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L U K E

Saio da discoteca com a raiva a transbordar. Estou farto de tudo. Só quero contar a verdade à Sarah e conseguir abraçá-la e beijá-la. Quero estar com ela e pedir mil e uma desculpas por estarmos separados. Quero dizer que a amo vezes e vezes sem conta e sentir cada palavra. Mas não posso. Não sei por quanto mais tempo vou aguentar. Quando finalmente estava sem problemas, a nossa relação estava ótima, o meu pai tinha de estragar tudo.

Ando pelas ruas frias de Sydney até ao meu carro. Visto que estou a viver com o meu pai, ele decidiu devolver-me tudo. Entro no mesmo e conduzo até à praia. Estaciono o carro e caminho em direção ao areal.

A Sarah, quando tem problemas ou está triste, costuma vir para aqui. Nós passamos ótimos momentos neste lugar. Porque é que tudo me lembra da Sarah?

Ando pela praia e ouço um choramingo. Avisto Sarah, sentada na areia, encolhida, a agarrar nas pernas. Ando até ao meu amor e sento-me ao seu lado. Porque é que ela está aqui às cinco da manhã?

- É tarde, não devias estar aqui. - limpa as lágrimas, olhando para as ondas.

- Tu também não. - tiro o meu casaco. - Estás a termer, toma.

- Não, não quero. - continua sem me olhar.

- Aceita, por favor.

A loira aceita o casaco contrariada e veste-o, continuando a limpar as suas lágrimas. Ficamos parados alguns minutos, a olhar para o mar.

- Estás aqui há quanto tempo? - pergunto. Presumo que tenha vindo para aqui graças à nossa discussão.

- Desde que saí da discoteca.

- Sarah, já passaram quase duas horas. - falo preocupado.

- Então estou aqui à quase duas horas. - encolhe os ombros. - E tu? O que estás aqui a fazer?

- Apenas estava a conduzir e vim aqui ter. - o silêncio volta a reinar, logo, pretendo cortá-lo. - Este sítio trás-me algumas boas memórias, é por isso.

- Memórias sobre nós? - olha finalmente para mim.

- É difícil esquecer. - brinco com os meus dedos.

- Se acabaste comigo, já devias ter esquecido, afinal, nunca sentiste nada. - fala melancolicamente.

- Podemos não falar sobre esse assunto? - peço. - Eu apenas, esquece, não consigo.

- Dizeres essas coisas magoa. - volta a esconder a cara entre os joelho. Consigo ouvir que voltou a chorar.

- Sarah. - puxo-a e abraço-a, deixando-a chorar ainda mais. Sarah abraça o meu peito, chorando nele. Deixo um beijo no topo da sua cabeça. - Eu amo-te tanto.

- Luke, pára. - ordena, continuando a chorar e tentando desviar-se. - Porque é que me fizeste aquilo e continuas-me a magoar?

- Anda, eu levo-te a casa.

- Tu podes ir. - desfaz o abraço, tentando secar as lágrimas. - Eu vou ficar aqui.

- São cinco e meia da manhã, não te vou deixar aqui. - levanto-me, estendendo-lhe a mão.

- Eu não quero.

- Disseste à Tamara que estavas em casa, o Michael vai perceber que ainda não chegaste.

- Quero lá saber. - encolhe os ombros, olhando para o mar.

- Sarah, por favor. - continuo com a mão estendida.

Revira os olhos e, contrariada, agarra a minha mão. Mal se levanta, larga-a. Caminhamos até ao meu carro e entramos no mesmo.

- Sabes que, um dia, terás de me explicar. - corta o silêncio que se ocupou o carro faz uns minutos.

- Sei. - faço uma pausa. - Gostava que fosse mais cedo.

- Então porque não contas?

- É complicado. - estaciono à porta do seu prédio.

- Adeus, Luke. - despede-se com um fraco sorriso.

- Adeus, meu amor. - despeço-me.

Sarah sai do carro e espero que entre no prédio para conseguir arrancar com o carro sabendo que está em segurança. Abaixo a cabeça, apoiando-a no volante. Sinto-me tão mal por lhe fazer isto. Ela chora, tem raiva de mim, ela detesta e ela ama-me. Não quero que a Sarah me esqueça, porque eu não vou esqueça-lá. Não sei se vou guardar o segredo por muito mais tempo.

Estaciono o carro na garagem da casa dos meus pais e entro na mesma.

- Onde é que estiveste? - pergunta o homem que mais desprezo neste mundo.

- Fui sair com os seus capangas. - respondo seco.

- Depois disso. - persiste.

- Vim para aqui. - minto, mas aposto que os outros quatro palhaços lhe vieram fazer queixas.

- Mas pensas que estás a enganar quem?! Onde é que estiveste?! - aumenta o tom de voz.

- Foi espairecer um pouco para a praia. Não posso estar com a Sarah, mas posso recordá-la. - óbvio que não vou dizer que estive com ela, se não algo de mal poderia acontecer.

- Que lamechas, Luke. Gostas demasiado dessa rapariga.

- O pai é que não sabe o que o amor realmente significa, nota-se pela maneira como trata a mãe, por isso, não comente o que não sabe. - falo e subo as escadas para o meu quarto.

Ainda o ouvi a reclamar e a chamar-me, mas ignorei. Tranco a porta do quarto e mando-me para cima da cama, adormecendo rapidamente.

S A R A H

Porque é que ele não me conta logo o que quer que seja que ele tem para me contar? Poque é que me deixa nesta angústia? Porque é que ele diz que me ama e é tão caridoso quando me magoa constantemente?

- Sarah, onde é que estavas? Eu estava super preocupado contigo! - Michael exclama assim que entro no nosso prédio.

- Fala baixo, se não vais acordar o pai. - aviso. - Estive na praia.

- Estiveste na praia a fazer o quê?

- Precisava de espairecer. - admito. - Discuti com o Luke na discoteca.

- Estás bem? - pergunta preocupado.

- Só preciso de ir dormir. - suspiro.

Despeço-me do meu irmão e vou para o meu quarto. Deito-me na minha cama, enquanto lágrimas me escorrem pela face ao pensar no Luke e nas suas palavras e acabo por adormecer.

Story Of Another Us [1]² ★ 5SOS portugueseOnde histórias criam vida. Descubra agora