"Ame como o primeiro e ultimo dia"

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-Como?

Ryan sem saber do assunto, pergunta pra mulher a minha frente.

-Não! Não pode!

Interrompo falando.

-O que? Porque não?

Ele se vira pra mim ficando bravo quase furioso com suas iris cinzentas me penetrando a alma.

-Porque essa mulher é minha mãe morta!

-Eu não estou morta! Eu estou morrendo!

-Não me importa!

-Me escute Chill...

-Não! Me deixe em paz!

Me desvencilho dela indo pra perto da Eve.

-Eu não quero nada, quero ajudar como alguém desconhecido o ajudaria. –Ela não me encara. –Me deixe acertar pelo menos isso?

-Já não basta o que você fez no passado?

-Eu sou compatível Victorya!

Fico sem fala e choro sem saber exatamente o que fazer. Minha boca se abre e fecha varias vezes.

-Mas...

-Não tem mas..eu vou morrer de qualquer jeito e ele só precisa de um rim pra continuar. Não negue isso a ele. Eu serei feliz por vê-la feliz. Eu ficarei em paz por saber que puder fazer alguma coisa certa por vocês.

-Filha. –Eve me chama quando não respondo. –Deixe! Se não por vocês, pelo Adam.

-Precisamos do transplante urgente!

Doutor Reed chega ao corredor falando com todos nós e olhando pra ela, Madelyn Chilli, minha mãe! Ela me olha e sussurra.

-Me desculpe.

Com um sorriso ela se vira e o acompanha pelo corredor. Minha garganta se aperta, não me sinto bem, meu coração dói em saber que um viverá e o outro não.

-Ela era viciada.

-O que?

-O problema dela, era drogas Chilli. –Eve me fala. –Devia ouvi-la e ver se cabe espaço para um perdão em seu coração ou não. Pense na segunda chance que a vida lhe deu ao reencontra-la.

-Ela nos enganou!

-E não se perguntou porque?

Fico muda sem saber o verdadeiro porque de tudo, ao mesmo tempo que quero ouvir, eu já não quero mais. Por fim, me levanto e acabo indo no rumo onde ela e o doutor passaram. Paro uma enfermeira baixinha e meio japonesa que me olha com um sorriso e peço informações.

-Ah sim eu conheço a senhora Madelyn...coitada!...bom ela esta na sala preparatória, siga a faixa amarela até a porta escrita pré-operatória ou pré-cirurgia.

-Obrigada.

-Imagina.

Ela sorri e continua seu caminho. Sigo a faixa rapidamente e chego á sala pré-operatória. Repito o mantra da respiração e alcanço a maçaneta entrando em seguida. A sala é parecida com os outros quartos e ao invés de uma cama, ela esta deitada em uma maca de cirurgia. Seus olhos estão fechados e ruguinhas ficam bem aparente em seu rosto fino e magro. No primeiro dia que a vi, ela tinha um pouquinho de cabelo e hoje não tem mais. Sua pele esta mais pálida, sem cor e sua expressão mais cansada do que antes.

-Você esta ai...como eu sonhei com isso.

Ela sussurra ainda de olhos fechados, engulo em seco segurando as lagrimas.

Malagueta "Atrevida e Abusada" •Vol 1  || EM REVISÃO√Onde histórias criam vida. Descubra agora