Talvez o mundo acabe

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- Qual a merda do problema dela em atender a porra do celular hum?! - Lauren se perguntava exasperada enquanto corria em seu brilhante e negro Aston Martin. Não entendia a demora de Dinah para atender o celular já que ela sempre era tão rápida com ligações da mais velha
Por que logo hoje, infernos, ela decidira esquecer do aparelho dourado e moderno?!
Lauren tinha apenas que ouvir sua indignação por mais uma de suas viagens a Inglaterra, e aí sim, poderia entrar no jatinho e voar as 9 horas seguidas de volta a casa de sua mãe, em paz
Ela tinha uma noite pra colocar Taylor nos eixos novamente, jantar e discutir com Clara, e estar de volta a NY na tarde seguinte
Não, não seria fácil nem muito menos, simples
Mais ela era Lauren Jauregui, havia algo que não conseguisse?
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- Você entendeu querida? - Wendy perguntou pela terceira vez consecutiva a menina que continua de cabeça baixa e olhos fixados nos próprios pés. Alheia, propositalmente, a tudo
Dinah suspirou profundamente
Ela teria que fazer algo e agora, somente agora, o nervosismo batera de cheio em si
Como ela faria para lidar com uma criança que não fala?
Nem sequer levanta os olhos para te olhar...
Se Lauren estivesse aqui, talvez bolasse um de seus planos malucos e infalíveis, como o dia em que ela ensinou a Taylor o que era sexo usando apenas duas canetas esferográficas, e fizesse a menina se comunicar com ela. Lauren sempre sabia o que fazer e Deus, como crianças a amavam
Dinah queria um filho, fundamentalmente para ser mãe, mas posteriormente, porque queria desesperadamente ter sua Lolo de volta, doce e atenciosa, presente. Lauren iria se apaixonar pela filha das duas, assim que a bebê chegasse, Dinah tinha certeza e elas três seriam muito felizes
Voltou os olhos para uma Wendy que a encarava como se suplicasse ajuda com a garotinha
Ela já havia explicado quem era Dinah e que elas ficariam juntas por alguns dias, a loira já tinha se apresentado e mesmo assim, a menina permanecia em silêncio severo
Novamente, a loira tentou pensar em algo e as únicas coisas que sua mente trazia a tona seriam as que possivelmente, a esposa faria
Bem... Lauren sempre sabia o que fazer não é? Agisse como ela e portanto, as chances de erro eram minúsculas...
Respirou fundo antes de fitar o desenho que passava na telona. Bob esponja, reconheceu, sentindo o sorriso quase rasgar a bela face, aquele desenho, marcara sua infância!
Sorriu cúmplice para a assistente social, demonstrando ter uma ideia é devagar se sentou no grande e claro sofá
- Olha Wendy! - exclamou fingindo animação - Bob esponja! É da nossa época! - piscou para a moça gordinha e ruiva, que se sentou na poltrona a frente, sorrindo e entendendo o plano da Sra. Jauregui
- Eu adoro esse desenho! - também exclamou entrando no teatro de Dinah
- Ele é muito engraçado! - Dinah gritou novamente, fingindo uma gargalhada e levando Wendy junto
Pelos minutos seguintes, ambas mulheres trocaram comentários sobre o desenho, oscilando entre fitar a tela e dar leves olhadas para a garotinha, que agora parecia inquieta, ainda fitando o chão, com a clara vontade de erguer os olhinhos para o desenho tão comentado
O que era aquilo? Vergonha? Medo?
Dinah tremia só de pensar no que aquela menininha estava sentindo
- Eu adoro a casa da Sandy! - exclamou a loira novamente e quase vibrou, quando viu outro par de olhos encarar a tela
Ela olhou
Finalmente olhou
Seu coração poderia dançar uma ula bem ali para elas com algo tão simples
Escondeu o sorriso e voltou a conversar com Wendy sobre o desenho, que também escondia o seu sorriso
Foi no exato minuto que a esponja amarela e desengonçada levou uma queda, que Dinah viu, ou melhor, ouviu.
Ela riu
Aquela menininha, riu
Livre e feliz, de algo tão simples e cotidiano quanto um desenho
E ambas as mulheres, riram felizes, não do desenho, mas dá risada dela
- Ele não é divertido Mila?! - Dinah exclamou de supetão, se arrependendo assim que a última sílaba deixou seus lábios
Mas de repente tudo parou
Um par de olhos se voltou pra ela
E eles eram... Tão lindos
Absolutamente lindos
De um castanho forte, âmbar
As íris, continham minúsculos traços mais escuros, quase em um tom de negro
Eram tão, tristes e profundos...
Pareciam trazer um mar, nebulento e turbulento
Pareciam... Os olhos de Lauren. Intensos. Expressivos. Vividos
Incapazes de esconder o que ela sentia
Dinah sentiu algo estranho percorre-lhe veia por veia
Quente e aconchegante
Como se estivesse sob a luz do sol
Respirou fundo e inevitavelmente, um sorriso lhe escapou
E viu o exato segundo que a menininha fez um sim leve e lento com a cabeça, voltando os olhos pra televisão
Dinah olhou rapidamente para Wendy, que as encarava de boca aberta
A assistente social, em todo esse tempo com a garotinha, ainda não a havia visto responder a nada, nem mesmo quando alguém lhe oferecia comida
E ela simplesmente, havia feito um "sim" para Dinah
Sorriu ainda mais, interna e externamente. As Jauregui's, eram a escolha perfeita
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- Holly querida por favor pare de correr... Ei Ayla! Desça daí princesa! - berrou para as duas garotinhas que apenas riram travessas e continuaram a fazer exatamente o que estavam fazendo, uma pendurada no escorrega do parquinho e a outra correndo sem parar todo o perímetro do local
Normani Brooke apenas tentava controlar os furacões gêmeos que chamava de filhas, sem sucesso algum, diga-se de passagem.
Holly e Ayla tinham 10 anos e se deixasse, elas tinham mente e energia de sobra para colocar o Central Park abaixo
Só obedeciam mesmo, sua mama, que o que tinha de pequena, tinha de mandona
Ela sim colocava e inspirava respeito nas meninas
Seu celular tocou no bolso da calça de academia e ela se limitou a pegá-lo e verificar o número
O nome "DJ", brilhava na tela
- É melhor que o mundo esteja acabando, DJ, pra você me ligar e me impedir de segurar aquelas diabinhas que a Ally pariu - brincou atendendo e disparando a falar, dando as costas as filhas
Caminhou lentamente até um banco enquanto falava, fingindo que aquelas duas meninas energéticas, não eram suas e que não via os olhares indignados que algumas mães lhe dirigiam
- Bem Mani... Talvez o mundo acabe quando Lauren souber... - a voz de DJ soou nervosa do outro lado da linha
Normani riu alto
Lauren era mesmo esquentadinha
- Ela descobriu que você anda usando os Manolos dela? - perguntou ainda rindo
- Digamos que ela não se importaria com isso
- Oh certo, e com que a Jauregui se importaria? - questionou divertida
- Com uma criança... Ela se importaria se eu aceitasse cuidar de uma criança... Temporariamente sabe?
- Sei Dinah... E me diz, é só uma hipótese, certo? - fechou os olhos ao perguntar, rezando pela amiga que aquilo não fosse verdade e Dinah não tivesse feito nenhuma besteira do gênero pelas costas de sua controlada esposa
- Er... Acho que o mundo vai acabar - Dinah admitiu do outro lado da linha, temerosa - Pode me ajudar?
Normani soltou um longo suspiro
- E eu tenho escolha DJ? Estou indo pra aí, e se prepare, porque as diabinhas estão comigo, esconda as coisas que podem quebrar - alertou antes de desligar
Sua amiga estava muito, muito, encrencada
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Here Comes the SunOnde histórias criam vida. Descubra agora