendo somente 3 anos.
Quando todos nasceram, Dinah já se encontrava no centro da vida em Nova York, lutando para sobreviver sozinha até o momento em que aquela desejada empresária passou pela porta do Bistrô. Foi no minuto seguinte que Dinah soltou demais sua língua, algo que sempre fez com frequência e naturalidade, que os olhos mais lindos existentes se fixaram nela, que a moça de origem polinésia soube que não só sua vida, mas ela própria, jamais seriam as mesmas.
Logo, seus irmãos cresciam muito distante dela, e se não fosse por Lauren, Dinah duvidava muito que tivessem o convívio que tem até então, já quê a mulher costuma viajar pelo menos quatro vezes anuais a casa de seus pais.
Dessa forma, a loira se encontrava em um completo dilema sobre o que fazer com a menininha que apertava sua mão com força total e caminhava ao seu lado, quase colada a seu corpo Mas foi quando guardou tudo no carro, enquanto Ally tagarelava sobre algo que ela não ouvia e novamente, bracinhos finos se ergueram em sua direção, que ela percebeu
Percebeu. Notou. Observou. Entendeu. Sentiu.
A sincronia natural que se acometia sobre seu corpo, assim que o pequeno corpo de Camila entrava ao alcance de seus braços.
A sensação inebriante de relaxamento que ter a cabecinha dela descansando no vão seu pescoço.
A suavidade quase palpávelmente doce cujo os dedinhos pequeninos tocavam sua a pele desnuda e exposta de seus ombros e pescoço
A paz, divina e descomunal, que o simples ato de senti-la respirar junto a si, em seu corpo, ao contato com sua pele, lhe recaia como um presente supremo e celeste
Deixar Camila, desistir, não era, nunca fora, e talvez, jamais seria, uma opção.
Por isso respirou bem fundo, deixou um beijo longo nos cabelos dela e rumou de volta ao shopping, determinada a fazer dela, naquela tarde e por todo o tempo que ficassem juntas, uma criança feliz, muito feliz.
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Here Comes the Sun
RandomDinah só queria amor, Camila só queria ser amada e Lauren, não sabia nada sobre isso. "Querida, tem sido um inverno longo, frio e solitário Querida, parece que faz muitos anos desde que ele esteve aqui Lá vem o sol Lá vem o sol E eu digo Que está t...