"Praga de mãe pega?"

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Realmente meus pensamentos estão voando em torno das palavras que ouvi. Acredito que isso possa ser uma coisa normal né. "Queira meus cosmos que sim". Com a música Blame de Calvin Harris, balanço meus quadris e jogo os braços pro alto sem moderação. Rebolo junto com as meninas de forma que estamos totalmente distraídas. Pepper tirou o figurino da dança e vestiu sua roupa, um vestido tubinho na altura das coxas de listras brancas e preta e uma fenda na lateral. Angel está de calça jeans de uma blusa toda cheias de furos com um tope preto por baixo. Apesar de a bebida ter seus efeitos que por sinal muito maiores em Ang, não estou sobre os efeitos da mesma. Ao mesmo tempo em que me mexo, meus olhos vasculham por toda a área procurando o que olhar exatamente. Por fim acabo por me desligar e só curtir o momento. Levo vários amassos no meio da pista, com o tanto de gente a minha volta, me sinto uma salsicha no meio de pães. Ang já deu uma afastada dançando com um cara e Pepper voltou pro camarim resolver algo que não entendi muito bem, já que estou meia surda no meio de tanto barulho.

Um boy todo tatuado cabelos meio compridos perfeitos e "Que inveja", parecendo roqueiro todo sexy do tipo que a gente pede pra tacar na parede e chamar de lagartixa, se aproxima. Ele vem mansinho dançando perto de mim e dou uma ignorada pra ver qual a dele. Sua mão percorre meus braços e seu corpo pouco a pouco encosta no meu. Lhe lanço um olhar de cuidado, mas acabo observando mais atrás em direção ao bar. A garota de cabelos compridos e castanhos que dançou com o Adam, o arrasta em direção a porta segurando em sua mão. Ele passa a mão livre nos cabelos e olha em volta como se estivesse incomodado e por um segundo seus olhos encontram os meus, uma expressão que não consigo definir toma seu rosto e rapidamente encontra o cara que está perto de mim se tornando agora uma expressão fria. Sem demora, me viro e puxo pela nuca o cabeludo bonitão, tomo sua boca em um beijo que ele corresponde. Minha intenção de fazer o meu corpo perder a sensação de frio e raiva se vai quando o solto e olho na direção do bar, mas não vejo o traste.

Dou risada sozinha do que acabei de fazer e nem sei porque, o que é pior ainda. O cara chama minha atenção passando os braços em minha cintura e beijando meu pescoço, sinto um pequeno arrepio e inclino um pouco mais minha cabeça pra que continue. Tudo o que quero é que ele me faça esquecer alguém que não me importa, ou pelo menos eu acho que não. Acabamos dançando e nos pegando por um bom tempo. Estou sóbria, mas ainda assim não tão boa para dirigir. Saio de perto dizendo que vou ao banheiro e no caminho encontro Bruce batendo um pezinho no chão ao ritmo da música.

-Curtindo?

Falo meio gritando.

-Senhorita, desculpe.

-Tranquilo Bru. Estou indo ao banheiro ok.

-Ok chefe.

Passo por várias mulheres aglomeradas na frente da porta. Umas rindo, outras chorando e outras piores ainda com o álcool fazendo-as por todas as tripas pra fora. Meu estomago embrulha quando passo por perto me fazendo acelerar o passo pra entrar logo. Cada banheiro possui além do sanitário, um espelho dentro e na parte de fora um espelho cumprido pegando toda a parede com as pias pra lavar as mãos. Faço xixi e acabo ficando uns segundos sentada olhando pra porta rabiscada com nomes de homens e com vários te amo.

-Que brega. Perca de tempo.

Comento sozinha. Essas mulheres que não estão mais com esses caras devem rir de si mesmas quando voltam aqui. Tão tolas. Levanto e me observo no espelho rindo. Isso é loucura total, não tem nada a ver comigo, tudo obra de vodu. Estralo a língua saindo do banheiro decidida a usar aquele cabeludo lindão como distração. É assim que as coisas funcionam e é assim que tem que ser. Lavo as mãos e na saída, quase sou atropelada por uma garota que passa correndo com a mão na boca, uma outra vai atrás dela com uma cara indignada e gritando.

Malagueta "Atrevida e Abusada" •Vol 1  || EM REVISÃO√Onde histórias criam vida. Descubra agora