"Don't take serious decisions, based on passenger Emotions"-Ariana Grande
EAO-Capítulo 1
O frio em Minnessota estava simplesmente insuportável. Arthur já perdera a noção de quanto tempo passara andando em círculos. A tempestade estava tão forte que o garoto mal sabia por onde ir.
Bufou ao encontrar a casa do avô, em meio a neve. Finalmente. Achava que nunca encontraria sua casa novamente.Arthur Lancaster tinha dezessete anos e morava com o avô no segundo andar da pequena loja de instrumentos da família, em Minneapolis, no pequeno estado congelante de Minnesota. Ótimo. Estavam no inverno, apenas completava a imensa alegria de Arthur em morar naquele cubo de gelo.
O rapaz mora com o avô desde que os pais faleceram em um acidente de carro. Estavam apenas os dois. A mãe morreu a caminho do hospital e seu pai não muito tempo depois. Ele era satisfeito. Estava muito bem com o avô. Tentou abrir a porta da loja, mas nem o maldito sino tocou. A maldita tranca havia congelado de novo. Maravilhoso.
— Vovô Tom? — Gritou, vendo apenas o balcão vazio pelo vidro. — A porta emperrou de novo!
Tom desceu as escadas lentamente. Abriu a porta bruscamente e Arthur viu que o avô não estava nada satisfeito.
— Ligaram da sua escola. — Arthur engoliu em seco. — Detenção de novo, Arthur Davis Lancaster? — Tom falou o nome completo. Ferrou.
Depois de uma longa e agora frequente briga com vô Tom, Arthur subiu para seu quarto. Era um quarto comum de adolescente: a cama no canto do local e pôsteres de bandas e séries que gostava espalhados pelas paredes.
Estava faminto. Foi até a geladeira e comeu o resto da lasanha que sobrou do jantar, em apenas uma garfada. Sua vida era um porre.
Não era a primeira vez que havia se metido em encrencas na escola. Suas notas não estavam muito boas, não era muito popular, e claro, de longe, não era o mais comportado. Seu avô estava cansado de receber ligações do diretor sobre o que ele havia feito. Arthur não sabia como haviam descoberto que ele havia pichado os armários do fundamental. Porcaria. Porém, parece que dessa vez a coisa era mais séria. Avisaram que mais uma suspensão e estaria expulso. E claro, vovô Tom não estava nada satisfeito.
Resolveu ligar o notebook e ouvir algumas músicas das diversas bandas de rock que adorava. A playlist estava lotada, estava cansado das mesmas. Resolveu procurar uma nova. Arthur devia mesmo renovar sua playlist. Enquanto procurava algumas músicas novas no youtube, um bip soou. Novo email. Ele recebia emails? Devia ser outra mensagem da empresa, ou sei lá. Mandado por engano. Resolveu abrir, estava sem ter o que fazer mesmo.
A mensagem possuía um logotipo estranho. Assim que abriu, se deparou com o que parecia ser, um documento. No canto superior direito, o logotipo era um par de asas douradas.
— GoldWing High School. — Arthur leu o nome em negrito no topo do arquivo.
Por um momento, ele pensou ser engano, mas viu que estava endereçado a ele, então, resolveu imprimir o documento para analisar melhor.
"Caro Arthur Lancaster,
A diretoria do colégio interno Gold Wing, o melhor da zona oeste da Inglaterra, o convida para ingressar em nosso grupo de estudantes, acompanhado da bolsa total, que o permite matricular-se sem nenhum custo, ou conta mensal.
Atenciosamente,
Madame Winkler, diretora de Gold Wing."
Como assim? Arthur não entendeu de primeira, resolvendo chamar o avô. Quem sabe Thomas estaria sabendo dessa... hum... surpreendente novidade.
Vô Tom ficou estranho assim que viu o documento. O velho pareceu empalidecer, como se tivesse visto algo tão surpreendente quanto aquelas flautas com mil e uma utilidades que tentaram vender para expor na loja semana passada.
— Savannah! — Chamou sua cachorra. Savannah era uma cadela muito inteligente. Foi deixada em uma caixa na frente da loja quando Arthur tinha doze anos.
Ela correu até o garoto e começou a lamber seu rosto.
— E aí, garota? — Arthur afagou seus longos pelos. — Vô Tom esqueceu de dar água pra você de novo? — O animal latiu. — É, me parece que sim.
Arthur foi até a cozinha e encheu o potinho de Savannah, quando escutou a voz do avô na sala, embora estivesse suspeitando que Tom estava apenas brigando com o rádio novamente.
Como toda quarta-feira.
— Aqui, menina. — Arthur mal colocou no chão e a cadela correu para matar a sede.
Apenas isso. O avô e sua cachorra. Toda a família que Arthur tinha na vida. Amigos? Não. Pais? Não. Namorada? Ele precisava realmente responder?!
Ele voltou para a sala querendo saber o que o rádio fez desta vez para a gritaria ainda não ter acabado. Porém, se deparou com uma cena chocante: o avô falando ao telefone.
— Tem certeza que chegou o momento? — O velho Tom estava nervoso. — Acha que não é muito cedo? Faz dois séculos e nenhum dos Lancaster jamais... É uma decisão precipitada, você sabe disso!
— Vovô? — Bastou Arthur entrar na sala para que a ligação fosse encerrada. Sem despedida alguma. — Quem era?
— Ah... uma... cliente. Queria saber se poderia levar a guitarra que comprou para um show... -— Arthur ergueu a sobrancelha, estranhando a resposta dada pelo avô. — Afinal, por que isso interessa, sim? — Tom colocou o telefone de volta no lugar. — O que Savannah queria ? Descobriu a razão dela latir o dia inteiro? — Ele tentava mudar de assunto.
— Esqueceu de pôr água pra ela, Vô. De novo. — Respondeu Arthur.
— Oh, sim. Deve ser isso. — Sentou-se em sua cadeira de balanço.
Arthur foi até a janela e a fechou. Estava congelando lá fora.
— Arthur. — Tom o chamou. — Faça suas malas. — Arthur arregalou os olhos. — Amanhã irá para a Inglaterra.
— Oi? — Savannah correu e deitou-se sobre os pés do velho Tom. — O Senhor não pode estar falando sério...
— Mas é claro que estou. GoldWing foi um internato fundado pelos Lancaster há muitos anos...— Vô Tom contou. Arthur não lembrava do avô ter mencionado isso antes. — Presumo que será bom para sua educação estudar no colégio que educou a mim e a seu pai, não acha?
— O senhor... estudou lá? — Thomas assentiu.
— E o meu pai, o pai do meu pai... E todos os homens da nossa família durante um século... — O avô de Arthur pegou seu charuto e deu uma soprada forte. — Já estava na hora de ingressar na escola que carrega o brasão dos Lancaster. — Ele apontou para o objeto acima da cabeça, mostrando o imenso par de asas douradas, com o nome Lancaster gravado em ouro, as unindo.
— Ei, Vô... Acho que nunca perguntei... O que significa as asas? Por qual motivo esse é o nosso brasão?
Arthur viu Vovô Tom sorrir. O velho deu mais uma soprada em seu charuto antes de apagá-lo, levantou-se da cadeira e, de costas para Arthur, falou:
— Esse é um enigma que terá que descobrir, Arthur. — E foi para seu quarto, seguido por Savannah, deixando Arthur sozinho com seus pensamentos.

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O Enigma das Asas de Ouro
Mystery / ThrillerArthur Lancaster cresceu sem os pais. Vivendo com o avô em Minnesota, nunca enxergou maiores possibilidades para si próprio, quando, inesperadamente, recebe a proposta de ingressar no internato mais caro da Inglaterra: Goldwing High School. Mal Arth...