CAPÍTULO 2-"O TELEFONE SÓ TOCA DE LÁ PRA CÁ."-Chico Xavier

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Jonas, professor de português,  deu uma pausa na correção das redações de seus alunos e pegou a foto que estava na sua frente, lembrando-se daquele dia em que ela fora tirada.

A cidade de Ubiratipanga do Sul estava linda naquela tarde!

Carlos insistira para que Jonas, 34 anos, professor de português, seu noivo, o acompanhasse para aquele ponto da margem do Rio Santo Expedito que Jonas dizia que amava tanto.

Era importante, na ausência de uma ilha paradisíaca ou mesmo de uma natureza mais exuberante e à altura do pedido, que eles estivessem num lugar memorável, marcante, pensara Carlos.

Jonas estava lindo! Usava a camisa branca que fora presente do noivo,  com listras horizontais escuras, calça de moletom azul marinho e uma sandália de couro marrom.  Os cabelos bem cortados,  barba bem feita, um corpo atlético em  todo o seu charme de 1,90. Moreno, cabelos negros e sedosos, olhar penetrante e um sorriso que cativou o noivo já no primeiro encontro.

Carlos, 32 anos, lanterneiro,  era bem mais baixo. Tinha 1,75 e usava, também, uma camisa xadrez azul que fora presente do noivo. Os cabelos eram castanhos avermelhados e também usava barba e bigode bem cuidados. Olhos castanhos e sorriso encantador.

Era um sábado à tarde, dia 23 de agosto e fazia um ano que haviam se conhecido.

Jonas não havia desconfiado de nada, o que deixou o lanterneiro feliz, pois queria lhe fazer uma surpresa.

Num dado momento,  Carlos olhou para o céu pensativo, com um sorriso lindo, segurando a sua máquina fotográfica. Ele dizia que queria registrar todos os momentos felizes de suas vidas.

Vendo o noivo desenhado naquela natureza exuberante de final de tarde, Jonas não resistiu e bateu aquela foto que significaria tanto para ele, mais tarde.

No céu,  riscos deixados pelos aviões que haviam passado por ali.  Carlos comentou:

_Vendo estes riscos de aviões feitos nas nuvens, sabe o que eu gosto de acreditar, amor?

_Que as nuvens são feitas de algodão doce?_Jonas desafiou com um lindo sorriso.

Carlos também riu.

_Não...isso eu deixo pra você que é mais romântico e o poeta apaixonado da dupla. 

_Deve ser por isso que sou professor de português, pois eu tinha um professor que dizia que pra ser um bom professor de literatura, a gente tem que estar sempre apaixonado.

Carlos aproximou-se dele e beijou-lhe os lábios com carinho.

_Apaixonado é? Quanto apaixonado?_desafiou.

Jonas ergueu as sobrancelhas, como se avaliasse.

_Apaixonado do tipo seremos felizes para sempre...apaixonado tipo o nosso amor sempre vai dar certo...apaixonado do tipo...

_Tá, tá...já entendi, senhor meloso. 

Jonas aceitou o carinho que Carlos lhe fazia no rosto com as costas da mão e depois segurou a mão do noivo e a beijou. 

_Então vai lá...o que você pensa olhando estas linhas que os aviões deixaram no céu?

_Eu não só penso, mas eu também gosto de acreditar que são os espíritos dos apaixonados que se separaram do parceiro aqui na Terra e que agora vêm a este mundo trazer mensagens do tipo  "Nunca me esqueça...Ainda te amo...Nunca te esquecerei...Você é o amor da minha vida...Te espero chegar do lado de cá...Vem logo..._riu vendo o outro franzir o nariz com repulsa.

O AMOR SEMPRE DÁ CERTO-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora