M I C H A E L
Ainda não acredito que o Luke fez isto. Ele ama a Sarah, deu imensas provas do seu amor. Não faria isto sem um motivo muito grande.
Ligamos ao Ashton e, depois de contarmos tudo, decidimos ir falar com o nosso amigo a casa. Apenas nós, sem as raparigas. Quando saímos da escola à hora de almoço, encontramo-nos os três ao pé da casa do Jack.
- Sou o único completamente chocado? - Ashton questiona. - Para além de terminar com a Sarah, passou o dia com o quarteto?
- E com a Arzaylea. - Calum acrescenta.
- Exato, por isso é que acho que aqui há gato. - tocamos à campainha. - Algo se passa.
Jack abre-nos a porta, cumprimentamo-lo. - O Luke está?
- Ele não vos disse? - Jack gals confuso. - O meu irmão voltou para a casa dos nossos pais.
- O quê?! - exclamamos em coro.
- Também fiquei como vocês. - Jack comenta. - Ele disse que queria voltar e foi-se embora.
- Isso é demasiado estranho. - afirma Calum.
- Também acho e tenho a certeza de que isto tem dedo do meu pai. Até vos dizia para irem lá falar com ele, mas é melhor não. O senhor Hemmings todo poderoso não é o tipo de pessoa que goste de visitas inesperadas.
- Nós falamos com ele depois. - fala Ashton.
Acabamos por nos despedir do Jack e vamos embora. É óbvio que não vamos à mansão Hemmings, – seria um convite para a morte. OK, pequeno exagero, mas, por exemplo quando íamos lá ensaiar, não podiamos sair da garagem por nada, principalmente eu. Aquele homem sempre implicou comigo não sei porquê.
Entro em casa e vejo a Sarah sentada no chão, encostada ao sofá, abraçada aos joelhos. A televisão está desligada e a mesa tem uns lenços usados.
- Então, Sarah. - largo as minhas coisas, sentado-me ao lado da minha irmã e abraço-a. - Para de chorar, a sério. - limpo as suas lágrimas, mas outras descem logo a seguir.
- Como é queres que eu pare de chorar? - põe as mãos na cabeça.
- O que é que ele te disse?
- Disse que já teve o que queria de mim. - volta a esconder a cabeça nos joelhos.
- O Luke disse isso? Impossível. - arregalo os olhos. - Ele ama-te, nunca faria isso.
- Pelo que parece não ama mais, ele próprio disse que nunca amou. - o choro acalma. - Tu avisaste-me, disseste que o Luke me ia magoar, estavas certo.
- Não podes pensar assim. Queres que eu fale com ele?
- Óbvio que não! Não faças nada, é melhor assim. Como é que eu me deixei enganar assim?
- Tu ajudaste-me com a Crystal e também me aturas-te quando fiquei dias sem falar com ela. Eu vou fazer o mesmo. Vou te aturar com as coisas do Luke e vou te ajudar a resolver as coisas.
- Não há nada para resolver, ele olhou para mim, olhos nos olhos, e disse que nunca sentiu nada. - volta a chorar.
- Sarah, levanta-te. - ordeno, levantando-me. - Vamos dar uma volta.
- Não me apetece.
- Sair vai te fazer bem, anda. Há uns dias também me obrigaste. - ajudo-a a levantar-se.
Saímos de casa e começamos a andar. Ao fim de poucos minutos, do outro lado da estrada, vejo o quarteto maravilha a andar, enquanto falam. Luke vai com eles um pouco mais atrás, com as mãos nos bolsos e a chutar as pedras que aparecem no caminho. Tento distrair Sarah para ela não os ver, mas já é tarde de mais.
- Sarah. - começo.
- Não precisas de dizer nada. - limpa uma última lágrima. - Parece que ele arranjou novos amigos.
Continuamos a caminhar calmamente pela rua, mas passado um pouco voltamos para casa. Tentei animá-la, fazendo piadas e situações engraçadas mas nada resultou, sei que as minhas piadas não são as melhores mas também não são as piores.
- O jantar está quase pronto. - o nosso pai avisa assim que entramos em casa, após o habitual "boa noite".
- Eu vou já deitar-me, não tenho fome. - Sarah fala triste.
- Mas filha, eu fiz a tua comida favorita. - informa.
- Agradeço pai, mas eu só quero dormir. - responde e vai para o seu quarto.
- O que é que aconteceu? - pergunta-me preocupado.
- Problemas amoroso. - revelo sem grandes detalhes, não vou expor a vida da Sarah sem o seu consentimento. - Vamos comer? - desvio o assunto e o meu pai assente.
Sei que a Sarah me pediu para não o fazer, mas da proxima vez que vir o Luke vou ter uma conversinha com ele. Vai ter de me explicar esta situação toda, a bem ou a mal.
L U K E
- Hemmings só há uma coisa que eu não percebo. - começa Thomas. - Porque é que o teu pai te odeia tanto? És assim tão mau filho?
- E se calasses a boca? - vocifero.
- Calma, só estava curioso. - mete as mãos ao ar em sinal de rendimento.
- Vá lá Thomas, já chega desta treta das provocações. - fala Adam.
- Juro que estou genuinamente curioso. O cota contratou-nos para lhe fazer a vida negra, simplesmente gostava de saber o porquê. - afirma.
- Realmente meu, o que raio se passa entre vocês? - questiona James.
- Nunca ouviram dizer que a curiosidade matou o gato. - e neste caso pode matar mesmo.
Finalmente chegamos a minha casa. Abro a porta e começo a subir as escadas, até que sou chamado por alguém da cozinha. Desço os degraus que já tinha subido e vou até lá, vendo os meus irmãos mais velhos na mesma.
- O que é que vocês estão aqui a fazer? - pergunto ligeiramente aflito.
- Olá para ti. - goza Jack. - E isso perguntamos nós.
- Voltei para casa dos pais, qual é o problema? - tento desfaçar.
- Tudo. - começa Ben. - Depois de tudo o que o pai te fez e está a fazer à mãe tu voltas para casa? Ele fez-te alguma coisa? Ameaçou-te?
- Não se metam nisto, por favor, para vosso bem. - imploro.
- Mas... - Jack ia dizer qualquer coisa, mas é interrompido pela porta a abrir-se.
Começam-se a ouvir gritos do nosso pai vindos de lá. Olhamos uns para os outros e vamos até ao encontro destes gritos ameaçadores. Chegamos lá no preciso momento em que o nosso pai dá um estalo na nossa mãe.
- Pai! - repreende Ben indo ao encontro de nossa mãe.
- O que é que vocês estão aqui a fazer?! - reclama chateado.
- O que é que isso interressa agora? - começa Jack. - Luke, liga à polícia. - pede pois o telefone está ao meu lado.
- Nem te atrevas. - avisa o meu pai.
- Luke, liga! - repete.
- Se ligares sabes o que acontece, vais parar atrás das grades. - ameaça.
- O que é que estás a dizer? - pergunta a minha mãe a chorar.
- Conta-lhe Luke, conta-lhe o que fizeste.
Respiro fundo, nem acredito que vou fazer isto. - Estava bêbedo e sem querer atropelei um homem, e ele morreu. - confesso rápido, baixando a cabeça. A minha mãe olha-me chocada, eu compreendo, no final de tudo, sou um assassino.
- Como é então, chamamos a polícia ou não? - provoca. Ficamos todos em silêncio e não respondemos. - Bem me pareceu. - ri vitorioso e sobe as escadas para o andar de cima.
Odeio o meu pai.
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Story Of Another Us [1]² ★ 5SOS portuguese
FanfictionNove adolescentes, melhores amigos desde sempre, que partilham os mesmos interesses. Amigos é uma palavra forte, até talvez seja uma grande mentira, visto que há sentimentos para além da amizade. Felizmente a vida não é só constituída por amigos. In...