A Vontade do Rei

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O Imperador do Submundo abriu os olhos com um olhar pesado ao sentir que seus generais invasores de Las Notches falharam na missão, o ar da sala do trono ficou mais denso a ponto de incomodar até os guardas ali presentes.
- Sua Majestade, está tudo bem? - perguntou um dos guardas ao lado do trono de Kazuya.
O Imperador não respondeu, ele simplesmente colocou a mão em sua testa franzida para pensar em seus próximos passos, fazendo o guarda tomar distância por medo.
- Salazar! - gritou o Imperador chamando seu criado.
- Sim, mestre? - de uma das portas ao lado do trono, saiu um homem velho, alto e magro deixando sua aparência quase igual a de um esqueleto, usando um terno preto com ombreiras adornadas por ossos e enfeites metálicos dourados em seu terno, tinha a pele pálida, em sua cabeça, longos cabelos brancos, olhos fundos e negros, dando a ele uma real aparência de caveira, o homem se aproximou do trono e aguardou a ordem de seu rei.
- Aonde estão os imprestáveis dos príncipes? Depois daquele fracasso em suas missões eu os darei oque eles merecem! - disse o Imperador enquanto apertava o braço de seu trono.
- Eu irei convocá-los, meu imperador! - disse o mordomo se curvando.
Enquanto isso nos aposentos de Madarene, a mulher chegou a ele completamente ferida se jogando em sua cama, graças a última batalha que travou, o golpe de Yoruichi feriu, destruiu e calcinou alguns de seus órgãos deixando seu corpo repleto de queimaduras sérias e até em carne viva.
- Yoru.. - A boca de Madarene não se mexia direito graças a suas queimaduras.
- Hohoho, parece que se eu tivesse demorado mais um pouco, você não estaria mais aqui, não é? - uma figura tinha entrado no quarto de Madarene escondida - não se preocupe, milady, acho que eu posso te ajudar!
- Hazz... - disse Madarene olhando para o homem ao seu lado.
O homem usava uma armadura de placas colada em seu corpo esquelético marcando cada um de seus músculos abdominais e dos braços, usava uma espécie de cinto com uma saia com o símbolo da marca da besta em sua fivela, o mesmo símbolo que prendia uma capa negra ligadas a uma ombreira vermelha em seus ombros, sua face era a única coisa não armadurada, tinha cabelos vermelhos jogados para trás, lembrando um pouco os de Aizen ou Ginjou, o homem emanava uma aura vermelha ao redor de seu corpo e parecia ser poderoso, afinal, ele era o tenente de Madarene.
- Hazztver, esse é meu nome - disse o tenente arrumando seu cabelo se vangloriando - bem, deixe-me tratar seus ferimentos!
O homem jogou sua aura vermelha sobre o corpo de Madarene, parecia algo similar ao Kaidou de cura, em instantes, o corpo de Madarene já estava se regenerando ao todo.
- Hazz, me diga... Oque o imperador já sabe? Ele não sabe do meu fracasso, não é? - perguntou Madarene desesperada.
- Provavelmente sim - disse o homem com o tom irônico - sinceramente Madarene, eu não gostaria de ser você!
Ao terminar da fala, houve um bater na porta, era o mordomo do Imperador.
- Princesa Madarene, a senhora está acordada? - perguntou o mordomo.
- Sim, Salazar! - respondeu a mulher.
- O imperador a convoca em sua sala do trono, agora! - impôs o mordomo, em seguida não disse mais nada.
Hazztver olhou com o rosto de deboche para Madarene com pena da mulher, ao contrário dele, ela estava séria e pensativa, ela não sabia oque lhe esperava.
Uryu, Anette e Clay saíram do portal de Jugram e acabaram caído nas ruínas de uma construção Quincy, porém, Jugram não estava junto a eles.
- Clay, aonde está Jugram? - Uryu arregalou os olhos em desespero ao ver o rosto de Clay cabisbaixo - não, NÃO, Clay me responda!
- Não... Jugram... - Anette entrou em prantos ao entender a situação e desabou no chão - ele era... Não...
Clay não respondeu, apenas observou a raiva dos dois de forma silenciosa em respeito ao seu antigo líder, mas Uryu não ficou calmo, ele agarrou a lapela de Clay e começou a gritar com o homem.
- Droga Clay, porque você deixou ele ficar? Me responda droga! - Uryu começou a gritar de raiva - droga, ele era o único que poderia me ajudar a controlar isso!
- Pare, Uryu, você não vê? - disse Clay repreendendo o Quincy.
- Ver oque? - respondeu Uryu.
- Ele fez de tudo para você sobreviver, e sua preocupação é em controlar esses poderes? - Clay olhou para o lado e cuspiu no chão em tom de reprovação - agora você é nosso líder, aja como tal,fique de luto por seu companheiro, se preocupe em acharmos um local seguro, depois, nós treinaremos!
Uryu não disse mais nada, apenas ficou pensativo nas palavras de Clay e concordou.
Ambos olharam para Anette que estava aos prantos, Jugram foi como um irmão mais velho para ela, ele a recrutou um ano após a queda de Yawach, então foram quase 10 anos de companherismo agora encerrados.
- Afinal, onde nós estamos? - perguntou Anette enxugando as lágrimas e tentando se levantar.
- Espere... - Uryu se aproximou de uma das paredes da estrutura e a esfregou, ele sentiu que já tinha estado ali - eu sei onde estamos... Não pode ser!
Uryu correu em direção a uma saída em meio aos escombros da casa seguido pelos dois, então, eles puderam ver aonde estavam, o céu era completamente negro como se estivesse em um vazio, várias ruínas de construções Quincys jogadas uma sobre as outras, e no centro daquele lugar, um enorme palácio estava localizado, aquele local, era nada menos que o Palácio de Yawach e a cidade dos Quincys, que voltaram para as sombras após Yawach ser derrotado.
- Nós estamos na cidade original dos Quincys! - respondeu Uryu estonteado.
Satoru estava em seus aposentos do palácio do Imperador tentando tratar seu ferimento se apoiando em uma mesa de trabalho, ele não estava usando a parte superior de seu Kimono, mas sim uma tala encantada para tentar segurar a maldição que se alastrava por seu corpo, ele lançava uma espécie de Kaidou de cura em seu corpo de forma violenta, fazendo uma luz verde esmeralda brilhar por todo salão, o homem estava desesperado, ele não acreditava que um mero tenente fosse tão mortal.
- Droga... Aquela mulher... - Satoru forçava seu Kaidou a ponto de queimar sua pele, mas não estava mais funcionando, a maldição continuava se alastrando, quase chegando a sua face.
- Vejo que está com dificuldades - disse o imponente Guerra, que apareceu parado de braços cruzados e um sorriso no rosto na porta dos aposentos de Satoru.
- Não sabe bater? A propósito, porque não está com os outros cavaleiros coordenando seus ataques? - perguntou Satoru em meio a seu tormento.
- Isso realmente é sua dúvida? Não quer saber se eu consigo te curar? - perguntou Guerra enquanto permanecia imóvel na porta.
- Você... Pode? - perguntou Satoru em prantos apoiando na mesa.
- Hum... Eu já vi várias guerras durante minha existência, é muito comum ver Shinigamis tentando amaldiçoar seus inimigos, principalmente com maldições consumidoras como essa - Guerra ia falando e se aproximando do homem agonizando - o inferno já perdeu bons soldados por conta de maldições, você, não será um deles!
Guerra colocou a mão no ombro já corrompido de Satoru e no instante seguinte, a corrupção foi toda para o corpo de Guerra, salvando o homem.
- Oque... Oque você fez? - perguntou Satoru se levantando espantado.
- Eu fiz oque você estava tentando fazer - Guerra alongou seu braço o qual havia sugado a maldição, fazendo toda aquela corrupção se formar na palma de sua mão em formado de uma esfera - esse tormento não é nada perto do que eu já senti!
Guerra esmagou a esfera com as mãos nuas, fazendo a maldição desaparecer com a maior facilidade, deixando Satoru de queixo caído.
- O... obrigado! - agradeceu Satoru caindo ao chão ofegante.
- Não agradeça ainda, tudo tem seu preço, no momento certo, você vai pagá-lo! - respondeu Guerra.
No instante seguinte, Salazar chegou na porta dos aposentos do príncipe cortando o assunto e alertando ele sobre a reunião com sua majestade, ordenando que ele fosse imediatamente, sem nem dar abertura para o príncipe responder.
- Esse mordomo sempre me deu nos nervos - cochichou Satoru para Guerra.
- Se eu fosse você, iria logo, sua majestade não gosta de esperar! - respondeu guerra ao homem.
Enquanto Ichigo se preparava para o início de seu treino, Ichibei estava em seu escritório junto a Shutara, o lugar era bem arejado, tinha uma mesa em meio a uma sala toda branca com uma janela imensa em suas costas, dando visão a todo palácio do Rei das Almas.
Shutara estava olhando por essa janela pensativa, enquanto Ichibei estava sentado em sua mesa analisando alguns documentos.
- Qual será o destino do universo, Ichibei? - perguntou Shutara de modo desesperançoso devido aos acontecimentos recentes.
- Eu não sei, eu nunca pensei que o universo ficaria estável sem o rei, ou melhor,  com o rei em um formato de apenas um olho - disse Ichibei largando os documentos e olhando fixamente para frente - eu só posso acreditar que Ichigo é o novo rei, mas se ele for, quando isso vai se manifestar? É tudo muito novo, até pra mim!
- Não foi sobre o rei que eu perguntei, e você sabe de quem eu estou me referindo - replicou Shutara se virando para Ichibei.
O homem olhou para ela com a cara seria, e em seguida soltou um sorriso alisando sua barba.
- Hohoho, nós prendemos ele uma vez não é? - respondeu Ichibei se levantando da cadeira e indo em direção a janela - nós vamos prender ele uma vez mais!
Shutara olhou para Ichibei ainda inconformada com a tranquilidade do homem.
- A situação vai piorar muito antes de melhorar, Ichibei, e você sabe muito bem que é o responsável por tudo isso - Shutara olhou fixamente para os olhos de Ichibei - pelo menos, nós dois sabemos!
Ouve um grande silêncio da parte de ambos, em seguida, Ichibei se dirigiu a saída ainda em silêncio.
- Nem minha zampakutou pode apagar meus pecados, eu sei - disse Ichibei virado para a porta - eu farei oque for nescessário para pagar por eles!
Os dois príncipes, enfaixados e com alguns ferimentos e pústulas ainda em suas peles, estavam ajoelhados perante Kazuya em sua sala do trono, o clima da sala era pesado devido ao fracasso de ambos em suas missões.
- Então, vão me dizer oque aconteceu? - falou o Imperador em um tom alto, assustando os dois.
- Nos desculpe Imperador, nós sofremos duros ataques que nos forçaram a recuar - disse Satoru tremendo - nós...
- Foi minha culpa, Imperador - interrompeu Madarene - fui eu que ordenei que invadissimos a Sereitei junto ao exército de Morte para resolvermos assuntos pessoais e de pura ignorância!
- Oque você está fazendo? Foi Morte que... - Satoru foi interrompido novamente por Madarene colocando o dedo na boca em sinal de silêncio.
- Morte não fez nada de errado, ela manteve a posição de proteger o pilar como está fazendo agora, a culpa foi minha! - retrucou Madarene, assumindo toda a culpa.
O Imperador se levantou do trono com o rosto repleto de fúria e caminhou na direção deles, fazendo os dois príncipes tremerem de medo.
- Vá com calma aí, Imperador - uma figura havia aparecido no corredor andando na direção da sala do trono, era Takeo, voltando de sua missão ao castelo Quincy - Madarene errou, mas ainda precisamos dela para nossa missão!
- Você também foi convocado Aimon, você falhou na missão de recuperar os olhos do rei! - acusou Kazuya.
- Não é minha culpa, a droga do Quincy fugiu para um local que nem eu consigo rastrear, culpa do maldito de cabelo loiro! - disse Takeo se defendendo.
- Acha que eu ligo para as razões do seu fracasso? - respondeu o Imperador com tom de ironia - todos vocês falharam, só conseguiram provar que não estão prontos para enfrentar os Shinigamis, que vergonha!
Todos os três abaixaram a cabeça pela vergonha que seu Imperador os fez passar.
- Eu poderia matar vocês três aqui e agora e ainda destruir a Soul Society, mas...  - Kazuya esticou seu braço direito e fez uma labareda vermelha na palma de sua mão, nela, havia dois olhos vermelhos penetrantes, que assustaram todos os três príncipes - o mais profundo inferno não os quer ainda, por enquanto...
Todos os três arregalaram os olhos para Ichibei,criando esperanças.
- Agora venham comigo! - Kazuya desfez a bola de fogo e caminhou em direção a uma sacada que ficava ao lado direito da sala do rei, passando por grandes cortinas vermelhas.
O Imperador andou até a sacada seguido pelos seus companheiros, chegando lá, eles puderam ter a visão magnífica de todo seu exército dentro das grandes muralhas feitas de ferro negro de seu palácio sombrio, 6 milhões de soldados de todos os tipos, Quincys, Shinigamis, Hollows, Kushänadas, Arraias sobrevoando, arrancars, monstros e muitos outros, todos estacionados em um grande campo de guerra, o mesmo que abrigava grandes forjas de armas feitas com um ferro vulcânico em ferrarias que funcionavam dia e noite, Hollows sendo corrompidos e convertidos em soldados infernais por sacerdotes sombrios, Kushänadas sendo feitos de feras de carga, levando minérios e suprimentos de fora para dentro da fortaleza, duelos e treinos de combate pelos vários acampamentos e fogueiras feitas pelos soldados no local, todo o cenário de preparo para uma grande guerra.
O Imperador levantou o braço e todo o exercito saudou seu grande mestre e seus príncipes com um grande grito e levantando suas armas.
- Observem, meus amigos - disse Kazuya aos príncipes - esses são os filhos do novo mundo, e espero que vocês sobrevivam para ver ele chegar após a guerra que está por vir!
(Continua!)

BLEACH: Before the StormOnde histórias criam vida. Descubra agora