Não tenho alguém mergulhado em meus rios
E nem colonizando minhas terras
Não tenho astronautas viajando por mim
Nem bombas me destruindo
Não tenho paz e nem guerra
Não tenho dias de independências
Não tenho sorvete derretido e muito menos coca-cola sem gás
Não tenho verão ou inverno
As folhas não caem no outono e nem florescem na primavera
Ninguém se ajoelha pra algum deus
Não tenho em meu corpo tatuagens infinitas e inerentes
Não tenho navios exploradores
Nem águas turbulentas
Não tenho trapiches
Nem pôr do Sol
Não tenho música
Não tenho beijos da madrugada
Nem pedidos de perdão
Eu não tenho nada
Sou completamente vazio e inóspito
As células ainda estão borbulhando na minha imensidão
Tenho medo de que eu nunca me torne planeta habitável
Tenho medo de que nunca estrela alguma brilhe em meu céu
Ou de não haver lua alguma subindo e descendo os meus mares
Sou embrião, puro embrião
Mas desde já o medo me cerca
Porém o que me move a crescer é a esperança
De que um dia serei lar
De que serei caminho
E de que um dia serei colorido
Inventando aquarelas
Pintando bandeiras e quadros
Um dia serei completamente parte do universo
Tão universal
Tão incompreensível
Tão eu.
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A Libertinagem Da Bicha Nortista
PoesíaPoemas que eu escrevo porque não sei lidar com o caos de existir e sentir. Em três vãos sentimentais: silêncio, Libertinagem e Fúria. Sobre meus encontros, desencontros, paixões. Sobre dias bons e ruins. Um diário poético de uma vida poética. A L...