CAPÍTULO 11-A OBSESSÃO DE EMA

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Emanuele jogou a bolsa sobre o sofá e trancou a porta, após entrar em seu apartamento no centro da cidade.

Achava tão bom poder chegar em casa e não encontrar o marido! Poder sentir-se livre para dar uma guinada na vida, livre para seguir o seu coração e livre para dedicar-se totalmente a um novo amor. Especialmente depois que o universo parecia conspirar a seu favor, como diziam.

Dirigiu-se ao banheiro. Acendeu a luz. Retirou todas as roupas e mirou-se no espelho.

Olhou-se de perfil, admirou as pernas longas e bem torneadas, seus maiores atributos, diziam os homens com quem se relacionara. Via que os cremes e produtos importados estavam fazendo seus efeitos e, realmente, nem ela mesma se sentia com 61 anos!

Valera a pena pagar tanto pela última cirurgia plástica no rosto, a progressiva nos cabelos, as longas horas no melhor salão da cidade para ser digna da cobiça de vários homens que a rondavam constantemente.

Era bom estar numa cidade pequena, no interior, não precisar concorrer com as mulheres sofisticadas dos grandes centros. Aquela era uma cidade em que estar num cargo de diretora era algo de destaque, especialmente numa escola de renome e eleita várias vezes a melhor da região.

A diretora ficou de costas para o espelho e observou o bumbum bem feito. Será que dava pra notar que dera uma levantada à base de cirurgia? Será que haviam notado que ela fizera preenchimento labial...colocara silicone nos seios?

Que fossem todos à merda, ela sempre pensava! Nenhum deles interessava...nenhum dos homens que a cercavam com elogios insossos, querendo apenas levá-la pra cama ou vir morar naquele apartamento bem localizado, de arquitetura moderna...ou mesmo usufruir de seu carro tão caro. Era óbvio que todos haviam ficado sabendo que o marido tivera que dividir tudo meio a meio e assim, ela também herdara uma casa na praia, numa região privilegiada onde ela podia alugar o imóvel e aumentar os seus rendimentos generosamente.

A diretora saiu do banheiro deixando as roupas espalhadas pelo chão, sem se importar que alguém pudesse notar e criticar a sua falta de organização. Sabia que ninguém viria, o marido não estava mais ali e a casa era apenas dela agora.

Desfilou até o sofá da sala, como se houvesse uma plateia para admirar aquele corpo perfeito totalmente nu.

Ema foi ao quarto e retirou os anéis, os brincos, os colares, pulseiras e braceletes. Retirou a maquiagem cuidadosamente e voltou ao banheiro a fim de tomar um bom banho quente.

Quando a água caiu em seus ombros, ela fechou os olhos e começou a passar as mãos pelo corpo lentamente. Pescoço, ombros, seios, coxas, sexo. Ema começou a imaginar outras mãos, que não as suas, afagando o seu corpo, sentindo a sua pele macia, alguém aspirando o perfume de suas entranhas e se acendendo diante de sua feminilidade.

Ema deslizou a cabeça de um lado a outro, ainda com os olhos fechados em devaneio.

O vapor da água encheu o box de um vapor etéreo e ela pode imaginar uma segunda presença ali.

O seu eleito era alto, pele clara, pernas e braços com pelos negros e macios...mais alto do que ela...mais jovem do que ela...mais excitado do que ela, desejou.

Invocou a lembrança daquele dia que ela enxergava como o marco de uma nova fase em sua vida: o dia do  assassinato de Carlos, namorado de Jonas.

Ela tinha visto a irmã gêmea do professor chegar pálida à escola. Ema a observou aproximar-se de uma das funcionárias que sorriu, pois já a conhecia. Porém, logo a atendente ficou séria e permitiu que Joice entrasse.

O AMOR SEMPRE DÁ CERTO-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora