Capítulo 28

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CASSIDY MILLER

Ao conseguir recobrar a consciência, eu não fazia idéia de quantos dias eu não comia direito, não sentia boa parte do meu corpo, era como estar paralisada, isso me fez tremer em desespero, com medo de que os antibióticos estivessem alterados meu sistema nervoso como o médico disse.

Ninguém descobriu, ninguém sabe que eu consigo acordar antes dos horários previstos, acho que tem algo de errado, achei que era um plano para poder fugir, um bom plano, mas como fugir se não mexo as pernas...

Fecho os olhos quando a porta se abre e fico um tempo calada quanto ao som de um salto se aproximando, e depois silêncio.

"Acorda." Grito de dor quando alguém bate com força na minha barriga.

"Por favor, não quero morrer..." Encaro Lara sem terminaria minhas súplicas, foi uma dor forte, principalmente quando meu estômago ta doendo.

"Cassidy Miller... Onde anda sua raiva, supremacia?"

"Ela se foi quando você me seqüestrou." Digo convicta, não queria irrita-la, mas eu precisava disso, eu preciso disso para aprender o ponto fraco dela.

"Sabe sua amiga, Dielly?" Não respondi. "Um dia desses vi ela, numa festa, balada por assim dizer, muito feliz, a uma semana."

"Dielly não faria isso, ela está-me procurando com Diego agora." É tão ruim não saber o que dizer, Diego até um tempo deu o anel de noivado a Blair e Dielly anda diferente comigo, é mais provável Taila estar a minha procura.

"Tem certeza?" Ela me olhou como se estivesse-me desafiando, prestes a jogar a verdade na minha cara. "Vamos ver então." Tirou o celular do bolso e sorriu.

"O que você está tentando provar?" Ela não me olhou ou me respondeu, mas após mexer tanto no celular ela me mostrou uma publicação de Blair.

"Veja com seus próprios olhos." Ela ficou séria e colocou a verdade na minha cara. "É apenas um print, o horário está bem em cima, e a data da publicação também."

"Ela me mandou essa foto depois que Diego foi embora."

"Então você vai gostar de saber que eles estão juntos agora no Brasil, em Salvador, sabia?"

"Férias em família?" Escutar aquilo me magoou, mas eu não posso acreditar.

"Está mais para lua de mel." Ele deu de ombros e guardou ou celular.

"Queria me machucar?" Ela sorriu e concordou. "Não conseguiu."

"Você é tão sem graça as vezes, como seus amigos te aturam?" Ela se aproximou depois de colocar o celular, pegou o pedaço de madeira no chão e outra vez bateu sobre minha barriga, sentir aquilo me fez gritar, mas conseguir mexer meu corpo e me contorcer, ela bateu bem no osso, essa desgraçada. "Eu não deveria te machucar Cassidy, mas eu não ligo para o que devo, só ligo para o seu sofrimento."

"Eu vou te matar Lara." Digo o que vem na cabeça e sinto outra dor quando a madeira bate com força nas minhas pernas." Era pior que passar fome.

"Quer tentar agora?" Sua risada foi alta, ela só parou de rir quando me bateu outra vez, mas dessa vez foi na minha cabeça, e eu já estava sentindo tudo girar, no momento não enxergava mais nada.

*  *  *

A dor na minha cabeça já estava se tornando insuportável, lateja como se eu tivesse partido alguma parte dela, eu não conseguir-me mover, nem passar a mão na cabeça pelas dores no corpo, eu não estava amarrada, mas era como estar colada na cama, eu queria levantar, mas não comandava mais o meu corpo.

"É horrível a sensação não é mesmo?" A maldita disse-me fazendo ter enjôo, queria vomitar na cara dela. "A chefe aqui que mandou falar." Olho para Lara assustada e ao lado dela está Kitty, numa cadeira de rodas e bem equipada, eu pensei em várias formas dela me matar estando tão perto, primeiro me enforcando com as próprias mãos ou me dando uma facada no coração.

"Você está viva!" Eu sinto o medo se espalhar pelo meu corpo, se é hoje que vou morrer, então não irei para um bom lugar.

"Kitty não pode falar, está tetraplégica."

"E como você sabe o que ela me mandou dizer?" Eu queria acordar no meu quarto, queria que isso fosse um pesadelo.

"Digamos que tem um aparelho onde os pensamentos de Kitty é transmitido para mim, ela mexe os dedinhos e tudo o que precisa é só me dizer."

"Ela deveria estar morta." Encaro a sogra dos sonhos de toda adolescente.

"Ela vai morrer, você acha mesmo que essa é a vida para ela, querida, você está enganada."

"Então, por que me seqüestraram?"

"Kitty mandou dizer que a culpa disso ter acontecido com ela foi por sua causa, e que ela, vai matar você, como prêmio, quando ela for para o inferno e lá mesmo te dar o que merece."

"Isso soa ridículo até mesmo para você."

"Pode ser que sim, mas eu fui ajudar, acabei ficando numa cadeira de rodas, e por pouco não ando mais, só que eu tive a sorte de conseguir ter minha vida de volta graças a Kitty."

"Ela que fez aquilo contigo depois de massacrar a casa de infância da minha melhor amiga, de quase nos matar, ela que deu as ordens."

"Chega Cassidy, a única coisa de que precisa saber é que seu ex namoradinho está chagando, e vocês irão morrer juntos, não é fofo?"

"Ele não estava em lua-de-mel?" Sinto o medo voltar a passar pelo meu corpo, dessa vez me causando arrepios, uma péssima sensação.

"Talvez eu tenha mentido, mas ele não casou ainda... quer dizer, ele não vai, por que até o final da tarde ele estará morto ao seu lado, depois que você acordar."

"Eu não vou deixar que vocês matem ele!" Escuto sua risada e então ela se afasta empurrando Kitty para fora do quarto, tento mexer meu corpo mas falho miseravelmente, respiro fundo e até sentir meu peito apertar, na minha garganta o choro preso e todas as lembranças que tive com Diego indo ralo a baixo.

Eu não me sentia pronta para morrer, na verdade, nunca ninguém está pronto para deixar certas pessoas para trás, meus pais, minhas irmãs, meus amigos, meu afilhado e Diego. Queria ter forças para lutar, queria ter forças para me levantar, queria ter a chance de ver minhas irmãs crescerem, e além de tudo, ter uma filha, uma família.

B. F. F ⭐ Amigas ⭐3Onde histórias criam vida. Descubra agora