37 - Bella Ciao

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ANALUA

Fiquei triste pela reação do Rafael, triste por ele não ter me dito que aquela mulher ainda frequenta a vida dele com tanta frequência e por ele não ter ao menos tentado.
Falei com a Lilian sobre isso e ela pediu que eu desistisse de tudo é ficasse. Só que não posso ver ela abrir mão de novo da sua vida por mim. Desta vez quem vai abrir mão sou eu. Nem que isso me custe a felicidade.
Fomos a reunião, assinamos o contrato. E embarcamos daqui três dias. Ajustei tudo na empresa do meu pai. Avisei a todos e durante esses três dias vou ter que ver Davi passeando pela casa já que eles estão se despedindo e fazendo planos de como será as idas e vindas.
Gostaria muito de ter tido a mesma parceria, de ter algo assim pra me motivar. Mas infelizmente não tenho. Então bola pra frente.
Como disse que iria fazer mandei mensagem para ele avisando quando iria partir e que sentia muito por tudo. Que gostaria dele ao meu lado, mas ele não respondeu.
Deixei o celular por esses dias todos. No último dia, meus irmãos e minha mãe vieram se despedir. Descansamos um pouco e seguimos ao aeroporto.
Não havia ninguém me acompanhando a não ser Davi que fez questão de nós levar. Olhei por tudo e não o vi. Me entristeceu saber que nem como amiga eu servia mais. Não queria me sentir assim, não mais. Mas gostava muito dele pra fingir que não me afetava tudo isso.
- Ana, ainda dá tempo de desistir.
- Não Li, já dei minha palavra e minha assinatura. Sabe que não volto atrás.
- Ana, calma, quem sabe a raiva dele não passe e no mês que vem quando eu for visitar vocês ele acabe indo junto.
- Espero que sim Davi. Espero que sim. Por favor diga a ele que sinto muito, que ele me faz falta.
- Pode deixar, falo sim.
Nós despedimos e seguimos a sala de embarque. Olhei uma última vez para trás. Mas foi em vão. Entrei no portão com um aperto no peito que só eu sei.

RAFAEL

Ela me avisou que iria embora. nao respondi, estava chateado de mais. Não queria que ela estivesse indo. O pior é que ela estava indo sem previsão de retorno.
Davi me avisou a hora do vôo. Fui ao aeroporto, a vi se despedindo, a família não estava lá e ela procurava por alguém. Não consegui ir até lá, ia falar besteira e piorar mais a situação. Vi Davi se despedir e elas entrarem. Meu coração ficou minusculo, como ia ficar sem a delícia? Ia ter que aprender.
Sai de lá e fui pra casa, bebi muito. E lembro que alguém me ajudou. Acordei meio tonto e na minha cama. Não lembrava de vir me deitar e nem de metade do que aconteceu. Só de alguém me ajudando. Deve ter sido o Davi, ele deve ter vindo aqui pra ver se estava bem.
Tomei um banho e fui a uma gaveta que tinha remedios., Tomei um para dor de cabeça, estava com a temporada explodindo. Quando sai do quarto senti o cheiro de café, estranho ele ainda está aqui.
Fui em direção a cozinha, e me assustei.
- Como você entrou aqui? Cadê o Davi?
- Bom. Não sei do Davi, e entrei aqui porque você me chamou e abriu a porta pra mim.
Merda, de todas as pessoas pra chamar fui chamar logo a Tayla.
- Eu...
- Calma, não fez nada, não me ofendeu, só chorou e falou da tal Analua.
- Tá de brincadeira?
- bom vou resumir de um jeito bem simples pra você entender o que houve ontem. " Minha Aninha, minha Lua, minha Delícia por que você foi embora? Porque você também foi embora Tayla. Ela me deixou que nem você, só que fui troca do por trabalho e por lealdade".
- Que vergonha. Me desculpa. - não sabia onde enfiar minha cara.
- Capaz Rafa, amigos são pra isso. Seguram a cabeça um dos outros quando precisam desabafar e vomitar.
- Meu Deus, eu vomitei.
- Na verdade, se olhar na sua sala vai ver que está sem tapete. Ele foi hoje de manhã para a lavanderia pois estava destruido.
- Que horas eu te chamei?
- Era umas duas da madrugada.
- Sério? Caramba não lembro de nada, me desculpa por tudo, não devia.
- Sem isso de desculpas, senta e toma o café que passei vai se sentir melhor da ressaca.
Quando me sentei é que vi no relógio da parede que já eram duas da tarde.
- Nossa eu dormi tanto assim?
- Na verdade consegui te colocar na cama já era cinco horas.
- Me desculpe.
-Capaz, não precisa disso, até porque eu fiz coisa pior contigo e depois de tudo você ainda me ouviu.
Lhe dei um sorriso amarelo, ela havia feito um almoço. Comemos e ela perguntou sobre a Ana.
Desta vez lhe contei tudo sem precisar de uma gota de álcool.
Perguntei do bebê, ela me disse como estava indo tudo.
Tivemos uma tarde agradável. Assim que ela se foi falei com Davi, que me deu o recado de Ana e pediu que fosse com ele daqui duas semanas vê-las.
Disse a ele que não iria e que também não me desse notícias dela a não ser que fosse necessário.
Ele concordou e me disse para ter cuidado pois ia me machucar ainda mais. Desliguei o telefone sem dar muita atenção a ele, não estava com paciência pra isso. Me deitei e dormi um sono pesado e cheio de pesadelos.

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