61 - FINALMENTE

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Ana

Enfim chegou o dia, a correria é grande. Estamos quase loucas. Eu e Lilian resolvemos casar no mesmo dia. Casaremos juntas e o lugar foi onde tudo começou. Vamos fazer no jardim da empresa. O lugar é magnífico e não teria porque não ser lá. Meu pai ficou muito feliz por isso.
Foi organizado uma sala para nos arrumarmos e tudo mais. E lógico nossos vestidos eram perfeitos. Feitos por mim. Não deixaria mais ninguém fazer os nossos.
O nervoso era tremendo e tudo passou muito rápido quando vi já estávamos entrando com meu pai que conduziu a nós duas uma em cada braço. Nossa família estava toda ali. Vários amigos, a família do Davi e a avó do Rafael.
A conheci a alguns meses, logo depois do pedido. Nos demos muito bem e o Rafael não sabia onde se enfiar de tanta bobagem que falamos juntas. Ela passou uma temporada conosco com o novo namorado, um cara de uns 40 anos no máximo. Rafael bufando pois o cara tem idade pra ser filho dela.
Hoje ela veio sozinha, mas já disse pra mim que o Rafa vai infartar pois ela tá namorando um cara de 25 anos. Não quero nem ver quando ele souber disso.
Enfim, está tudo perfeito. Eu o vi e ele estava com os olhos cheios de lágrimas e um sorriso cravado em seu rosto que enchia meu coração de felicidade.
Tudo foi rápido a festa linda. Lilian tão feliz que nem sabia dizer. Foi só a perfeição e era nosso dia de perfeição.

2 anos depois...

Rafael

Nossa vida está ótima, algumas brigas e muita reconciliação. Nosso menino está na escolinha e está cada dia mais esperto.
A Lilian nos deu a mais linda afilhada. E hoje a Ana foi ao médico pegar os resultados dos exames que ela fez pois estava se sentindo mal.
- E aí o que houve? O que você tem?
- Só aumento da pressão mesmo, vou ter que me medicar.
- Ana o que aconteceu? Sua cara é de que não é só isso? Você chorou. Está me assustando. O que houve?
- Ai Rafa. Isso foi muito. Não posso ser mãe. Não de filhos meus. - e desabou em choro.
Não sabia o que fazer então só a abracei.
- Ana, por favor não fique assim. Vamos buscar outro medico, uma segunda, terceira, quarta e quantas mais opiniões precisar.
- Não Rafael. Essa já é a quinta opinião que peço.
- E porque não me disse? Por que passou por isso sozinha?
- Pra não te decepcionar, desculpe. Não posso te dar filhos e vou entender se for embora ou se quiser tentar encontrar quem possa....
- Nunca mais, entendeu. Nunca mais diga isso. Não me decepcionou. É triste pois queríamos um filho com nosso sangue, mas o amor que temos é grande de mais para não dividirmos. Podemos adotar e não vai deixar de ser menos nosso filho por isso.
Ela se deitou em meu colo e chorou mais e mais até adormecer.
Depois de um mês bem conversado resolvemos dar entrada nos papéis de adoção. Deixamos em aberto muita coisa sobre a criança só pedimos que fosse uma menina de até uns 13 anos.
Um ano se passou e nada de recebermos notícias.
Foi num dia conturbado, muita correria por função da convenção na empresa e os desfiles da Ana que recebi uma ligação acelerada.
- Corre..tô chegando aí em 5 minutos.
- Ana o que houve é o Caio? Se machucou na escola?
- Não ele está bem. Recebi uma ligação pra irmos conhecer nossa menina, mas tem que ser hoje.
Não sei como desci aquele prédio, sei que quando ela chegou pulei pra dentro do carro e arrancamos dali. Íamos conhecer nossa menina.
Chegando lá vimos várias crianças brincando e fiquei cada vez mais nervoso pois ficava imaginando qual delas seria.
- Boa tarde. Quero apresentar a vocês Iara.
Quando a vi quase tive um treco de felicidade. Me agachei e a comprimentei com delicadeza pra não a assustar.
Ela era linda. Tinha uns 7 anos, cabelos cacheados e linda pele negra. Olhos amêndoados e uma delicadeza especial.
- Oi, Iara. Como vai? Me chamo Rafael e essa é a Ana.
Ana só chorava. Não sabia o que fazer. Mas se ajoelhou e sorriu para a pequena que nos sorriu e veio nos abraçar.
Depois ela saiu e fomos tratar da segunda parte do processo.
- Enfim senhores, agora teremos as visitas da assistente social e os períodos de adaptação. Só temos um pedido a fazer pois não pode ser diferente. A Iara tem mais dois irmãos que também estão aqui, mas por serem mais velhos estão com dificuldades para a adoção. Precisamos que eles não percam o vínculo, por isso temos que pedir que com ou sem a adoção deles vocês a tragam ou a levem onde eles forem adotados.
- Podemos conhecê-los? - Ana disse.
- Podem, mas eles não estavam esperando visitas então devem estar sujos pois estavam brincando no pátio.
Quando a mulher saiu Ana me olhou com brilho nos olhos.
- Se formos entrar nisto que seja por inteiro.
Somente acenei com a cabeça.
- Esses são Sebastian de 11 e Murilo 14.
- Olá meninos, como vão?
- Muito bem - o mais velho disse.
- A senhora é muito bonita - o mais novo disse olhando para Ana.
E ela caiu no choro.
Depois de conversarmos um pouco com eles. Os mesmos saíram e voltamos aos trâmites legais para iniciar de vez a adoção.
- Eles não vão se separar, não vamos fazer isso.
- Que pena, pensei que tinham gostado da Iara. Ela ficou euforia ao sair daqui.
- Não, a senhora não entendeu, queremos adotar os três.
- Nossa. Sabem que tem q ter uma situação...
- Financeiramente somos capazes de adotar muito mais crianças. - me irritei em ter que ouvir que ele precisam do dinheiro e não do amor e carinho que podemos dar. Por isso fui até estupido com ela. Mas ela havia dado tanto ênfase no financeiro como se fosse a única coisa que importasse, que me estressei.
Enfim, começamos todo os processos, eram períodos de adaptação deles e nossa.
As crianças eram um doce e muito educadas e entramos na parte da guarda provisória.
Foi quando recebemos os papéis de guarda definitiva que realmente nossa família iniciou de verdade. Estávamos tão felizes e as crianças também.
As matriculamos na escola e cada um escolheu algo que quisesse fazer a mais na escola. Os meninos entraram no judô e a Iara quis ir pro karatê.
Nem falei nada pois ela parece muito com a Ana em tudo.
As pessoas na rua ainda são estúpidas e grosseiras olhando torto para nossos filhos por serem negros. Mas estamos ensinando eles a não se acharem menos que ninguém e Ana se usa como exemplo contando sobre os preconceitos que sofreu e as vezes sofre por ser gorda.
E já disse a eles para nunca aceitarem que digam a eles o que podem ou não por sua cor que eles podem e devem tudo o que sonharem.
Caio se deu muito bem com eles desde o início. Teve algumas crises de ciúmes, mas nada de mais.

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