Capítulo 24

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Rodrigo e Max chegaram ao aeroporto e Max estranhou o amigo:

- Tá tudo bem, cara? Tá quieto mais da metade do caminho.
- Tô, tô sim, só um pouco nervoso com a viagem mesmo.
- Vai dar tudo certo, meu. Não fica assim. Sei que tu é meio cagado pra avião, mas tu sabe que ele é mais seguro do que a nossa vinda até aqui, né?

Rodrigo assentiu. Abraçou o amigo com força. Certamente, sua saudade estaria muito mais conectada com Max e seu Reinaldo. Era quem ele tinha na vida no momento.

- Vou sentir tua falta, cara. Muito mesmo. – disse Rodrigo.
- E eu a tua, irmão. Se cuida por lá. Depois me conta se as americanas são gente fina. Dependendo da tua resposta, vou te visitar antes que tu imagine.

Riram.

Rodrigo entrou na área de embarque e viu o amigo acenando feito uma criança.

Assim que a decolagem iniciou, Rodrigo relembrou o quanto tinha medo de avião. Lembrou também que Joana não estava ali para segurar sua mão e garantir que estava tudo bem. Sentiu muito medo, as mãos suavam, a testa pingava. Em dado momento, realizou que já tinha mais de trinta anos. Pensou que precisava dar conta de si próprio.
Não adiantou muito.
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Depois de algumas idas ao banheiro, Rodrigo finalmente conseguiu se acalmar um pouco. Focou na grande oportunidade que teria dali pra frente. Se perguntou na possibilidade que tinha de não aceitar essa bolsa se ainda estivesse casado. Não sabia se por achar que Joana não gostaria ou por não ter disposição para conversar sobre isso e acabar desistindo antes de tentar.

Isso o confortou. Seria um ano de um aprendizado sem igual. Na volta, ele poderia, com muito mais facilidade, trabalhar em uma rádio de notícias e ser respeitado como jornalista. Focado nesses pensamentos, conseguiu pegar no sono.

Max voltou para casa dirigindo e chorando um pouco. Um pouco por se afastar do amigo por um ano. Outro pouco por lembrar de coisas do passado que nunca conseguiu curar muito bem.

Joana chegou à loja e encontrou uma Cristina com os olhos brilhando. Queria saber tudo do encontro de domingo à noite.

- Eu vou direto ao ponto, a gente se beijou.
- AEEEEEEEEEEEEEE!

Cristina saiu pulando e abraçando Joana pela loja.

- Me larga, doida! – riu Joana.
- Seja feliz, amiga. Muito. Tu merece demais. E teve algo mais?

- Nada de algo mais. A gente só se beijou mesmo e conversou muito. Por enquanto é isso. Nada de botar pilha.

Depois de poucos instantes de silêncio, Joana continuou:

- Eu tomei a atitude com ele e foi muito bom. Ele é meio devagar, mas acho que pega no tranco.

As amigas riram. Joana seguiu:
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- Talvez tenha futuro. Ele é muito inteligente, esclarecido. Escreve e coisa e tal. Parece ter um coração enorme. Sinto que é assim. E tu, como estão as coisas em casa?

- Na mesma. Mas não quero pensar nisso hoje. – respondeu Cristina.

Joana, com cuidado, decidiu perguntar à amiga sobre outra coisa:

- Olha só, eu acidentalmente coloquei na Novo Porto hoje de manhã e não era o Rodrigo que tava lá. Tu sabe se aconteceu alguma coisa?

Cristina, constrangida, respondeu:

- Hum. Bom, eu não quis comentar contigo pra não atrapalhar as coisas com Artur. Ele disse no último dia que apresentou que tava indo passar um tempo fora do Brasil.

- Um tempo? Quanto tempo?

- Pelo que entendi, é um ano. – respondeu Cristina. - Que baita oportunidade pra ele, né?

- É. – disse Joana, sem muita certeza.

Do lado de fora da loja, Max, com o carro parado, olhava na direção da porta e chorava compulsivamente.

Meu caminho sem você Onde histórias criam vida. Descubra agora