CAPÍTULO 12-JONAS FICA MAIS CONFUSO AINDA

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Jonas entrou em seu quarto e bateu a porta forte demais. Fino assustou-se e deu um gemido debaixo da cama do professor.

_Oh, meu amor...desculpe o papai._Jonas o pegou com carinho e beijou a cabeça do cachorro que balançou a calda contente.

O professor segurou o animalzinho em seu colo por um momento, pois queria ter algo físico e não apenas espiritual de Carlos.

A irmã tinha percebido que algo tinha acontecido assim que ele entrou no carro. Ela não precisou perguntar nada, pois ele lhe contou tudo, como sempre.

Joice aconselhou o irmão a contar tudo para os avós que viam televisão na sala, quando ele entrou.

A mãe já estava dormindo e ele ficou feliz por isso. Não queria que ela se preocupasse imaginando que o seu filho estava enlouquecendo.

Os avós ouviram tudo em silêncio e se entreolharam quando ele terminou o seu relato.

_Vocês acham que eu estou louco?

_Não, filho...claro que não._disse o avô colocando sua mão direito sobre a do neto que apoiara a mão em cima do sofá.

_Não é porque você não vê uma coisa que ela vai deixar de existir. Já lhe explicamos que o seu namorado agora está em outro plano e que aquilo que está debaixo da terra é simplesmente o corpo físico dele. Carlos agora é um espírito, Jonas, mas ao que parece, algo ainda o prende aqui na terra e ele tem se manifestado em alguém de carne e osso._explicou a avó pacientemente.

_Acham que ele está preso aqui?_perguntou aflito imaginando a situação.

_Não...isso é uma forma de falar._esclareceu o avô._ Talvez ele ainda tenha alguma missão aqui na terra, Jonas e é por isso que ele tem visitado você.

_Mas por que tem que ser assim? Por que não posso vê-lo ou, neste caso, saber quem o está recebendo, pelo menos? Eu não entendo.

A avó levantou os ombros:

_Vai saber, meu querido. O certo é que se as coisas estão sendo feitas assim...é porque elas têm que ser assim. Vá dormir, meu anjo, pois uma boa noite de sono lhe fará bem, acredite. Amanhã, com a mente descansada, quem sabe você não descubra o que ele quis dizer com estes dois contatos que ele já fez, não é?!

Como sempre faziam, os avós colocaram as mãos sobre sua cabeça e lhe deram a bênção de boa noite.

Jonas preferiu não contradizê-los e foi para o quarto, tendo apenas Fino para ouvir os seus lamentos.

_Seu papai cumpriu a promessa dele, filho e já mandou duas mensagens. Achei que ele fazer contato iria me acalmar o coração, Fino, mas até agora eu não sei o que quero. Preciso saber que ele está bem, que ele está em paz, que ele está feliz...

O coração de Jonas doeu imaginando que o amor de sua vida pudesse estar feliz em algum lugar que não fosse ali, ao lado dele.

Fino pareceu entender que o dono precisasse de um agrado e lambeu o rosto de Jonas que fechou os olhos e riu sentindo a linguinha do canino lhe fazer cócegas.

_Boa noite pra você também, filho. Vai pra caminha que o papai tem que fazer um montão de coisas antes de dormir, vai._disse liberando o cãozinho pra voltar pra debaixo de sua cama.

Jonas ouviu uma mensagem chegar em seu celular.

Tinha certeza de que era Joice querendo saber como ele estava. Enganou-se.

Era um número desconhecido e ele ignorou.

Voltou a arrumar-se para dormir, mas, mais uma vez o som de mensagem chegando e o mesmo número.

O professor ignorou mais uma vez, imaginando que poderia ser algum engano, ou mesmo alguma propaganda.

Na terceira vez que aquilo aconteceu, ainda pensou em ignorar, perguntando-se por que a pessoa não ligava, já que estava tão a fim de falar com ele? Talvez a escola tivesse, mesmo contrariando as próprias normas, fornecido o seu número para algum pai desesperado com as baixas notas do filho do turno da manhã.

O professor pensou em desligar o aparelho, mas teve medo de alguém que realmente necessitasse falar com ele ligasse...Carlos, talvez. Se ele pode ligar para a escola, nada o impediria de ligar para o seu celular, pensou.

Novamente, mais um aviso de mensagem chegando.

Algo em seu sexto sentindo pareceu alertá-lo que poderia ser algo realmente importante, afinal, já se passava das onze da noite.

Jonas deu um suspiro impaciente e resolveu ler a mensagem.

O coração do professor de português parou pela segunda vez naquela noite.

Mais uma vez, não tinha dúvidas: era uma mensagem de Carlos...ele sempre falava daquele jeito  com ele...cuidando para que ele dormisse uma boa noite de sono...o chamando de meu querido príncipe...

"Ouça uma música para embalar os sonhos do meu querido príncipe."

Jonas sentiu o sangue correr nas veias quando resolveu ligar para o número que parecia pulsar na tela.

Uma voz cansada de mulher atendeu no que pareceu um bar lotado.

_Alô? Fala mais alto que não estou escutando nada.

_Quem está falando?

_A pessoa pra quem você ligou, ora essa!_respondeu a mulher mal humorada._O que você quer? É alguma propaganda? Porque eu não vou comprar nada, já vou avisando.

A cabeça de Jonas deu voltas confuso:

_Meu nome é Jonas. É que mandaram uma mensagem deste celular pra mim..._gaguejou o professor temendo ter imaginado aquilo.

_Mensagem? Tá louco? Nem te conheço e vou te mandar mensagem, cara? É alguma pegadinha?

O professor sentiu que apertava o aparelho em suas mãos quando insistiu esperançoso:

_É que a mensagem foi enviada deste celular, moça.

_Senhora, por favor, meu filho...senhora._disse a voz mal humorada._Merda, viu...já até imagino o que foi, moço...

Jonas quase ficou surdo com o berro irritado da mulher do outro lado da linha:

_Vandinha! Você deixou alguém usar o meu  celular, peste?

_Foi só um pouquinho, mãe. O moço barbudo da moto preta disse que tinha que ligar pra mãe dele e aí eu deixei._disse uma voz de criança.

_Puta que te pariu, garota! Emprestou o meu celular pra gente estranha, peste?

Jonas ainda ouviu o barulho da menina do outro lado parecer falar mais algo, mas a mãe não lhe deixava falar prometendo castigos.

_Oh, moço...não fui eu não. É que eu deixei a minha filha brincar com joguinho no celular, enquanto eu mexia aqui no bar e ela disse que emprestou o aparelho pra alguém. Deve ter sido isso.

Jonas umedeceu os lábios ansioso:

_Ele...disse o nome...falou quem era...onde morava...qualquer coisa, por favor.

A mulher ficou mais irritada ainda:

_Claro que não, meu filho...pra que ele iria dar o nome e o endereço pra uma menina de sete anos? Ele disse que só queria mandar uma  mensagem pra mãe...mãe um cacete! Mas já vi que o safado enganou a menina e escreveu foi pra você. Você é o que dele...parente? Isso não vai me causar problema não, né?!

Jonas percebeu que ela falava com alguém:

_Cátia, você acredita que Vandinha emprestou o meu celular pra um cara e agora tem um outro aqui me enchendo o saco querendo saber quem ele era?

_Desliga isso logo, Efigênia...é trote, minha filha!_alertou a outra._Isso é gente sem o que fazer...

Jonas ouviu a mulher pronunciar mais um palavrão e desligar o telefone na cara dele.

Aquela nova mensagem lhe tirou o restante das possibilidades de uma boa noite de sono.

O AMOR SEMPRE DÁ CERTO-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora