Capítulo 1: Casamento arranjado

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Idade Média, século XIII, a fome e a miséria alastravam-se por toda a Europa. Uma família britânica vivia em uma pequena mansão, seriam considerados de sorte se não fosse pela crise que os assolava. O chefe da família era um homem de características robustas, cabelos grisados e algumas rugas pelo rosto, mesmo estando somente com 54 anos.

Ele batia os dedos de forma impaciente na mesa, o olhar penetrante sobre a pouca comida em seu prato. Do outro lado da mesa estava a sua mulher com um semblante preocupado sobre o marido. Ela tinha 37 anos, roupas escuras e recatadas, cabelos negros e longos. A sua atenção, por um curto período de tempo, foi direcionada para a sua filha. Uma jovem de 16 anos, cabelos negros como a noite que tocavam além de sua cintura, o corpo com curvas bem definidas e olhos verdes. Um par de olhos verdes que brilhavam como as mais belas esmeraldas já encontradas.

- Estamos falidos. – O homem resolve quebrar o silêncio, em seguida solta um longo suspiro. – Essa é a nossa ruína...

- Calma, querido. Vamos encontrar um jeito. – A esposa diz gentilmente, na tentativa de confortar o amado.

- CALA A BOCA! – Ele grita deixando todos na mesa assustados. – MAL TEMOS COMIDA PARA COMER, QUEM DIRÁ VENDER PARA OS OUTROS!

A filha dele apenas abaixava a cabeça, não sentia vontade de comer. Não sentia vontade de fazer nada. A vida dela sempre se resumiu em ficar trancada em casa, aprendendo a tocar piano e a ser uma verdadeira dama diante da sociedade. Nunca saiu daquela mansão, o máximo que se aventurou foi no jardim que a rodeava. Aquelas belas flores eram suas únicas amigas.

O almoço era o pior momento, pelo menos para a garota. Quando a tarde chegou, ela saiu para o jardim ajoelhando-se entre algumas margaridas. Os dedos finos dela passaram entre as pétalas frágeis das flores até que ouviu o som de rodas contra o chão, era uma carruagem. Ergueu a cabeça e a observou se aproximar da sua casa. Daquela carruagem saiu uma mulher loira e usando roupas caras, ela estava acompanhada de um jovem. Ele tinha o cabelo loiro, usava roupas tão caras quanto da sua mãe e suas longas botas batiam sobre o piso causando um leve som ao redor.

É só a senhora Goulding e o seu filho, Richard Goulding. – A garota pensa voltando a sua atenção para as flores. Porém, ouviu os passos do garoto se aproximando. Teve que se levantar e dar alguns tapinhas no longo vestido azul claro, ela abriu um sorriso cortês ao vê-lo. Segurou as pontas de seu vestido e fez uma reverência formal.

- Olá, Richard.

- Emily. – Ele apoiava a mão no peito e retribuía a reverência.

Ela ficou sorrindo, aquele típico sorriso forçado que sempre fazia perto de Richard. O jovem tinha dinheiro, isso era inegável, mas a sua arrogância incomodava demais a moça. Emily não ligava para dinheiro e bens materiais, ela só queria alguém para conversar. Alguém que não ficasse se gabando da sua fortuna o tempo todo.

- Fiquei sabendo que seu pai passa por uma terrível crise. – Richard comenta abrindo um leve sorriso sarcástico.

- Hum...

- Isso é comum, a sorte nem sempre brilha para todos. – Diz dando nos ombros e segurava a mão da jovem, depositando um leve beijo no local. – Mas talvez a sorte esteja a seu favor, minha cara Emily.

Ela arqueou a sobrancelha confusa, seus olhos brilhavam refletindo os raios solares daquele belo pôr do sol. Richard apenas deu alguns passos se afastando, disse que precisava ir e deu as costas seguindo o seu caminho de volta para a carruagem. Foi algo tão confuso que a jovem passou longos segundos paralisada, tentando entender o que acabara de acontecer.

A noite chegou, o jantar foi silencioso como de costume. Porém, o homem abriu a boca e pigarreou alto, chamando a atenção de todos ali. A mulher respirou fundo, já sabendo do que se tratava e pela sua expressão não era nada bom.

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