55 - FIM DE JOGO

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Rafael

Ela estava perfeita. Tudo o que ela fez foi perfeito.
Mas seus olhos em mim no seu discurso me matou aos poucos. Hoje era um dia definitivo para nós, pensei muito sobre ela e sobre tudo que fiz de errado. Não tive ainda como dizer a Tayla, mas vou. Ela havia recebido o convite não sei como, pois o que Ana me deu não entreguei a ela.
Não a questionei sobre o caso, nem queria saber,mas Ana precisava saber da minha decisão, só não sabia que seria tão difícil conseguir ficar dois segundos sozinho com ela já que a Tayla estava marcando serrado em cima de mim.
Aproveitei um momento em que ela foi ao banheiro e me aproximei da Ana.
- Podemos trocar uma palavra.
- Claro. Com licença senhores.
- Ana, parabéns.
- Obrigada Rafael. E sua esposa onde está?
- Foi ao banheiro. E aproveitei pra falar com você. Eu vou terminar com ela, preciso de você.
- Rafael, por favor. Ela está aqui com você, e se não fez até agora vai fazer quando? Nos poupe do cansaço.
- Entende Ana, me apeguei a Caio e ele me chamou de pai. Pra mim tem sido difícil somente por isso.
- Não justifica. Poderia continuar sendo o "pai" dele não estando com a mãe. Mas optou por isso. Então não diga que vai fazer algo que sabemos que não vai cumprir.
- Ana, por favor. Vou dar um jeito em tudo.
- Rafael, te disse que teria até hoje para me dar uma resposta. Não vou esperar. Já lhe dei tempo de mais. Ainda tem um tempo. Virou a meia noite você vai virar a abóbora pisoteada pelos cavalos. Agora com licença que tua esposa, noiva ou sei lá o que é, está vindo. Obrigada por terem vindo.
- Ana, impressionante seu desfile. Lindíssima as roupas. Por favor depois me envie onde estariam a venda.
- Claro que avisarei. Que ótimo que tenha gostado. É algo que dei minha alma pra ter. E não "abriria mão" de nada que fiz para chegar até aqui. Agora com licença preciso verificar meus outros convidados, fiquem a vontade.
Ela acenou e saiu. E eu fiquei com cara de tacho. A cordialidade dela com Tayla me assustou mas o pior foi a indireta pra mim. Pois até mesmo Tayla percebeu.
- Rafael, pode por favor me dizer o que houve?
- Não sei do que está falando.
- Bem primeiro de ter esperado eu sair para cumprimenta-la. Segundo a tensão que tinha entre vocês dois e terceiro dessa dose cavalar que ela deu no fim de "abrir mão" e tudo.
- Não viaja, não tem nada disso.
- Poderia me acompanhar por favor?
- O que é agora Tayla, quer ir embora por uma paranóia.
- Não vamos agora, mas preciso falar com você e tem que ser agora. Não fui ao banheiro, estava andando e fiquei vendo vocês conversando. Vamos lá fora por favor.
A acompanhei, não estava afim de brigas nem nada parecido. Não queria aquilo na frente de tantos clientes e meu chefe.
- Fala.
- Primeiro, nada de ser grosso. Não estou lhe tratando mal. Segundo, pra mim já deu.
- Oi?
- Isso mesmo. Sei que está a meses distante, não conversa mais e nos últimos dias tem tentado falar algo e não sei o que é, mas imagino. Então antes que acabe se arrependendo de algo, estou te deixando livre para fazer o que quiser.
- E o que eu quero?
- Ela. - me apontou uma janela por onde podíamos ver o amplo salão e no meio de tantas pessoas ela estava lá. - Não sou má Rafael. Fiz muita besteira na vida e não tem um dia que não me arrependo do que fiz a você. Mesmo assim você me ajudou e foi o pai que o Caio não tem.
Mas hoje estou te eximindo do papel de noivo, amigo e pai. Vai atrás de quem você ama, vai ser feliz. Eu vou encontrar meu sossego. E o Caio vai estar lá quando o quiser ver.
- Obrigada. Não quero me eximir de ser pai dele, sou feliz com isto. Mas realmente não dá mais pra arrastar isto que não temos.
- Rafael, meu amigo. Obrigada por nós cuidar. Obrigada por me acolher. Mas agora é hora de seguir em frente. Só preciso de mais um favor.
- Claro.
- Quero que me leve na sua casa para eu pegar algumas coisas e que cuide do Caio para mim por uns três dias. Já tenho tudo arrumado. Vou embora e preciso pegar o vôo as 23h. Assim que assinar os papéis amanhã, ja retorno pra buscar o ele e te dar o endereço para que possa vê-lo sempre que quiser.
- Obrigada por facilitar as coisas.
- Não facilitei nada. Só sei que não é pra mim. Você é um bom homem, só não faça mais nada que se arrependa, nem tente coordenar a vida dela. Ela é uma mulher forte e independente, se quer mesmo ela do teu lado vai ter que entender e aceitar isto, ou ela vai te dar um pé na bunda sem volta.
Acenei e fomos em direção ao meu apartamento. Tinha que ser rápido. Meu tempo estava por um fio.

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