56 - NAO TEM VOLTA

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Lilian

Estava tudo perfeito, mas a Ana não estava com a felicidade que deveria estar.
Pra quem não a conhece estava radiante, mas eu sei que seu semblante não mostrava isto tão bem quanto ela se esforçava a mostrar.
Tudo foi organizado e pensado com muito cuidado pra que aquele fosse o dia perfeito, mas eu sabia que faltava algo. Pra ela o Rafael. E pra mim o Davi.
Por falar na peste, não o vi a noite toda. Estava com meu noivo e gostava dele. Boa companhia, agradável. Companheiro, carinhoso, fazia tudo para agradar. Mas me faltava algo e não iria procurar pois aos poucos ia achar com ele.
Iria construir o amor, e dessa vez ele seria construído como eu queria.
- Querido, vou ao banheiro. Me espere aqui.
- Pode deixar.
Sai em direção ao banheiro e quando estava lavando a mão alguém entrou. Não olhei quem era até ouvir o trinco da porta principal ser fechado.
- Que susto. O que quer?
- Pensei que não ia descolar mais daquele cara.
- Primeiro ele é meu noivo e tem nome. E segundo me deixe passar pois não tenho nada pra falar com você.
- Li, por favor...
- Vamos recapitular. Meu nome é Lilian para os desconhecidos e outra te peguei com uma fulaninha qualquer então fim de assunto. Não tem nada para ser dito.
- Eu preciso te provar que não tive culpa de nada.
- Interessante, tua língua na boca dela e suas mãos apertando o corpo dela não me disseram isso.
- Eu estava mal. Acabei fazendo aquela merda, mas tenho motivos pra ter agido daquele modo.
- Claro que teve, safadeza e mal caratismo são os motivos.
- Tá certo, não vou te forçar a me ouvir. Mas pergunto que houve pra Ana. Ela sabe o que realmente aconteceu.
- O que? A Ana? Então ela tá envolvida na bagunça? Não acredito...
- Não... Não é nada disso. Ela sabe o que houve, pergunte a ela e ela te conta tudo.
- Me deixa sair. Não quero ouvir mais nenhum chiado da sua voz.
Passei por ele e abri a porta. Estava furiosa. A Ana sabe de algo e não me disse nada. Se convenceu do queridinho ser inocente é isso? Que raiva. Preciso ir embora antes que faça besteira.
- Vamos embora preciso sair daqui. - puxei meu noivo pelo braço e o sai arrastando.
Quando ia sair porta a fora a Ana me parou.
- O que aconteceu? Por que está indo embora assim?
- Teu queridinho amigo me disse que você sabe de tudo. E não me disse uma palavra. O bom é a cumplicidade.
- Você acha que sou cúmplice por saber as coisas? Quer saber estressadinha. Amanhã vá na minha casa conversamos e te conto tudo que sei.
- Não. Se quiser sabe onde moro.
Virei e sai. O coitado do meu lado não entendendo nada só me acompanhou em silêncio.
Já no carro pedi desculpas a ele e pedi que me deixasse em casa. Precisava ficar sozinha.
Larguei sapatos e bolsas por qualquer canto arranquei o vestido e me atirei no sofá. Pensei, pensei e não cheguei a conclusão nenhuma. Então fiz o mais óbvio no momento. Chorei de frustração. E tudo que disse que não iria chorar mais. Acabei apagando do jeito que estava.
Acordei no dia seguinte com a campainha esguelando e tive raiva de quem quer que fosse. Peguei um roupão que estava na cadeira da sala e fui até a porta. Olhei pelo olho mágico e abri.
- Credo, passou um trator ou um dinossauro em cima de você?
- Não tô pra brincadeiras. Fala o que quer.
- Eita. Vejo que o ataque de pelanca não passou ainda.
- Ana fala logo, não tenho o dia todo.
- Tá certo azedume. Senta aí que vou te contar o que aconteceu na tua ausência.
A muito contra gosto sentei. E ela debulhou coisas sobre meu colo. Parecia tudo muito fantasioso. E não esperava que ela mentisse assim pra proteger uma sem vergonha. Pensei que ela estaria sempre do meu lado. Pelo jeito me enganei feio e não a queria mais perto de mim.
- Parabéns Ana. Caiu direitinho na história do coitadinho. Que bom que acredita nele. Que está do lado do pobrezinho. Ótima amiga. Bela porcaria que é. Em vez de me dar força ajuda a inventar uma história pra trouxa aqui.
- Que bela amiga... Beleza... Faz o seguinte LILIAN olha esses documentos e fotos. E depois me procure se achar que me deve pelo menos desculpas por achar que defendo sem vergonhas.
Ela jogou um pacote no sofá e saiu. Estava tão brava com ela que queria era jogar aquilo na cara dela. Mas não podia. Ela sempre foi meu porto seguro, não podia acreditar que pudesse fazer algo assim comigo.
Abri o pacote e tinha várias fotos da fulana com um velho a tira colo. Mas foi quando abri os papéis que vi que não era uma fantasia. A mulher era uma víbora. E tinha uma fita com gravações dela com o velho.
Ele foi coagido. Era impressionando a maldade das pessoas por dinheiro. Mas ainda assim ele tinha errado em ficar com ela e me mentir.
Agora eu tinha que me desculpar com a Ana pelo que disse a ela. Foi muito feio o que fiz, duvidar da única pessoa que sempre esteve ao meu lado.
Tomei um banho, comi algo e fui em direção a casa dela.

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