Capítulo 25

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  Depois de ontem, ter me trancado no quarto, e chorado um pouco por conta da tpm, fiz minha rotina matinal, faltava pouco para a chegada da minha mãe e irmãs, eu precisava entregar o trabalho a tempo, nada de mais quando você tem uma cabeça criativa.

“Cassidy, tem uma encomenda para você!” Escutei o berro de Dielly e queria não ter escutado, estava atrasada, tive que correr para terminar de arrumar minhas coisas, mas eu parei quando percebi que não tinha pedido nada.

“Para mim?” Vou até ela curiosa que lia algo na caixa, Dielly estava um pouco surpresa para o meu gosto.

“Não tem nome, só tem seu endereço, e o selo é de Manhattan...”

“Deve ser de Lara...”

“Não está com um cheiro muito bom.” Concordei com ela, peguei uma faca na cozinha e voltei para abrir a caixa, estava bem lacrada, só abriria se fosse destruída.

Cortei ela no meio e abrir, o cheiro de carne morta subiu no ar, era um rato, morto em decomposição, a princípio me assustei, me parecia uma brincadeira de mau gosto, na verdade, de muito mau gosto

“Que porcaria é essa?” Olho para Dielly que encarava a caixa furiosa.

“Que ódio.”

“Dielly, você sabe quem mandou essa coisa?” Ela negou, pegou a caixa e o celular e saiu com pressa, no começo não entendi nada, mas fui até o meu celular, queria falar com Lara, ela deve estar louca só pode.

Eu tinha seu número perdido na minha lista de contato, para o caso de emergência, e no momento, essa é a emergência.

“Ainda viva?” Ela disse assim que me atendeu.

“Qual foi do seu presente?”

“Que presente?”

“Pelo amor, não se faz de sonsa Lara, você me enviou um rato morto!” Ela ficou muda, como se não estivesse mais na linha. “Vai ficar calada?”

“Eu ganhei também, veio da Califórnia...”

“Você?”

“É, um rato podre em decomposição, empestiou a casa toda.” Eu não fazia ideia, porque não tem como não ser ela.

“O remetente é de Manhattan.” Ela ficou calada outra vez.

“Cassidy, ela voltou.” Aquela frase, de certa forma me assustou.

“Ela quem?”

“Sua sogra.” Na mesma hora meu coração gelou, não, agora não, de novo não.

“Não é possível entendeu? Eu vi ela morrer, foi na minha frente.”

“E quem matou foi o pai de Diego.”

“Ele odiava ela!”

“E eles são bandidos!” Ficamos caladas, até eu ouvir Dielly me chamar. “Não conta a ninguém Cassidy, eu vou procurar saber, não confie em ninguém.”

“E por quê eu confiaria em você?”

“Por que é por causa dela que estou em uma cadeira de rodas.” Me convenceu.

Desligou a ligação e eu larguei o celular na cama, não me lembrava que estava atrasada até agora, peguei o celular de novo e voltei para sala, a caixa já havia sumido e Dielly também, pego minha bolsa e as chaves e saio de casa com medo do que pudesse acontecer daqui para frente.

Tentei não pirar, mas foi impossível, eu me sentia vigiada, como se ela estivesse me senguindo, ou até mesmo ele, será possível que o pai de Tyler esteja vivo também?

Continuei caminhando sem olhar para os lados, as pessoas me olhavam, como se eu fosse maluca, talvez eu esteja, na verdade, eu passei um tempo com terapeutas antes de me formar, no final, eu me recuperei mentalmente, eu pensava em tudo que eu vi, e por que eu aceitei ajudar Bruna naquele dia, mas isso acabou me lembrando que foi pelo meu afilhado e tudo valeu a pena no momento, mas hoje, e se ela resolve me matar, eu não fui ninguém, não tive nada, nem uma história.

“CUIDADO MOÇA!” Mãos fortes me puxaram para trás antes que eu pudesse ser atropelada por um carro preto com o vidro escuro, meu coração acelerou outra vez, e por pouco não desmaiei, a pessoa que quase me atropelou não parou para me dar assistência ou algo do tipo, simplesmente se foi, me deixando para trás com as pessoas ao meu redor,  eu quase morri.

“Você está bem? Olha pra cá.” Uma luz foi posta em meus olhos e eu fechei os olhos por não conseguir fixar direito. “Eu sou médico, vou te ajudar. Todo mundo para trás agora.” Havia uma viatura do outro lado da rua e por conta disso as pessoas estavam se afastando, mas mesmo assim curiosos.

“Se eu não tivesse puxado ela, agora ela estaria morta...” Ouvir o cara que estava conversando com um policial falar, mas aos poucos eu fui perdendo os sentidos, não conseguia ouvir nada, só sentir meu cérebro desligar.

* * *

Conseguir abrir os olhos, mesmo assim não enchergava com clareza, minha cabeça estava doendo e meu corpo tenso, a única coisa de que me lembro é que quase morri, e de não conseguir falar por que não conseguia respirar.

Aos poucos o lugar me pareceu conhecido, e vi os aparelhos, meu braço com uma agulha, algo no meu nariz, a roupa, o frio, era um quarto, um quarto de hospital.

“Bom dia Cassidy, meu nome é Spencer.” Ele colocou uma luz nos meus olhos enquanto uma enfermeira anota algo. “Como se sente?”

“Minha cabeça dói bastante, tem remédio para isso?” Ele encarou a enfermeira e ela concordou saindo do quarto.

“Você lembra o que aconteceu?”

“Só de um carro tentar me atropelar.” Ele concorda então a enfermeira volta com uma bandeja de prata.

“Sim, foi isto.”

“Posso falar com minhas amigas? Elas estão lá fora?”

“Não, não tem ninguém te esperando.”

“Ninguém avisou a elas? Devem estar preocupada.” O médico  se afastou e então a enfermeira se aproximou colocando algo no soro, talvez pra dor de cabeça, mas eu nunca vi nada disso. “É pra dor de cabeça?”

“Talvez.” Minha visão começou a ficar turva e aos poucos eu comecei a perder a consciência, eu me sentia fraca, sozinha, e provavelmente, dessa vez, Diego não estará aqui para me ajudar.

B. F. F ⭐ Amigas ⭐3Onde histórias criam vida. Descubra agora