Jonas olhou a cidade do alto do mirante. Como era dia de semana, o lugar, que costumava ficar cheio de casais de namorados nos finais de semana, agora estava vazio.
O professor de português deixara Beto contar a história de Amir e Akin. Ouviu também que Nazaré e João haviam sido seus pais no passado.
_É estranho meus avós nunca terem me contado isso._disse Jonas depois de um longo silêncio.
Beto tinha falado sobre isso com a tia.
_Talvez eles não soubessem ainda e só tomaram conhecimento agora, que Nazaré e João contaram a história pra mim. Minha tia Madalena também é espírita e disse que, no Espiritismo, cada coisa vem a seu tempo. Ela acredita que o mundo espiritual achou que agora era o momento para que eu soubesse de tudo isso e, como deixaram que eu decidisse se te contaria ou não...eu achei que seria bom que você também soubesse de tudo._explicou Beto.
Jonas meneou a cabeça, ainda de costas, sem se virar para o aluno.
Beto queria que ele lhe contasse o que lhe passava pela cabeça naquele momento, mas temia que Jonas não estivesse aberto ao diálogo ainda.
_Eu tenho consciência de que você nunca gostou de mim, Jonas, e também sei que só estamos aqui, porque você espera que Carlos volte._Beto desabafou.
Jonas não pode negar o que ele dissera, pois era verdade.
Agora, que tudo estava sendo esclarecido, avaliou que, talvez, se irritasse com o rapaz justamente porque ele o fizesse lembrar-se do seu falecido marido. Jonas reconheceu que, inconscientemente, se irritava ao saber que Beto se parecia com Carlos sim, mas não era Carlos.
Realmente o professor só subira na moto porque sabia que fora Carlos, e não Beto, quem arrombara a porta do almoxarifado o livrando de Ema. E, realmente, ele não estaria ali, se não tivesse esperanças de ver Carlos.
_Por favor, me dê um tempo, pois estou muito confuso._apelou Jonas.
"E eu não?", pensou Beto avaliando que, talvez, a sua situação não fosse tão diferente da do professor: estava num mirante, um lugar público, com um homossexual declarado, enquanto sua namorada imaginava que ele fora para casa devido a uma dor de cabeça.
Avaliou que precisava prestar atenção no horário, pois pretendia fingir que a aula não acabara mais cedo para não levantar suspeitas em casa.
_Estas duas pessoas que nos ameaçaram no passado e que, segundo Nazaré e João, estão de volta para nos ameaçar novamente...você imagina quem sejam?_Jonas o interrogou sem se voltar.
Beto admitia para si mesmo que aquela atitude do professor não o encarar era irritante: queria ver, no rosto de Jonas, iluminadas pela luz da lua e pelos postes localizados ali, que reações ele estava tendo com aquela conversa.
_Não...não tenho ideia de quem sejam estas pessoas que nos ameaçam. E você?_Beto ficou curioso.
_Também não. Será que esses malditos ainda não estão perto de nós? Será que eles falaram sobre um acontecimento do futuro? Uma premonição?
_Não. Me pareceu que é algo que já está acontecendo e que a gente ainda não percebeu._esclareceu Beto.
_Estou pensando aqui que, quem sabe, um antigo aluno que tenha tido por mim algum desafeto, quem sabe?
_Mas a mim pareceu que a ameaça seria pra nós dois, assim, convenhamos que eu não teria relação alguma com um antigo aluno seu, então...por que ele viria me ameaçar também?
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O AMOR SEMPRE DÁ CERTO-Armando Scoth Lee-romance espírita gay
RomansaJonas acreditou que Carlos tinha partido, mas quando o amor é tão forte, nem a morte pode nos afastar! Agora, guiado pelo espírito de Carlos, o professor de português terá uma nova chance de se apaixonar e de ser feliz. Porém, uma ameaça ronda Jonas...