Ei, linda garotinha

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Nem mesmo os olhinhos castanhos sonolentos, vidrados em si, conseguiam a prender totalmente. Seu coração se expremia no peito a cada batida. Nem mesmo as mãozinhas doces de Camila, alisando seu rosto com pouca coordenação e sua boquinha pura sugando com fome o seio materno, conseguiam trazer a atenção completa da loira para si. Dinah não parava de pensar no que estaria acontecendo entre Taylor e Lauren. Sabia perfeitamente que sua esposa nunca machucaria realmente a menina, mas mesmo assim, Lauren conseguia ser bem criativa com relação a punições e castigos educativos, como da vez que fizera Taylor ficar presa no sótão de casa por ter colocado sua amiguinha no mesmo lugar um dia antes ou quando a fizera ficar de bumbum vermelho e de fora na frente de suas primas distantes por ter jogado tinta permanente lilás nelas e havia, é claro, a memorável vez que Lauren fingira que ia quebrar seu braço por ela ter empurrado sua nova babá da escada e feito a moça fraturar ambos os braços da queda, obviamente Lauren não quebrou o braço da irmã e jamais faria isso, mas todo o medo que Taylor sentiu enquanto a irmã mais velha dizia que iria quebrar seu braço para ela entender o que Kristine estava sentindo, a educou com perfeição. Mesmos as punições dolorosas e criativas da esposa sendo realmente leves e sempre, eficazes, Dinah ficava temerosa por Taylor, afinal, ela ainda era uma menina e era somente levada e arteira, como qualquer criança de sua idade.
A loira a amava muito e enxergava com exatidão toda a carência da adolescente em relação a uma figura materna presente e amável, algo, que Clara jamais fora e também jamais deixara Lauren se tornar para a irmã, lembrando sempre a Taylor que sua Lo era somente sua irmã mais velha e que logo, ela teria filhos seus para se preocupar.
Mas quando sua amada esposa entrou pela porta, sorrindo de canto, seu coração se acalmou imediatamente
- Bom dia - Lauren saldou animada
- Papa! - Camila gritou, largando o seio materno para sorrir em direção a mulher
Lauren correu até a cama e se jogou de bruços, com cuidado para não machucar suas lindas meninas. Beijou o pescocinho desnudo de Camila que gargalhou alto e deliciosamente
- Dia papa! - saudou alegre, sorrindo para a mulher que lhe olhava encantada
- Você dormiu bem Camz? - Lauren questionou limpando levemente resquícios de leite materno nos lábios e queixo da sua bebê
- Hunrun - conformou sorrindo para sua papa
- Bom dia Sweet - Lauren saudou, finalmente olhando para sua linda mulher
- Bom dia Lolo - Dinah sorriu doce, aliviada
- Volta a mamar Camz - a britânica sussurrou para a menininha que rapidamente, voltou ao seio
- Sem dormir princesa - Jay alertou quando Camila fechou os olhos levemente, mamar era sinônimo de dormir para aquela gatinha manhosa
Os olhos de Dinah voltaram-se para os de Lauren e ambas sorriram no mesmo segundo, era, de todos os sentimentos que já haviam compartilhado, o maior e melhor
Amor incondicional. Ambas sabiam que amavam incondicionalmente aquele pequeno anjo e nada precisava ser dito entre elas, para confirmar a veracidade desse amor.
- Vamos ao lago de Sant's Edward mais tarde, quem sabe almoçar por lá hum? - Lauren informou, massageando levemente a perna da esposa que sorriu doce
- É uma ótima ideia - Dinah confirmou 
Ficaram por minutos só curtindo o amor sereno daquele momento tão íntimo de Dinah e Camila, que sempre, com a presença de Lauren, passava a ser dela também 
- E Tay? - a loira questionou sem se conter 
Lauren riu nasalmente e sorriu terna 
- Está bem - garantiu brincando com os dedinhos espertos de uma bebê que estava vidrada na conversa delas - Entendeu o quão grave foi o que fez, se arrependeu e esta pronta para pedir desculpas e nunca mais fazer algo parecido novamente - assegurou levemente séria, as mãos fortes passando pelas coxas desnudas da esposa e a fazendo se arrepiar com o toque firme, porém gentil - Te machuquei mais cedo? - questionou temerosa e Dinah teve que sorrir
Mesmo a loira considerando marcas como lembranças de momentos ardentes, Lauren tinha um severo medo de machuca-la mesmo em uma instância que aos olhos de Dinah, era positiva 
- Não daddy - soltou calma, acariciando a face branca e belíssima da maior 
Sorriram cúmplices novamente, quando se tratava das três, há necessidade de palavras se ia.
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Ela ainda não conhecia aquela parte do castelo e foi até a torre, encantada e com uma forte pontada de curiosidade no peito. Queria explorar cada detalhe até conhecer absolutamente tudo daquela ala do castelo. Mas a seu lado, Lauren permanecia rápida em seus passos, a levando cada vez mais alto sob as escadas de pedras antigas e escuras
A maior lhe abriu uma porta muito pesada e Taylor passou rapidamente, sorrindo. Até dar de cara com Chris, parado ao lado de uma grande e antigo baú
- Oi gorda - ele brincou com a voz levemente embargada, um sorriso triste em seus lábios bonitos - Queremos te mostrar uma coisa - contou, dando uma grande passada para o lado em tempo de revelar a Taylor, um antigo projetor de vídeos, atrelados a um reprodutor de fitas cassetes que seu corpo alto cobria pouco 
- Senta ali Taytay - Lauren instruiu com calma indicando um sofá lateral a parede do projetor 
A menina sentou no estofado escuro com calma, confusa e curiosa, vendo seus irmãos mais velhos fazerem o mesmo 
- Taylor - Lauren foi a primeira a falar, tomando a mão gordinha contra a sua de maneira delicada - Temos que te pedir perdão por não termos feito isso antes...
- O que você vai ver, o castelo... Tudo aqui, nos lembra dele e... - Chris escondeu as lágrimas enquanto falava - Papa era tudo que mais amávamos, nós três pensávamos assim... É claro que você era muito pequena para lembrar -  deu de ombros e sorriu para a menina que já lhe encarava com lágrimas não caídas - Passamos muito tempo para suportar a vinda até aqui... Mas aqui estamos, bem atrasados pela minha dor Tay, mas ele detestaria me ver assim -  suspirou limpando suas lágrimas e sentindo a força que sua irmã mais velha lhe passava apenas ao fita-lo em silêncio  - Espero que nesses vídeos você veja o porque o amamos tanto
Calmamente, Lauren apertou um botão em um velho e gasto controle remoto 
Um quadrado branco surgiu na parede e o barulho de fitas e imagens sendo rodadas invadiu a torre, por muito pouco tempo, logo, uma risada masculina alta, fez dois corações ali, errarem a batida 
Depois, sua voz. Em seguida, seu rosto. Logo, ele inteiro
Os três irmãos assistiram, por duas horas seguidas, todos os vídeos caseiros que possuíam
Viram Taylor dar seus primeiros passinhos, naquela cabana, indo atrás de Lauren. Viram sua primeira gargalhada. Viram ela comer sua primeira papinha. Seu primeiro dia de escola. Sua primeira volta no Mustang.
Assistiram a ela e Lauren no lago, na cabana, contando histórias, brincando de bonecas, correndo na grama, trocando beijos e abraços.
Assistiram enquanto Chris a jogava para o alto, lhe empurrava em um carrinho de mão, lhe ajudava a pescar, jogava jogos de tabuleiro, comiam chocolates escondidos, riam com as mãos nas barrigas protuberantes.
Se viram muitos anos mais novos, virando o réveillon, almoçando em um sábado comum, construindo uma cabana, cavalgando na campina, dirigindo pelos arredores do castelo, aprontando travessuras, rolando na grama, fazendo cabanas, se apresentando na escola, dançando balé, jogando futebol e badminton. Rindo. Rindo muito. Felizes.
Tudo filmado, comentando, por Michel. Tudo.
Ele estava lá, de uma maneira que jamais estivera
Durante todos os primeiros quatro anos de vida da pequena Taylor, ele ficara.
Realmente ficara
Todos os dias
O corpo rechonchudo bem vestido, o cavanhaque perfeito, os olhos amáveis, a risada calorosa.
Ele dançava com Lauren, beijava Taylor e bagunçava os cabelos surfistas de Chris
Ele.
Bem ali.
Os amando, todos os dias.
Até aquela fatídica manhã de julho, quando ele infartara aos 44 anos de idade.
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Ao final de todos os vídeos, Lauren e Chris guardaram as fitas, o projetor e o reprodutor de volta ao baú e olharam para a menina que ainda chorava quieta sobre o sofá
Trocaram um simples olhar cúmplice e o homem se ergueu, caminhando com calma, apesar do coração urrando de saudades no peito machucado, e tomou nas mãos o violão e a guitarra escondidas atrás da porta
- Papa cantava essa música para você - disse simples, se sentando ao lado de Lauren sobre o baú, antes de lhe entregar a sua antiga guitarra e fitar Taylor
- Who's my pretty baby? Who's my pretty little baby? - cantaram juntos, meio roucos pelo choro recente, a melodia animada os embalando - You're my, my pretty little baby

(Quem é minha linda bebê?
Quem é minha linda bebezinha?
Você é minha linda bebezinha)

- Hey Hey pretty babe... Hey Hey pretty baby - prosseguiram, cada vez mais no ritmo por se lembrarem ainda mais da canção que era tão animada, conhecida e amada - Ho Ho pretty little baby... You're my, my pretty little baby

(Ei, querida... Ei, linda garotinha
Ho Ho linda bebezinha... Você é minha linda bebezinha)

Taylor somente sabia sorrir, embalada pela música feliz, pelas lembranças cujo ela acabara de adquirir e pelo amor. Amor que lhe fazia querer gritar tamanha a felicidade
Como ela era amada, e agora, tinha certeza disso
- Who'll be my little girl? Who'll be my nice lady? - a música era cantada em meio a sorrisos felizes, gratos - Who'll be my funny little buddy? Hey hey pretty babe

(Quem vai ser minha garotinha?
Quem vai ser minha bela dama?
Quem vai ser minha amiguinha engraçada?
Ei, ei linda bebê)

- Canta com a gente Taytay - Lauren chamou animada, arrancando uma risada da garota que se preparou para cantar junto - You'll be my little girl... You'll be my nice lady... - as vozes dos três se misturaram altas e em sintonia, sendo ouvidas por todo o castelo - You'll be my funny little buddy... Hey hey pretty babe

(Você será minha garotinha... Você será minha bela dama... Você será minha amiguinha engraçada... Ei, ei linda bebê)

- Who's my pretty baby? Who's my prett little baby? - cantaram por fim, a plenos pulmões, os sorriso rasgando os rostos e os olhos cintilando uns para os outros - You're my, my pretty little baby... Hey hey pretty girl

(Quem é minha linda bebê?
Quem é minha bebezinha?
Você é minha linda bebezinha... Ei, ei linda garotinha)

E naquele instante, quando a melodia e a música cessaram, as gargalhadas altas romperam de seus peitos machucados e aquecidos, com a eterna certeza de que se amavam e jamais estariam sós.
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Here Comes the SunOnde histórias criam vida. Descubra agora