Merdas na cabeça

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A cafeteira eletrônica fazia mais barulho hoje ou era somente porque sua mente reclamava de cada mínimo ruído?
A loira olhou para o objeto de metal vermelho e o desligou sem suportar mais seu barulho irritante, mesmo que houvesse apenas metade do líquido escuro e forte em sua caneca.
Agarrou seu celular e tentou novamente, recebendo o mesmo recado: "Aqui é Lauren Jauregui, não posso atender no momento, deixe seu recado e eu lhe retornarei assim que possível"
Quis jogar o iPhone contra a parede tamanha a raiva mais sabia quem sairia no prejuízo seria somente ela.
Lauren havia prometido chegar pela manhã, bem cedo, no entanto, era pontualmente 14:30 da tarde de quinta feira, coincidentemente, fazia duas semanas que Camila estava sob os cuidados das duas. Cuidados estes que não estavam sendo bem aplicados já que a bebê estava com a garganta inflamada e passara toda a madrugada com febres altíssimas que fizeram Dinah quase arrancar os cabelos e tentar a todo custo ligar para sua esposa, Regina, Ally ou até mesmo sua mãe, Milika, embora, nenhuma atendera na calada da noite, e pela manhã, quando as mães lhe retornaram, Camila já estava mamando quieta em seu seio, sem febre alguma depois do antitérmico adulto que Dinah lhe dera com bastante medo. A garotinha ainda dormia na cama do casal, e se recursara a comer qualquer comida com a exceção de sua mamadeira cheia de leite quente e forte perto das 08:00 da manhã.
Coincidentemente também, era o dia de folga de Lena, todas as quintas, o que deixava a loira ainda mais nervosa
Tantos questionamentos se passavam em sua mente, tanta angústia e principalmente, tanta culpa
Era sua culpa, só sua
Se tivesse ouvido Regina Mils, Camila não teria adoecido
Talvez ela não estivesse mesmo pronta pra ser mãe
Talvez nunca estivesse
Mergulhada em seus anseios, só despertou quando uma chave girou na fechadura e a porta da frente foi aberta
- We are the champions, my friends - a voz rouca cantava baixinho e de forma animada um de seus sucessos mais amados do rock  - And we'll keep on fighting... 'Till the end

(Nós somos os campeões, meus amigos
E nós continuaremos lutando... Até o fim)

Dinah ouviu o barulho da mala sendo arrastada pelo assoalho e comum som da chave sendo jogada contra o estofado do sofá
O corpo alto entrou em seu campo de visão, de costas, divino dentro de calças folgadas e social, azul bebê e um blazer de mesmo conjunto, os braços fortes visíveis mesmo pelo tecido
- We are the champions - a observou cantar alegre enquanto colocava um enorme  e colorido buquê em cima da mesa de canto - No time for losers... Cause we are the champions of the world

(Nós somos os campeões
Os perdedores não têm vez... Pois nós somos os campeões do mundo)

E então, o par de turmalinas estonteantes se virou para Dinah
- Ei... Oi meu amor - Lauren cumprimentou doce, belíssima dentro daquele terno azul bebê com camisa e saltos altíssimos, brancos
Caminhou até sua Jay e quando estava a poucos metros dela, notou que havia algo de muito errado com sua esposa.
- O que houve Dinah?! - quase berrou com os nervos a flor da pele, um reflexo de seu senso de proteção e preocupação tão fortes, ao fitar o cansaço e abatimento da loira
- Camila tá doente daddy - choramingou, abraçando o corpo da maior e enterrando a cabeça no peito de Lauren, menta e madeira por toda parte de seu ser
- De quê? - a britânica perguntou com gentileza enquanto afagava de maneira doce as costas de Dinah
Não deu tempo dela responde, pois um chorinho rouco e contido, foi ouvido lá de cima
No segundo seguinte, não havia mais  braços em volta de si, somente a lembrança deles e a visão de Lauren subindo as escadas com rapidez mesmo em cima de seus Manolos
Dinah subiu logo atrás, sentido seu corpo implorar por um simples descanso
- Ela tá ardendo em febre! - ouviu o grito bravo e preocupado de Lauren assim que entrou no quarto das duas - Você a deu remédio? Quanto tempo faz? Que remédio foi? - questionou, ainda com uma mão na testa e outra no pescoço da bebê que a encarava de olhinhos turvos pelas lágrimas
- Foi... Foi um antitérmico lá da dispensa, mas eu dei era umas 05:30 da manhã... - a loira gaguejou temerosa
- O QUÊ?! Dinah o que merda você tem na cabeça?! - o berro da maior foi sonoro até mesmo para os vizinhos - Aquele é um antitérmico de adulto! Merda! - esbravejou furiosa, pegando a bebê sonolenta e chorosa nos braços com delicadeza
De coração partido, em grande parte culpado, Dinah as acompanhou, vendo a esposa sair do quarto furiosa com a bebê nos braços
- Ela tomou algo gelado? Por que ficou doente assim? - a britânica questionou enquanto colocava Camila sentadinha no balcão da cozinha, choramingando e enchia uma mamadeira de água com só uma mão, já que a outra segurava a bebê 
- Tomamos banho de chuva - a loira sussurrou
- VOCÊS FIZERAM O QUÊ?! - Lauren berrou, assustando Camila - Tá brincando né? Meu Deus, Dinah Jane, você tá doida? Ela é só um bebê! Não pode tomar chuva!
- Amor eu... Eu... Eu nem pensei - sussurrou chorosa
Lauren apenas pegou Camila novamente nos braços e a ninou até seu choro se ir enquanto digitava algo rapidamente em seu celular usando apenas uma mão
- Toma, manda o nosso endereço - ordenou seca entregando seu imponente e enorme Galaxy Note 9 da sua amada Samsung
Dinah digitou rapidamente o endereço do apartamento, vendo que Lauren acabara de comprar dois antitérmicos infantis, remédios pediátricos para garganta inflamada, gripe e até mesmo tosse, além de um termômetro digital e uma pulseira termômetro. Dinah realmente, não saberia nem por onde começar a fazer uma compra do gênero, e sua esposa acabara de concluir uma enquanto acalmava uma bebê doente
Havia algo que aquela mulher não pudesse fazer?
E por falar na inglesa, ela já havia sumido com Camila pela escadaria. Dinah foi atrás das duas, encontrando ambas no banheiro.
- É bem rapidinho Camz, titia promete - Lauren sussurrava enquanto tirava a roupinha da bebê e a deixava peladinha junto a seu peito nu, agora sem blusa ou blazer, somente com a calça dobrada - É pra você melhorar gatinha, eu juro que é rapidinho - tentava enquanto adentrava o box de seu banheiro onde o chuveiro já estava ligado no gelado
Camila agora chorava alto, se contorcendo no colo da maior entre a certeza e a razão provocadas pela febre alta demais
Seu pequeno corpinho doía inteiro e ela sentia um enorme frio, queria apenas o colo e o tetê da Jay, mas também queria a Tia Laulen perto, as olhando daquele jeito estranho que ela olhava quando as duas estavam juntas mas que fazia borboletas dançarem no estômago da bebê
Lauren começou passando a mão com água por suas costas pequeninas, bracinhos e perninhas, para só então, entrar debaixo da ducha com a bebê. Camila não chorou, ela berrou. Agarrando-se a Lauren com força. Foram só alguns pequenos minutos, minutos esses, que partiram o coração da britânica, e cessaram um pouco se sua avançada preocupação, a febre logo estaria cedendo. Do lado de fora do box, Dinah chorava com força, a culpa dominando todo o seu ser. Camila só estava doente daquele jeito por sua infantilidade em ficar com raiva de Lauren por estar indo trabalhar e só então, ficar debaixo de um temporal para esvaziar tal sentimento, a culpa era completamente sua.
Lauren e Camila saíram do chuveiro no exato minuto em que a campanhia tocou, indicando a possível chegada das compras. A britânica lhe passou a bebê sem se quer lhe olhar e só então, foi atender a porta enrolada somente numa toalha.
Dinah tinha certeza, de que jamais seria uma boa mãe depois dessa. Talvez ela até mesmo desistisse da ideia de ser mãe. Talvez isso não fosse pra ela.
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Os repuxados em seu seio eram mais gentis que na madrugada, quando a bebê deixara de forma não proposital, várias marcas roxas em ambos os seios da loira. Agora ela mamava calminha, se apertando contra o corpo da maior em busca de calor para espantar o frio que sentia, proviniente da febre que se acometia sobre o pequeno corpinho nu, coberto apensar por uma fralda descartável que vinha virando fardamento ultimamente. Lauren já a dera o remédio e já se certificara com o termômetro que a temperatura realmente estava abaixando.
Para o alívio de ambas
Dinah se recostou na cadeira e fitou o pequeno milagre em seus braços, com o coração pesado de culpa
O quão estúpida ela poderia ser a ponto de colocar a saúde daquele anjinho prefeito em risco?
Camila lhe olhava intensamente, grata a tudo.
Jamais em sua curta vida, alguém havia cuidado dela daquela maneira e agora, ela tinha duas pessoas para fazerem isso por si.
A porta do closet foi aberta, tirando ambas de sua bolha
Lauren estava vestida em uma calça de moletom cinza muito folgada e de peitoral a amostra
Seus expressão em ver Dinah amamentando, não era nada boa
Quando Camila a viu, se ergueu do colo da maior com dificuldade, largando o seio sem cerimônia alguma, só para se sentar e sorrir fofa para a mais velha
Lauren comprimiu os lábios em puro desagrado
E Dinah, fechou os olhos, imaginando a confusão.
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Here Comes the SunOnde histórias criam vida. Descubra agora