35 - DECISÕES

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Analua

- Perai, Rafael você tá me intimando? Acha mesmo que manda em mim?
- Calma Ana, não é isso. É que... Puta merda. Você tá cogitando ir.
- Na real não pensei muito nisso e vou conversar com a Lilian, até porque por ela iria sim. Seria uma puta oportunidade para ela alavancar a carreira.
- Davi não vai deixar ela ir.
- Primeiro que vocês acham que mandam alguma coisa? Tá de brincadeira - estava puta da cara, quase gritando. Segundo que se ele não for um completo babaca vai apoiar e torcer por ela isso sim. Fora que ainda vai visitar e dar um jeito.
- A tá. Sou babaca por não querer que você vá. É isso?
- Você tá realmente se ouvindo? Nem temos nada sério e pelo que vejo nem teríamos, pois você nem ao menos conseguiu me ouvir, nem pensa no que seria melhor pra mim ou pra outra pessoa que não fosse você mesmo. Fora que se tivessemos, já vi que não teríamos parceria e sim um cara achando que iria me mandar. Porque só iria achar.
- Você que não pensou em mim. Em eu estar apaixonado por você. Em ir embora e ser simples assim.
Respirei fundo, pois alguém teria que ter calma. Já estávamos gritando é isso era insano.
- Rafael, se quer saber sim. Entrei na minha sala cogitando em não ir. Pois como disse não é algo que almejei para mim, mas como também pensei em alguém que estava do meu lado desde sempre me apoiando e se sacrificando por mim. Fora que seria ótimo para minha profissão conhecer o mundo da moda, onde tudo acontece. Mas sinto muito se você não foi o centro da minha decisão. E sinto mais ainda por também não ter sido o centro do teu pensamento.
- Ana, por favor, não vá...
- Rafa, ainda não sei o que vai acontecer, não falei com a Lilian. E só depois de falar com ela que vou decidir o que fazer.
- Beleza Ana. Fico esperando o que vai decidir. - fez cara de desdém.
Cara quer saber o que não tenho paciência? Brigas desnecessárias. E definitivamente esse é um momento deste. Não tenho saco para pits.
- Quer saber Rafael, pense o que quiser. Tô indo embora.
Me vesti e sai. Peguei minha bolsa e fui embora. Não quero saber disso pra mim. Nem começou já tá duvidando do que digo e querendo tirar minha liberdade? Só louco mesmo, tá pra nascer o cara que vai mandar em mim. Sei onde posso ou não ir. E eu decido quando quero ou não fazer algo.

Rafael

Se fiquei puto? Fiquei muito. Falei do jeito errado? Dei Pit? Sim fiz tudo isso, mas poxa não quero que ela vá. Não agora. E não consegui conter a minha cara de cu. Quando ela disse que depende de outra pessoa pra decidir a vida dela.
Mas não queria que ela saísse daqui do jeito que saiu. Ela não olhou para trás, não me deu oportunidade de nada. Como se fosse simples se foi. E essa dor chata tá ruim de suportar. É um misto de raiva, mágoa e tristeza.
Bom vou esperar o tempo dela se ajustar. Quem sabe não muda a situação e fica. Daí vou ter trabalho pra retomarmos de onde paramos, porque ela não vai me aceitar assim tão rápido.
Me ajustei, liberei Talita e fui para casa. Quando cheguei tinha alguém sentado em minha porta. Não creio que ela veio de novo me incomodar.
- Tayla, o que quer aqui? Não disse que não te queria mais na minha casa?
- Desculpa Rafa, mas preciso falar com você, não sei mais pra onde ir.
- Vai pra onde quiser, mas não me perturbe. Não tô afim de mais um problema hoje.
- Rafael, por favor, só preciso conversar não quero nada. Só não sei onde ir agora.
Aceitei a derrota, abri a porta e a deixei entrar.
- Senta aí. Fala o quê tanto precisa falar comigo.
Vi que ela estava nervosa e que passava varias vezes a mão na cabeça.
- Não é que precise falar com você, só preciso falar e não pensei em outra pessoa.
- Ah tá! Fez um monte de merda e agora o trouxa serve pra desabafar. Tô pouco me lixando prós teus problemas.
- Eu tô grávida Rafael.
- E o que eu tenho a ver com isso? - fui grosso? Sinto muito não tenho sangue de barata.
- Já disse, não tem nada a ver com isso, mas preciso falar com alguém. Perdi minha mãe a alguns dias e agora grávida.
Fiquei com dó. Sei o quanto ela era apegada a mãe. E como disse por mais que ela tenha feito pra mim, ela não é má pessoa. 
Fui a cozinha que ficava logo ao lado da sala, peguei um copo de água e trouxe para ela. Ela estava chorando copiosamente e eu não sabia o que fazer.
Sentei do lado dela é aguardei que ela continuasse a falar.
- Descobri três dias depois que minha mãe havia morrido que estava grávida. Daí fui falar com aquele infeliz. Ele riu dizendo que o problema era meu. Que não estava nem aí. Que graças que minha mãe havia morrido. Assim era menos um estorvo no mundo. Não queria nada dele, nunca dependi de ninguém, posso me sustentar muito bem, mas achei que ele tinha direito de saber. Antes nunca tivesse ido vê-lo.
- Sinto muito por tudo Tayla. Não sei o que dizer.
- Tinha muito contato com minha mãe como você sabe, mas depois que fui embora com ele, ela me condenou. Nunca aprovou, foi contra e disse que não seria feliz. Ela tinha razão. Tive tempo de dizer isso a ela. E de pedir perdão. Fiz muita burrada na minha vida. Mas a pior foi ter te deixado por ele. Se arrependimento matasse, eu estava junto de minha mãe.
- Calma. Infelizmente tomou um caminho errado, fazer o que. Mas não adianta ficar se martirizando. O que está pensando em fazer agora?
- Esse bebê é meu, vou criar claro. Mas não quero ele perto. E pelo que entendi ele também não quer ter participação.
- Sinto muito mesmo por tudo. Por mais que tenha torcido para que você se desse mal. Ainda assim não posso desejar mal a alguém que está gerando uma vida.
- Obrigada Rafa, por só me ouvir e aturar meu choro. Estou bem melhor. Agora é seguir em frente e tocar a vida como der. Vou criar essa criança e ser feliz com o que me foi oferecido pela vida que escolhi.
- Lhe desejo toda a sorte e se precisar pode me procurar.
- Obrigada mais uma vez. Já estou indo.
- Mande notícias de como está se virando.
- Sabe onde me achar se precisar também. Pelo que vi meu cartão está no mesmo lugar que deixei. - olhou para a mesinha ao da porta.
Assenti com a cabeça, e abri a porta para ela que me sorriu com um ar triste e se foi.
Eu estava exausto, cansado do dia, dos problemas, das loucuras e das visitas. Queria um banho e mais nada. Não pensei duas vezes e fui direto ao meu quarto. Fui largando tudo pelo caminho me atirei embaixo da água e lembrei da Ana, de tudo que tinha se tornado em pouco tempo e de como sentia falta dela antes mesmo de ter tomado alguma decisão de ir ou ficar.
Terminei meu banho e me atirei na cama. Só quero dormir e esquecer as partes ruins deste dia.

DIFERENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora