Jonas entrou em casa como se fosse um dia de trabalho normal e ele voltasse da escola.
Ainda avaliava até que ponto contaria aos familiares o que tinha acontecido.
Definitivamente, já se decidira a não contar à mãe sobre o que Ema tentara fazer, pois após saber que ela tinha procurado a família de Beto para pedir que Olegário se afastasse do filho, Jonas já podia enxergar a cena de dona Maria Helena indo defender o filho da diretora fogosa.
Certamente, todas as suas precauções não atingiam Joice e, por isso, assim que se viu sozinho com ela em seu quarto, como ela gostava de fazer antes de ir deitar-se, contou tudo o que acontecera naquela noite a ela.
Joice ouviu tudo atentamente, sem deixar de omitir suas impressões e suas opiniões sobre como ele deveria ter agido com Ema e mesmo com Beto.
_Novamente, achei a atitude desse rapaz muito sensata ao sugerir que vocês dois se tornem amigos, meu irmão. Aliás, essa atitude tinha que ter partido é de você, pois é o seu ex-marido quem tem bagunçado a vida do coitado.
Jonas teve que admitir que a irmã estava certa: ao invés de ter se colocado na defensiva, inclusive sentindo repulsa por Beto, ele deveria sim ter se aproximado mais dele e, agora, eles seriam sim amigos, mas não pelo convite de Beto e sim pelo convite do professor.
_Vocês dois nem imaginam quem possam ser estes inimigos dos quais falaram João e Nazaré, Jonas?_quis saber Joice.
_Não. Eu e Beto combinamos de ficar atentos, trocarmos ideias, um informar ao outro se pensar em alguém.
_Ótimo! Realmente, duas cabeças pensam melhor do que uma. Deus ajude vocês dois a acharem estes malditos, antes que eles decidam prejudicar vocês.
Jonas conhecia a irmã o suficiente para saber que ela não estava bem.
_E você, minha querida? Por que estes olhinhos tristes?_disse mansamente afagando o rosto de Joice.
O professor chamou a sua irmã gêmea para deitar-se em seu colo. Começou a afagar os cabelos sedosos de Joice.
Jonas respeitou o silêncio inicial dela.
Finalmente, Joice falou com ele:
_Moacir foi à loja hoje.
Moacir era um antigo namorado de Joice. Apesar dela ter tido outros namorados depois dele, Jonas sabia que ela nutria uma certa esperança de que eles voltassem algum dia.
_Ora vejam...finalmente o Romeu descobre a sua verdadeira Julieta e decidiu reatar o namoro?_provocou o professor.
_Antes fosse, meu irmão._Joice suspirou triste._Foi levar o convite de casamento, acredita?
O professor pode ver, nos olhos da irmã, o quanto lhe custava pronunciar aquelas palavras.
_Ai, meu Deus...sério?
_Sério.
_Joice, eu sinto muito..._lamentou solidário.
_Eu sinto mais ainda, pode acreditar. Jonas, você sabe que eu tinha esperanças de que a gente reatasse o namoro...casasse...eu sonhei em ter filhos com ele.
Jonas deixou que a irmã soluçasse em seu colo, enquanto ele afagava os seus cabelos.
_Acho que eu nunca vou me acertar com alguém. Namorei o Moacir fazendo planos, criando expectativas e, mesmo quando ele pediu um tempo e eu tentei outros relacionamentos, era pra ele que eu dirigia todos os meus planos para o futuro. Osmar, Amarildo e Rômulo não se comparam ao que eu tive com o Moacir, Jonas. Ele foi o grande amor da minha vida! Foi com ele que eu perdi a virgindade...dei o meu primeiro beijo...imaginei uma casinha aconchegante, filhos correndo pela casa...estou muito triste...muito triste!_suspirou.
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O AMOR SEMPRE DÁ CERTO-Armando Scoth Lee-romance espírita gay
RomanceJonas acreditou que Carlos tinha partido, mas quando o amor é tão forte, nem a morte pode nos afastar! Agora, guiado pelo espírito de Carlos, o professor de português terá uma nova chance de se apaixonar e de ser feliz. Porém, uma ameaça ronda Jonas...