CAPÍTULO 20-JONAS FOGE DE BETO

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Após a última nota do violão de Beto, teve início uma nova avalanche de aplausos que quase levaram a quadra ao chão.

Alguns gritavam o nome de Jonas...outros o nome de Beto e era visível que a plateia já tinha, antecipadamente, escolhido o melhor número do show de talentos, mesmo antes das últimas apresentações.

Ema subiu ao palco visivelmente confusa com a cena de Jonas e Beto encarando-se como a avaliar-se. Para os olhos maldosos da diretora ficara evidente que os dois homens que no palco se encontravam estavam visivelmente hipnotizados pela presença um do outro.

A diretora  se viu no meio de  um pequeno tumulto que se fizera com os comentários e avaliações entre os juízes do evento que pareciam compartilhar da opinião geral de que tinha sido uma excelente apresentação.

Para o professor, porém, a situação tornou-se insuportável e ele abandonou o palco deixando a diretora com a lembrancinha que os alunos haviam comprado pra ele nas mãos.

_Professor Jonas, espere...ainda não terminou!_ela disse aflita tapando o microfone.

Jonas desviou-se das pessoas que chamavam o seu nome, querendo lhe cumprimentar ou lhe abraçar e, propositalmente conseguiu enveredar-se por um atalho para chegar discretamente até a biblioteca da escola. Ele acreditava que aquele seria o último lugar em que o procurariam, pois todos estavam atarefados na quadra da escola.

O professor sentia-se ofegante, o coração estava a mil e ele tremia quando entrou em solo seguro.

_Meu Deus...meu Deus...o que está acontecendo comigo?_sussurrou na escuridão da biblioteca.

Jonas decidiu arriscar-se mais um pouco ao esgueirar-se, novamente, e chegar ao banheiro que ficava no final do corredor do segundo andar que estava perigosamente vazio e escuro, mas aquilo não impediu o professor de dirigir-se para lá.

O som da apresentação seguinte já era audível para Jonas, quando ele finalmente sentiu que conseguira fugir sem ser visto por alguma pessoa inconveniente...especialmente por Ema, que parecia nunca o perder de vista.

O professor de português chegou finalmente onde queria. Entrou e fechou a porta atrás de si. 

O cheiro forte de desinfetante invadiu suas narinas imediatamente. Acendeu a luz  e correu até um dos reservados.

Jonas vomitou um líquido amargo e sentiu uma tontura, visivelmente  abalado pela adrenalina dos últimos acontecimentos.

Teria ido ao chão, se alguém não o tivesse amparado solidariamente.

Jonas deu um salto quando sentiu a mão firme que apoiava suas costas e deparou-se com a última pessoa que imaginou encontrar ali: Beto...ou Carlos? Ele já não saberia dizer.

_Venha lavar o rosto...você se sentirá melhor._a  voz pareceu alta demais dentro do banheiro vazio.

Ainda ofegante, Jonas obedeceu, pois faltavam-lhe forças e lucidez para recusar.

Lavou o rosto várias vezes...lavou a boca...tossiu e apoiou a cabeça no mármore frio, torcendo para que, quando abrisse os olhos, descobrisse que ainda estava sozinho naquele banheiro. Porém, novamente a mão amiga do rapaz o amparou quando ele levantou o rosto.

Jonas encarou Beto através do espelho.

Só naquele momento foi que o professor admitiu o porquê de tanta implicância com o filho do futuro prefeito: Beto era muito parecido com Carlos! Mas...infelizmente...ele não era Carlos e aquilo, inconscientemente,  irritara Jonas desde a primeira vez em que haviam se encontrado, quando ele achou que o rapaz tivesse agredido Fino, o seu cachorro de estimação!

O AMOR SEMPRE DÁ CERTO-Armando Scoth Lee-romance espírita gayOnde histórias criam vida. Descubra agora